Por Leandro Nogueira Coppi
Fotos: Andre Santos
Embora a edição de 2025 do Monsters of Rock tenha celebrado os 30 anos do festival, na verdade ele completou 31 anos desde sua estreia no Brasil. Quem, como este repórter, esteve na primeira edição – realizada no estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, em 27 de agosto de 1994 -, certamente se lembra da emoção de ver o país receber um dos festivais internacionais mais tradicionais do rock e do heavy metal. KISS, Slayer, Black Sabbath, Suicidal Tendencies e os brazucas do Angra, Viper, Dr. Sin e Raimundos foram as bandas que cortaram a fita de inauguração do Monsters of Rock. Desde então, já são oito edições realizadas.
A escolha das bandas para este ano reforçou o caráter nostálgico da celebração, com artistas que marcaram época e ajudaram a moldar o som pesado ao longo das décadas. O público, com muitos fãs que acompanharam boa parte dessa trajetória, demonstrou entusiasmo no último dia 19 de abril, no estádio Allianz Parque, com os shows do Stratovarius, Opeth, Queensrÿche, Europe e de três veteranos do festival: Savatage, Judas Priest e Scorpions.
Quanto à produção do festival, mais uma vez foi impecável em termos de estrutura e acomodação para o público – apesar dos preços elevados de alguns produtos, como o copo oficial do Monsters, vendido por R$ 30,00, e ainda por cima vazio, ou seja, sem o “mé”. Por outro lado, emocionaram o público ao exibirem nos telões uma homenagem a músicos que já nos deixaram – incluindo nomes brasileiros de grande importãncia para a nossa história.
Antes de cada show, os mestres de cerimônia Walcir Chalas (proprietário da histórica loja Woodstock Discos e ex-apresentador do programa Comando Metal, na rádio 89 FM) e Tatola Godas (apresentador da mesma emissora) subiam ao palco para relembrar momentos de outras edições do Monsters of Rock e anunciar as atrações. Após as honrarias, pontualmente às 11h30 da manhã, começou a tocar no som mecânico do Allianz Parque a introdução que precedeu a apresentação dos finlandeses do Stratovarius, uma das bandas de heavy metal que mais vezes se apresentaram no Brasil. Timo Kotipelto (vocal), Matias Kupiainen (guitarra), Lauri Porra (baixo), Jens Johansson (teclado) e Rolf Pilve (bateria) estavam de volta ao país apenas dois anos depois de terem participado da edição de estreia do Summer Breeze Brasil – agora rebatizado como Bangers Open Air.
Kotipelto foi o último a surgir no palco – e também o mais ovacionado pelo público. Quem esperava que o quinteto abrisse o show com a faixa-título de seu álbum mais recente, Survive (2022), como havia feito no Summer Breeze, acabou surpreendido pela escolha da acelerada Forever Free, do aclamado Visions, lançado em 1997. Curiosamente, pouco antes da entrada da banda, Walcir Chalas havia exibido uma bandeira justamente com a arte da capa de Visions, como um prenúncio do que viria a seguir. Quanto ao repertório, em comparação com o apresentado no Summer Breeze, desta vez o setlist estava mais enxuto e, de fato, com algumas modificações.
Shows de banda de abertura costumam sofrer com uma qualidade de som inferior no início, já que os técnicos ainda estão ajustando os equipamentos de acordo com a acústica do local e a presença do público. Mas esse não foi o caso do Stratovarius: o grupo contou com um som redondo e bem equilibrado do começo ao fim.
Dando prosseguimento, Kotipelto, Kupiainen, Porra (não ria, não tenho culpa se Lauri carrega esse sobrenome), Johansson e Pilve emendaram a clássica Eagleheart, música de abertura do álbum Elements Pt. 1, de 2003. Nessa, foi acachapante assistir o duelo de solos entre Kupiainen e Johansson – técnica e melodia em perfeita harmonia.
Antes da próxima, o carismático Kotipelto perguntou em português: “Tudo bem, São Paulo?” Em seguida, em inglês, disse: “Estamos bastante honrados em poder tocar neste festival lendário especialmente para vocês. Obrigado por apoiarem o Stratovarius por tantos anos”. E anunciou a primeira do último álbum: World on Fire. Revisitando o álbum Episode, de 1996, o grupo mandou Speed of Light. Mas a vibração do público foi ainda maior com Paradise, mais um clássico de Visions.
“De volta para o futuro”, agora sim a banda tocou aquela que havia usado para abrir sua apresentação no Summer Breeze: a pesada Survive, segunda do repertório representando o “novo” álbum do Strato. Nessa, Kupiainen mandou um solo de arrepiar! Na sequência, Kotipelto deixou o palco brevemente e, para surpresa de muitos, a banda começou a tocar Eternity, música de Episode – com uma pegada bem Queensrÿche, inclusive no vocal de Kotipelto. Apesar de não ser presença constante nos setlists do grupo, foi uma grata surpresa. Particularmente, foi uma das que mais curti ao vivo.
O público ficou ainda mais em polvorosa quando Jens Johansson deu início a outro clássico do Stratovarius: Black Diamond. Infalível ao vivo, ainda mais com a performance de Johansson e Kupiainen nos solos altamente inspirados pelo neo-clássico. Foi legal no final dessa ver Kupiainen, Kotipelto e Porra na ponta da rampa (já pedi para você não rir), interagindo mais próximos dos fãs. E por falar em Lauri, lá estava ele com seu colete jeans cheios de patches de bandas como The Who, Kreator, Megadeth e várias outras.
Antes de Unbreakable, Timo Kotipelto perguntou sobre o tempo à alguém da produção. O show caminhava mesmo para o final. Aliás, só havia tempo para mais uma, e, com Johansson usando uma bandeira do Brasil na frente de seu teclado, a despedida foi com aquela que o público mais aguardava e certamente a que mais agitou: Hunting, High and Low.
No fim das contas, a apresentação do Stratovarius no Monsters of Rock 2025 foi um belo exemplo de como experiência, carisma e competência podem transformar até um show de abertura em um dos pontos altos de um grande festival. Com um repertório que equilibrou clássicos e faixas mais recentes, som de qualidade e uma execução impecável, os finlandeses deixaram o palco sob aplausos calorosos — e com a certeza de que, mais uma vez, fizeram valer sua longa relação com o público brasileiro. Ficou claro que, com ou sem o guitarrista Timo Tolkki – que deixou a banda em 2008 -, o Stratovarius ainda é um dos grandes nomes do heavy metal melódico mundial.
Stratovarius setlist:
Forever Free
Eagleheart
World On Fire
Speed of Light
Paradise
Survive
Eternity
Black Diamond
Unbreakable
Hunting High and Low
Confira a cobertura dos outros shows do Monsters of Rock
Scorpions | Judas Priest | Europe | Savatage (em breve) | Queensrÿche (em breve) | Opeth (em breve)
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