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MONSTERS OF ROCK: DEEP PURPLE

Depois do Helloween, começou de fato a noite dos monstros do rock – levando-se em consideração, inclusive, a propaganda do festival que trazia o que mais pareciam ser dois dinossauros futuristas. E se o septeto alemão teve uma merecida recepção de gala, como o Deep Purple apagaria, no bom sentido, o primeiro incêndio da noite? Bom, aqueles quatro senhores – Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo), Don Airey (teclados) e Ian Paice (bateria) – e o “jovem” da turma – Simon McBride (guitarra) – fizeram bonito, muito bonito. E foi recompensado com a reverência vinda de pista e arquibancada.

O início do show pode ser óbvio, realmente o de sempre, mas quantas bandas podem abrir o set esquentando o público com uma música do quilate de “Highway Star”? A plateia, obviamente, soltou a voz num coro para acompanhar a melodia mais cantável do solo de guitarra, e McBride começou aqui a mostrar que seguiria bem mais do que Steve Morse, seu antecessor, as linhas originais de Ritchie Blackmore.

Deep Purple
Ian Gillan e Simon McBride (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

Talvez pelo fato de, aos 44 anos, ter crescido com a música do Purple, ao contrário de Morse, que entrou para a banda em 1994 com Dixie Dregs e uma carreira solo consolidada nas costas, além do status de um dos melhores guitarristas do mundo – lembremos: depois de ganhar por cinco anos seguidos a eleição de melhor do ano pela Guitar Player, de 1982 a 1986, ele foi considerado hors-concours pela revista. Clique aqui para conferir uma entrevista com Don Airey e saber um pouco mais sobre a saída de Morse e a entrada de McBride.

Resumo da ópera, a dinâmica não foi afetada, e o novo dono das seis cordas trouxe uma nova vida diferente a Gillan e Glover (ambos com 77 anos) e Paice e Airey (74 anos). Mais do que em “Pictures of Home”, sempre bem-vinda, e em “No Need to Shout”, única do excelente “Whoosh!” (2020), último disco de inéditas, isso ficou muito perceptível em “Uncommon Man”, extraída de “Now What?!” (2013) e dedicada ao saudoso Jon Lord. Responsável por uma introdução em forma de solo, McBride mostrou que o seu lado ‘shredder’ – sim, ele é tecnicamente desse nível – não ultrapassa a velocidade permitida por uma banda como o Deep Purple.

Deep Purple
Roger Glover (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

Prova inconteste, “Lazy” – antecedida por uma introdução de Airey, servido, no palco mesmo, com uma taça de vinho de tinto por uma garçom – trouxe o guitarrista irlandês perfeitamente adaptado até mesmo aos improvisos que Glover, Paice e Airey (e antes Lord) sempre fizeram com maestria com quem fosse nas seis cordas. Sem contar um Gillan muito mais confortável com o tom encontrado para músicas que o fizeram ser o “Silver Voice”, além do feeling extraordinário do vocalista na maravilhosa “When a Blind Man Cries”, que, nesta nova fase da veterana banda inglesa, provavelmente ganhou a versão mais bluesy de sua história. Foi de arrepiar.

Agradável surpresa no repertório, “Anya”, do subestimado “The Battle Rages on…” (1993), apresentou à plateia, especialmente a quem tem na ponta da língua apenas os clássicos, uma das melhores melodias de teclado e guitarra da banda. E foi depois dela, já para um Allianz Parque praticamente lotado, que a coisa realmente pegou fogo. Em seu solo, agora sim, Airey fez o de sempre no geral – inserindo a icônica introdução de “Mr. Crowley”, que gravou com Ozzy Osbourne – e o que costuma fazer quando vem aqui – inserir música brasileiro, para o delírio do público.

Dee Purple
Don Airey (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

Desta vez, porém, o tecladista foi além, num medley de colocar um sorriso de orelha a orelha no rosto com “Sampa” (Caetano Veloso), “Brasileirinho” (Waldir Azevedo), “Tico-Tico no Fubá” (Zequinha de Abreu) e “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso). Foi aplaudidíssimo até as primeiras notas de “Perfect Strangers”, que transformaram os aplausos em ovação. Ao longo do show, era possível ver os sorrisos nos rostos de Gillan, Airey e, especialmente, Glover diante daquele mar de gente, mas a música que dá nome ao disco da volta, lançado em 1984, deu novo significado à euforia de quem assistia a uma performance mais do que honesta…

… Era uma apresentação de quem total domínio sobre o que está fazendo e para quem está fazendo. Se “Space Truckin’” ganhou milhares de vozes no refrão “Come on! Come on! Come on! Let’s go space truckin’!”, o que veio a seguir foi de arrepiar mesmo para quem diz que está saturado de “Smoke on the Water”. Ouvir (e se juntar a) aquelas 60 mil vozes para cantar o refrão de um dos maiores clássicos da história da música foi emoção pura, e o sorriso de felicidade (e talvez até incredulidade) de Gillan tornou tudo ainda mais inesquecível.

Deep Purple
Ian Paice (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)

E ainda havia o bis, que começou com “Hush” e o seu “Na, na-na-na; na-na-na, na-na-na” na medida para manter o pique lá em cima – registre-se: Joe South foi quem deu vida à canção, mas quem cuidou foi o Deep Purple. E pai é quem cria… Com a noite já caindo, a saideira veio com “Black Night”, e adivinhe o que aconteceu no “Ô-ô-ô-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô-ô-ô, ô-ô”? Sim, isso mesmo. Foi o desfecho perfeito do show de uma banda a qual devemos agradecer por ainda estar fazendo música e subindo ao palco para nos agraciar com o que de melhor foi e é feito no rock. Atualmente, todo show do Deep Purple a que você assiste pode ser último. Fica a dica. Entendeu?

Setlist
1. Highway Star
2. Pictures of Home
3. No Need to Shout
4. Simon McBride Solo
5. Uncommon Man
6. Lazy
7. When a Blind Man Cries
8. Anya
9. Don Airey Solo
10. Perfect Strangers
11. Space Truckin’
12. Smoke on the Water
Bis
13. Hush
14. Roger Glover Solo
15. Black Night

Deep Purple
Simon McBride (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)
Deep Purple
Ian Gillan (Foto: Rafael Andrade/Roadie Crew)
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