Faleceu no último sábado (24) Lee Rauch, baterista dos primórdios do Megadeth. O único trabalho registrado por Rauch na banda de Dave Mustaine foi a demo Last Rites, lançada no dia 09 de março de 1984, contendo três músicas, Last Rites/Loved to Deth, Mechanix e The Skull Beneath the Skin – todas elas integraram o álbum de estreia do Megadeth, Killing is My Business… And Business is Good!, que saiu no ano seguinte.
A confirmação da morte de Lee Rausch veio de seu próprio irmão, Chris Rausch, que emitiu o seguinte comunicado nas redes sociais, sem informar a causa:
“Hoje é um dia muito triste, perdemos meu irmão William Lee Rauch. Lee era um homem de muita fé, então eu sei que ele agora está com Deus. Ele foi um baterista incrível, que ajudou a lançar um dos maiores nomes do metal na história, sendo o primeiro baterista do Megadeth, tocando ao lado de Dave Mustaine, Kerry King e David Ellefson. Seu coração estava decidido a torná-lo grande e chegou muito perto inúmeras vezes. Lee era um indivíduo muito amoroso, generoso e era muito trabalhador, ele continuou a tocar bateria mais tarde em sua vida para a Igreja que o fez feliz. Era um filho amoroso e um homem muito honrado.
Acima de tudo, ele era meu irmão e, embora eu nem sempre mantivesse contato da maneira que deveria, eu o amava muito e ele fará muita falta. Te amo irmão, boa jornada. Espero que você goste dessa configuração (de bateria) que eles têm aí em cima para você, mano. Aposto que não é tão grande quanto seu kit azul era (risos)”.
Para familiares, amigos e fãs, Chris falou a respeito do velório do irmão: “Haverá um velório para o Lee. Quando tivermos data e horário eu vou informar aqui. Por favor, mantenha nossa família em suas orações”.
Por uma triste coincidência, três músicos que fazem parte da história do Megadeth já faleceram, todos eles bateristas. O primeiro deles foi o próprio substituto de Rauch no grupo, Gar Samuelson, que morreu em julho de 1999; o segundo foi Nick Menza, que nos deixou em maio de 2016.
Em sua biografia “Mustaine – Memórias do Heavy Metal”, lançada há 10 anos, Dave Mustaine descreveu Lee Rauch, após explicar a demissão do baterista anterior, Dijon Carruthers: “Em seguida, entrou um baterista chamado Lee Rauch, outro cara estranho que tocava bastante bem, mas que tinha alguns problemas sérios de personalidade. O apelido de Lee era “Retardado”, então dá para imaginar provavelmente como ele era, e falava sempre sobre seu fascínio pelo satanismo. Bom, por causa do meu passado e dos anos que passei me aventurando com bruxaria e magia negra, sabia o que se envolvia nesse tipo de coisa. E isso mudou completamente o que eu achava desse cara. Sabia que não poderia tocar junto com ele por muito tempo. Apesar de não ser cristão, sabia com certeza que não queria ser satanista, nem revisitar o assunto, mesmo casualmente”.
Mustaine também recordou no livro a tensão para o primeiro show do Megadeth em São Francisco, justamente pelo próprio Lee Rauch ter fraturado o pé alguns dias antes. “Fodidos e correndo por nossas vidas (era o que pensávamos), a gente deu uma trombada um contra os outros na porta da saída (da casa de shows), fazendo que Lee Rauch caísse e quebrasse o pé. Nosso primeiro show em San Francisco ia ser uma semana depois e Lee naturalmente queria cancelar, mas eu o convenci a não fazer isso”.
O líder do Megadeth recordou que sugeriu a Lee retirar o gesso quando fosse hora do show e engessasse de novo no dia seguinte. “Mas quando Lee tirou o gesso, seu pé estava preto, tão fodido que não dava para reconhecer”. Mal sabia Lee que aquele era seu último “passo” com o Megadeth. Ele concordou a subir no palco mesmo com o pé em frangalhos. “Lee concordou, subiu no palco e fez um trabalho louvável. Mais do que isso, na verdade. Quero dizer, não é fácil tocar sentindo dor. Lee era um dos caras mais durões que já conheci. O incidente teve um efeito nele, apesar de tudo. Ou talvez tenha sido outra coisa. Não sei, mas assim que chegamos em Los Angeles, Lee anunciou que ia sair para se encontrar, procurar algum significado mais profundo na vida. A última vez que o vi, ele estava entrando em seu carro, cantando em voz alta e agindo como o cara mais feliz do mundo. Nunca mais falei com ele”.
Após o Megadeth, Lee Rauch passou ainda pelo lendário Dark Angel e também por Artillery (não confunda com a banda dinamarquesa de thrash metal de mesmo nome), Grimace e Wargod.
Confira abaixo show do Megadeth no lendário Keystone, em Berkeley, Califórnia, quando Lee Rauch e Kerry King ainda faziam parte da banda:
Demo Last Rites, gravada pelo Megadeth em trio, com Dave Mustaine, David Ellefson e Lee Rasch.
A ROADIE CREW agora tem um canal no Telegram!
Participe para receber e debater as principais notícias do mundo do metal