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MR. BIG & WINGER

Quarenta e oito horas depois de o Arch Enemy debutar no Rio de Janeiro, foi a vez de o Mr. Big, em sua terceira passagem pelo Brasil, estrear na cidade. E trazendo a tiracolo o Winger, nome que sustentao status de “convidado especial” – exatamente, é muito mais do que apenas uma banda de abertura. Apesar do receio inicial de que a Fundição Progresso seria grande demais para o evento – talvez o Circo Voador, logo em frente, fosse mais apropriado –, raras vezes foi tão bom ver uma expectativa ser frustrada. Se não lotou o local, o público de aproximadamente 3.000 pessoas marcou boa presença numa noite de domingo com tudo absolutamente pontual. Felizmente.

As 19h30m em ponto, Kip Winger, Reb Beach, Rod Morgenstein e Donnie Smith (no lugar de John Roth, em turnê com o Starship) subiram ao palco para uma apresentação que só não foi impecável por causa dos excessos – leia-se solos individuais. Com apenas uma hora de show pela frente, a quebra para as demonstrações de domínio técnico na bateria e na guitarra foram mais do que nunca desnecessários. Todos sabemos que Morgenstein e Beach são músicos extraordinários, e eles demonstram isso durante as próprias músicas – mesmo Smith teve espaço para brilhar, no mesmo papel de Roth (no Blues em que se transforma a parte final de “Down Incognito”, por exemplo).

Então, vamos às músicas. A primeira metade, aliás, foi um bom apanhado de cada disco lançado pela banda, à exceção do completamente ignorado “IV” (2006).Do começo com “Midnight Driver Of A Love Machine” – de “Better Days Comin’” (2014) – a “Down Incognito” – infelizmente, a única de “Pull” (1993) – o novo Winger, também na pele de Pull Me Under – de “Karma” (2009) –,continua casando muito bem com clássicos dos anos 80, aqui representados por “Easy Come Easy Go” e “Hungry”, de “In The Heart Of The Young” (1990) e “Winger” (1988), respectivamente. Resumo de toda a salada envolvendo canções, discos e datas: ao vivo esses caras são não apenas melhores do que em estúdio. Eles são sensacionais! E tem jogador de dardo (e dublê de baterista) que gostaria de ter 10% do talento de Kip Winger. E como canta esse sujeito, sabia?

Com uma breve exaltação a Beach, “que mais uma vez trouxe riffs matadores na hora de gravar”, Kip anunciou a rápida “Rat Race”, outra do álbum mais recente, uma antítese da dupla de hits que viria a seguir. “Miles Away” e “Headed For A Heartbreak” (com Smith no baixo, enquanto Kip pilotava os teclados) colocaram o público para cantar, principalmente a primeira, e ficar de queixo caído com Beach e Morgenstein, mais precisamente no fim da segunda – então, qual a necessidade de solos individuais?

Para muita gente, o show acabara aqui, apesar de os três clássicos que vieram a seguir – “Can’t Get Enuff”, “Madalaine” e “Seventeen” – terem feitos os fãs novamente soltarem a voz. E seria para estes que acompanham a banda ontem, hoje e sempre um repertório mais bem pensado para um show reduzido. “Rainbow In The Rose”, “Better Days Comin’”, “Loosen Up”, “Blind Revolution Mad”, “Junkyard Dog (Tears On Stone)”, “In For The Kill”, “Deal With The Devil”… Aumente a lista a seu critério e escolha duas músicas que poderiam ter ocupado os números 7 e 12 que do setlist que você encontra no pé desta matéria. O Winger foi ótimo, mas poderia ter sido excelente.

Exatos e programados 30 minutos depois, o Mr. Big deu as caras com “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, uma amostra perfeita do que estava por vir: grandes canções, execuções (quase) impecáveis e a participação ativa do público apenas no material antes da volta em 2009. O fato de a grande maioria do público não estar familiarizada com os dois últimos trabalhos – “What If…” (2011) e “… The Stories We Could Tell” (2014) – acabou esfriando o show em vários momentos, afinal, foram nada menos que dez músicas extraídas de ambos. E após a euforia inicial, veio a contemplação diante de “Gotta Love The Ride”, “American Beauty” e “Undertow”, todas excelentes, mas que acabaram, para quem esperava apenas hits e clássicos, servindo de pano de fundo para a observação “olha só como esses caras tocam!”

A banda parece ciente disso, o que torna ainda mais louvável o fato de não querer viver apenas do passado. É possível trazê-lo para o presente sem ser soar saudosista, como o duelo entre Paul Gilbert e Billy Sheehan que deixou todos de boca aberta, músicos ou não, antes de “Alive And Kickin’”, música que voltou a esquentar o público. Foi também o começo da participação de Pat Torpey, sempre reverenciado por Eric Martin, na percussão e nos backing vocals. Convidado a comandar as baquetas depois que o titular do banquinho revelou estar com Parkinson, o ótimo Matt Starr mostrou desenvoltura e entrosamento, mas o vocalista escolheu bem as palavras em entrevista publicada na edição #193 da ROADIE CREW. Nada soa como Torpey, e isso já havia ficado claro em “American Beauty”.

Entre “I Forget To Breathe”, “The Monster In Me” e “As Far As I Can See”, sobrou um momento de alienação até mesmo na espetacular “Out Of The Underground”, de “Hey Man” (1996) – senti-me um extraterreste ao perceber que era o único cantando num raio de muitos metros. Bom, o azar não foi meu. Mas estavam lá “Rock & Roll Over” e, principalmente, “Take Cover”, “Green-Tinted Sixties Mind” e “Wild World” para acender novamente a chama. Ou mantê-la acesa, porque em seguida a mistura entre o novo e o velho veio no primeiro momento mais emotivo da noite. “East/West”, escrita por Torpey e originalmente chamada “Here’s To Everything”, contou com o baterista à frente do palco, ao lado de Martin, e na sequência ele assumiu o lugar que é seu por direito.

E foi especial assistir a Torpey tocando “Just Take My Heart” e “Fragile”.Um pouco difícil no início, por causa da visível limitação física, mas foi um início que durou poucos segundos. A técnica e a precisão continuam intactas, compensando a pegada prejudicada por sua condição, e o sorriso de satisfação transbordava verdade. Com Starr de volta, “Around The World” deixou a plateia novamente estática, mas no lugar certo para ver Sheehan mostrar que não é deste planeta, pois o que ele faz com o baixo fica muito além da capacidade humana. Gilbert retorna para mais um duelo de cordas, dando a deixa para “Addicted To That Rush”, outra da série “solte a sua voz” (o coro “oohooh” facilita o trabalho), e o consequente fim do show. Claro, antes do bis.

“To Be With You”, a música do Mr. Big que qualquer um conhece, mesmo aqueles que não conhecem a banda, teve a recepção esperada, mas acabou ofuscada pela apresentação da banda. Na verdade, pelo momento em que Martin apresentou Torpey. A ovação foi emocionante, e dá para jurar que os olhos do batera ficaram marejados. O bis, por sua vez, seguiu o roteiro: mais uma nova, “The Light Of Day”, ao lado de um clássico, a arrasa-quarteirão “Colorado Bulldog”, e… Parágrafo à parte.

Com Martin no baixo, Gilbert na bateria, Sheehan e Starr nas guitarras, e Torpey nos vocais, “Living After Midnight” botou a Fundição abaixo, deixando a escolha do cover – do Judas Priest ou de qualquer outra banda – em segundo plano para quem poderia reclamar que em seu lugar poderia estar algo próprio. Afinal, o derradeiro fim da apresentação veio com “Mr. Big”, canção do Free que batizou o grupo e foi regravada em “Bump Ahead” (1993). Ou seja, um daqueles casos de correta apropriação. A música já é originalmente boa demais, mas ficou ainda melhor. Não somente pelo show particular de Gilbert e Sheehan, mas pelo prazer que foi ver Torpey tocá-la lick por lick, virada por virada, quebrada por quebrada. Para o fã, um momento único, realmente especial – e não foram apenas os olhos do batera que ficaram marejados naquela noite de domingo. Discussões sobre o setlist sempre vão existir, mas o resumo da ópera é simples: que espetáculo!

Setlist – Mr. Big:
1. Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)
2. Gotta Love The Ride
3. American Beauty
4. Undertow
5. Alive And Kickin’
6. I Forget To Breathe
7. Take Cover
8. Green-Tinted Sixties Mind
9. Out Of The Underground
10. Paul Gilbert Guitar Solo
11. The Monster In Me
12. Rock & Roll Over
13. As Far As I Can See
14. Wild World
15. East/West
16. Just Take My Heart
17. Fragile
18. Around the World
19. Billy Sheehan Bass Solo
20. Addicted to That Rush
Bis
21. To Be With You
22. Colorado Bulldog
23. Living After Midnight
24. The Light Of Day
25. Mr. Big

Setlist – Winger:
1. Midnight Driver Of A Love Machine
2. Easy Come Easy Go
3. Hungry
4. Pull Me Under
5. Down Incognito
6. Rat Race
7. Rod Morgenstein Drum Solo
8. Miles Away
9. Headed For A Heartbreak
10. Can’t Get Enuff
11. Madalaine
12. Reb Beach Guitar Solo
13. Seventeen

 

 

 

 

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