Apesar de só ter sido noticiado há poucos instantes, faleceu na última terça-feira (9) o lendário Chick Corea, famoso pianista e tecladista de jazz, associado ao fusion. Nascido Armando Anthony “Chick” Corea, em 1941, o famoso músico americano que influenciou artistas dos mais diversos estilos (inclusive no Brasil) e que foi ganhador de 23 prêmios do Grammy – indicado ao mesmo por mais de 50 vezes -, infelizmente perdeu a batalha contra um câncer.
A informação dada em seu Facebook oficial, diz:
“É com grande tristeza que anunciamos que no dia 9 de fevereiro Chick Corea faleceu, aos 79 anos, de uma forma rara de câncer, que só foi descoberta muito recentemente.
Ao longo de sua vida e carreira, Chick desfrutou da liberdade e da diversão de criar algo novo e de jogar os jogos que os artistas fazem.
Ele era um marido, pai e avô amado, e um grande mentor e amigo de muitos. Através de seu trabalho e das décadas que passou viajando pelo mundo, ele tocou e inspirou a vida de milhões.
Embora ele fosse o primeiro a dizer que sua música dizia mais do que as palavras jamais poderiam dizer, ele tinha esta mensagem para todos aqueles que conhecia e amava, e para os que o amavam: “Quero agradecer a todos aqueles ao longo da minha jornada que ajudaram a manter o fogo da música aceso. É minha esperança que aqueles que têm a ideia de tocar, compor, atuar ou outra coisa, o façam. Se não por você, então pelo resto de nós. O mundo não precisa apenas de mais artistas, mas também de muita diversão. E para meus incríveis amigos músicos, que são como uma família para mim desde que eu os conheço: foi uma bênção e uma honra aprender e tocar com todos vocês. Minha missão sempre foi levar a alegria de criar em qualquer lugar que eu pudesse, e ter feito isso com todos os artistas que eu admiro tanto – esta tem sido a riqueza da minha vida.”
A família de Chick certamente apreciará de sua privacidade durante este momento difícil de perda.”
Você leitor deve estar se perguntando, ‘O que um músico de jazz tem a ver com o mote da ROADIE CREW, que é heavy metal e classic rock?’. O fato é que Chick Corea era respeitado por diversos músicos da música pesada.
O renomado tecladista brasileiro José Cardillo, atual Maestra e ex-Eterna, Holy Sagga, Engrave, Portrait e Abstract Shadows, falou com exclusividade à ROADIE CREW sobre a perda de Chick Corea e sua relevância na música.
“Sem dúvida, uma perda significativa e irreparável para a música, tanto no gênero jazz/fusion, como na música de uma forma geral”, afirmou. “Com composições extremamente elaboradas harmônica, rítmica e melodicamente dizendo, ele foi um ícone de uma geração de músicos que primava pela ousadia, complexidade e pelo estudo extremo, não só do seu instrumento (piano e teclado), como a interação com outros grandes músicos com quem trabalhou, como Stanley Clarke, Al Di Meola, Frank Gambale, Dave Weckl, John Patitucci, Scott Henderson, entre outros, tanto na Return to Forever, Chick Corea Electrik Band, como em outros trabalhos”, explicou.
Cardillo também falou de como a música de Chick Corea afetou de alguma forma a sua carreira. “Como tecladista e professor, pude perceber o valor de sua obra na linguagem que ele criou para o instrumento. Tanto na linguagem mais moderna e complexa para o ‘piano jazz’, como na preocupação com timbragens e sonoridades, até então, inéditas no gênero, utilizando instrumentos como Mini-Moog, Rhodes e diversos sintetizadores que para muitos foi uma revolução para o gênero musical na época – principalmente nos anos 1970. A obra desse gênio deve ser reconhecida e exaltada, pois serviu de padrão para técnicas que puderam ser adaptadas para outros estilos, como no meu caso (progressivo, rock e heavy) não só nas composições, como padrões de dedilhados, blocamentos de acordes, contrapontos e cadências rítmicas. Um música que sem dúvida tem um imenso valor para todos os músicos que buscam a excelência em seus instrumentos, não somente os pianistas e tecladistas”.
Nesta quinta-feira (11), diversos músicos prestaram suas homenagens nas redes sociais em memória de Chick Corea.
Jordan Rudess, tecladista do Dream Theater, disse: “Descanse em paz, Chick Corea, lendário pianista, mestre da técnica e composição, cujas melodias alcançavam fundo e agarravam nossas almas coletivas. Sentiremos falta, mas seu legado continua vivo nos incontáveis músicos que foram influenciados pela sua mágica”.
RIP @ChickCorea, legendary pianist, master of technique and composition whose melodies reached down and grabbed our collective souls. You will be missed but your legacy lives on in the countless musicians who were influenced by your magic. Here are the first few bars of SPAIN. pic.twitter.com/TKN0CBdbvF
— Jordan Rudess (@Jcrudess) February 11, 2021
O tecladista do Yes, Geoff Downes, escreveu: “É triste saber que perdemos outra lenda icônica do teclado – Chick Corea. Assisti Return to Forever na Universidade de Leeds quando eu era um estudante no início dos anos 70 com o incrível line up com Stanley Clarke, Al Di Meola e Lenny White. Foi um show absolutamente alucinante”.
Sad to hear we’ve lost another iconic keyboard legend – Chick Corea. ??? Saw ‘Return To Forever’ at Leeds University when I was a student early 70’s with the amazing lineup of Stanley Clarke, Al Di Meola & Lenny White. Absolutely mind blowing gig that was. #rip
— Geoffrey Downes (@asiageoff) February 11, 2021
Joe Cangelosi, baterista conhecido no thrash metal por seus trabalhos com Kreator e Whiplash, comentou: “Obrigado, Chick Corea, por todas as músicas excelentes com que você nos abençoou. Meu coração está partido. Minhas condolências aos amigos e à família”.
Kiko Loureiro (Megadeth) agradeceu Corea por sua música e legado, e gravou um curto vídeo tocando guitarra em sua homenagem:
A carreira de Corea começou na década de 1960, trabalhando com músicos de jazz como Stan Getz e Herbie Mann, antes de se juntar a Miles Davis no final dos anos 60. Ele apareceu em álbuns de Davis como In A Silent Way (1969), Bitches Brew (1970), Jack Johnson e Live-Evil (ambos de 1971).
Em 1972, Corea lançou o álbum Return to Forever, que por sua vez se tornou a banda Return to Forever, com Stanley Clarke no baixo, Joe Farrell na flauta e saxofone, e o casal de brasileiros Airto Moreira na bateria e Flora Purim nos vocais. Hymn Of The Seventh Galaxy, de 1973, trazia Lenny White na bateria e Bill Connors na guitarra. Connors foi substituído por Al Di Meola em Where Have I Know You Before, de 1974. A formação “clássica” da banda também lançaria No Mystery (1975) e Romantic Warrior (1976), que ganhou Disco de Ouro, porém depois disso Corea mudou o line up.
Corea foi o quarto músico mais indicado na história do Grammy (63 vezes), tendo ganho 23 prêmios, sendo o último de Melhor Álbum de Jazz Latino por Antidote no ano passado. Ele também trabalharia com nomes como Herbie Hancock, Chaka Khan e outros.
Em 2008, Chick Corea reformou o clássico Return To Forever para uma turnê mundial de sucesso e celebrou seu 75º aniversário em 2016 tocando com mais de 20 grupos diferentes, entre eles o colega pioneiro de fusion John McLaughlin, durante um estande de seis semanas no Blue Note Jazz Club em Nova York.
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