Dormindo pacificamente, faleceu, aos 73 anos de idade, o hábil guitarrista Peter Green, que fez parte da primeira encarnação do Fleetwood Mac, em uma carreira abreviada por drogas e doenças mentais. A notícia foi dada hoje (25) por um escritório de advocacia que representa a família de Green. Nos próximos dias, uma declaração adicional será emitida pelo escritório.
Para alguns admiradores, Peter Green foi o melhor dos guitarristas britânicos dos anos 1960. A lenda do blues BB King disse certa vez que Green “tem o tom mais doce que eu já ouvi. Ele foi o único que me fez suar frio”.
Mick Fleetwood, disse em uma entrevista à Associated Press em 2017 que Green merece a maior parte do crédito pelo sucesso da banda. “Peter foi perguntando por que ele chamou a banda de Fleetwood Mac. Ele disse: ‘Bem, você sabe que eu pensei que, talvez, eu continuasse em algum momento e queria que Mick e John (McVie) tivessem uma banda’. Fim da história, que explica o quão generoso ele era”, contou Fleetwood, que descreveu Green como um destaque em uma era de ótimos trabalhos de guitarra.
De fato, Green era tão fundamental para a banda, que nos primeiros dias ela era chamada de Peter Green’s Fleetwood Mac. Peter Allen Greenbaum nasceu em 29 de outubro (mesma data deste repórter) de 1946, em Londres. O presente de uma guitarra barata colocou Green, de 10 anos, no caminho musical. Mal entrou na adolescência quando teve sua primeira grande chance, em 1966, substituindo Eric Clapton no Bluesbreakers de John Mayall – inicialmente por apenas uma semana em 1965, depois que Clapton decolou abruptamente para um feriado grego. Clapton desistiu logo depois e Green entrou em seu lugar. No Bluesbreakers, Green se reuniu com Mick Fleetwood. Mayall logo depois adicionou o baixista McVie.
Os três partiram no ano seguinte, formando o núcleo da banda, inicialmente anunciada como Peter Green’s Fleetwood Mac featuring Jeremy Spencer. Quando o Fleetwood Mac se popularizou, Green se tornou cada vez mais irregular, até mesmo paranoico. As drogas tiveram papel fundamental nisso.
Em uma turnê na Califórnia, Green se familiarizou com Augustus Owsley Stanley III, um notório fornecedor de LSD para o Grateful Dead e Ken Kesey, o anti-heroi do livro de Tom Wolfe, The Electric Kool-Aid Acid Test. “Ele estava tomando muito ácido e mescalina na mesma época em que sua doença começou a se manifestar cada vez mais”, revelou Fleetwood em 2015. “Estávamos inconscientes sobre o que era a esquizofrenia naquela época, mas sabíamos que algo estava errado”.
Green Manalishi, o último single de Green para a banda, coverizado pelo Judas Priest, refletiu sua angústia. Em uma entrevista com Johnny Black para a revista Mojo, Green disse: “Eu estava sonhando que estava morto e não podia me mexer, então lutei para voltar ao meu corpo. Acordei e olhei em volta. Estava muito escuro e me vi compondo uma música. Era sobre dinheiro. O “Manalishi Verde” é dinheiro”, explicou.
Em algumas de suas últimas aparições com a banda, Green usava uma túnica de monge e um crucifixo. Temendo que ele tivesse muito dinheiro, tentou persuadir outros membros da banda a doar seus ganhos para instituições de caridade.
Green deixou a banda em 1971. Em 1977, ele ficou confinado em um hospital psiquiátrico após um incidente com seu manager. Testemunhas no tribunal disseram que Green pediu dinheiro ao seu manager e ameaçou atirar pelas janelas do escritório. Green foi libertado no final do mesmo ano e casou-se no ano seguinte com a canadense Jane Samuels. Eles tiveram uma filha, Rosebud, e se divorciaram em pouco tempo. Ele também é pai de Liam Firlej.
Peter Green voltou a se apresentar nos anos 1990 com o Peter Green Splinter Group. Em 1998, ele foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame, juntamente com outros membros antigos e atuais do Fleetwood Mac.
Edições avulsas, assinatura física e digital.
Conheça a nossa Roadie Crew Shop – acesse https://roadiecrew.com.br/roadie-shop
Apoie nosso jornalismo com uma contribuição de qualquer tamanho.
Seu apoio ajuda a continuarmos melhorando o conteúdo do site com entrevistas exclusivas, resenhas de shows, notícias e artigos. Toda contribuição, por maior ou menor que seja, é muito valiosa para nós. Clique em Doações
