Por Leandro Nogueira Coppi
Fotos: Rafael Andrade (*exceto onde indicado)
Um dos melhores espetáculos da atualidade, sem dúvidas é um show do Helloween. E desde que a gangue dos reis alemães do power metal aumentou com o retorno dos icônicos Michael Kiske e Kai Hansen, essa já é a quarta vez, desde 2017, que o septeto germânico nos honra com seu concerto tão ímpar. E dessa vez havia um sabor especial nessa nova visita da banda ao Brasil, já que foi justamente na terceira edição do Monsters of Rock, realizada lá nos idos de 1996, que o Helloween fez a sua tão esperada (e tardia) estreia no país.
Mantendo a elogiável pontualidade do festival, às 15h a introdução mecânica que anunciava o início do show do Helloween começou a rolar no som mecânico enquanto a mascote Jack O. Lantern surgia nos telões em uma versão mecanizada. A histeria foi geral para essa que sempre foi uma banda respeitada pelos brasileiros. Pena que a aparição dos músicos no palco aconteceu de modo tragicômico. Isso porque a cortina com o logotipo do Helloween, que já não estava lá muito bem estendida, atrapalhou a entrada dos músicos ao demorar absurdamente para terminar de descer. Quando a mesma saiu de cena, Kiske, Hansen, Andi Deris, Michael Weikath, Markus Grosskopf, Sascha Gerstner e Daniel Löble já haviam surgido no palco atacando com Dr. Stein. Outra fator negativo foi que no início da apresentação o som estava um pouco embolado. Sem perder tempo e agora sem Deris no palco, Kiske e Cia. disparam outra porrada do clássico Keeper of the Seven Keys Part II, de 1988: Eagle Fly Free. Nessa, a cozinha formada por Löble e Grosskopf teve grande destaque.
São vários os detalhes que tornam o show do Helloween algo bastante atrativo, até mesmo para quem não é fã. A banda dispõe de um belíssimo palco em que o grande destaque é a abóbora gigante que ornamenta o praticável de bateria de Dani Löble. Além disso, os próprios instrumentos chamam atenção, principalmente as guitarras de design futurista de Gerstner e o baixo em formato de abóbora do não menos simpático Grosskopf, um dos membros originais. Além disso, o show do Helloween ainda proporciona imagens bastante divertidas nos telões que se sincronizam perfeitamente com as músicas que vão sendo tocadas e mostram Jack O. Lantern sempre situações hilárias. Isso sem contar a interação dos músicos com seu público e o bom humor estampado no rosto dos mesmo, que tocam sorrindo o tempo todo – exceto Weikath, que tem um perfil mais compenetrado ao vivo. Voltando ao set, agora sem Kiske e com Deris de volta, foi a vez do público curtir Power. Nessa, foi muito engraçado observar o telão e ver Jack exibindo seus bracinhos musculosos e um par de halteres ao seu redor.
Devemos lembrar que atualmente o Helloween divulga o seu homônimo e mais recente álbum de estúdio, lançado em 2021, no entanto, o grupo priorizou os clássicos em seu setlist. Tanto é que antes da próxima música Deris perguntou aos fãs se eles estavam interessados em ouvir “heavy metal ‘old school'”. Com o público estando de acordo, o frontman deixou o palco para Hansen detonar nos vocais de trecho de Ride the Sky e em Heavy Metal (Is the Law), dobradinha essa pertencente ao álbum de estreia do Helloween, Walls of Jericho, de 1985, época em que o guitarrista era também o vocalista único do grupo.
Com os dois vocalistas principais de volta, agora sentados em cadeiras por alguns instantes, o Helloween emocionou os fãs com a execução de Forever and One (Neverland), música do álbum The Time of the Oath, de 1996, que foi o segundo trabalho de Deris na banda em substituição de Michael Kiske, e que foi dedicado ao ex-baterista Ingo Schwichtenberg, que no ano anterior cometeu suicídio – nessa, aliás, Hansen, ficou atrás de Löble filmando o público com seu celular. Em seguida, mais uma vez o público se arrepiou quando o teclado sampleado deu início a outra power ballad: If I Could Fly.
O momento seguinte do show foi propício para Sascha Gerstner brilhar. Sozinho no palco ele fez um breve, melódico e bem climático solo. Em seguida, ele e seus parceiros mandaram a curta e agradável Best Time, música com certo viés retro-wave de autoria do próprio Sascha em parceria com Deris. Única música do repertório pertencente ao novo álbum, Helloween, essa tem uma divisão vocálica no refrão em que uma frase paralela é exclusivamente cantada pelo próprio Sascha.
Para o desfecho de sua apresentação, o Helloween reservou dois de seus maiores sucessos. O primeiro deles, como sempre bastante comemorado pelos fãs, foi Future World. Antes do próximo, Löble entreteve o público com um breve solo, depois disso, o restante da banda retornou ao palco e, sob chuva de balões laranjas estampados de um lado com a cara de Jack e do outro com a face de uma irônica abóbora de Halloween, festejou com todo o estádio ao som da queridinha dos fãs, a atemporal I Want Out. Jamais haverá melhor opção para o Helloween encerrar seus shows do que esse hino do power metal!
Por ser um festival, o Helloween teve apenas 55 minutos de palco, mesmo assim, entregou ao público um dos melhores shows do festival. E é aquilo, quando um show é rápido e deixa um gostinho de quero mais, é claro que atendeu as expectativas!
Setlist
Intro (Halloween)
- Dr. Stein
- Eagle Fly Free
- Power
- Ride the Sky
- Heavy Metal (Is the Law)
- Forever and One (Neverland)
- If I Could Fly
- Solo de guitarra (Sascha Gerstner)
- Best Time
- Future World
- I Want Out