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MYTHOLOGICAL COLD TOWERS E JUPITERIAN

Para uma pessoa comum seria um belo domingo de sol para passar a tarde ao ar livre em São Paulo, mas o contrassenso apontou para o caminho da discordância. O Dissenso Lounge, localizado no bairro do Bom Retiro, na região central de São Paulo, recebeu um evento com um dos maiores nomes do Doom Metal brasileiro, o Mythological Cold Towers, e o Jupiterian. Os grupos realizaram naquele espaço, ainda não tão conhecido, a despedida para a turnê pela Europa, onde, inclusive, se apresentarão no festival “Dutch Doom Days”, em Rotterdã (HOL), ao lado de nomes como Sahg, Mourning Beloveth, Monolithe, Jess & The Ancient Ones, Officium Triste, Taiwaz e outros. “A tour veio em um ótimo momento porque lançamos o ‘Aphotic’ no fim do ano passado, tivemos a oportunidade de tocar no Chile em abril e agora encerraremos o ciclo do álbum na Europa”, observou V, vocalista e guitarrista do Jupiterian. “Participar disso ao lado do Mythological Cold Towers, uma das bandas fundamentais do Doom Metal como estilo, é uma honra. Tenho certeza que ambas farão grandes shows no velho continente”, acrescentou.

Espaço multifuncional, o Dissenso Lounge fica no quarto andar de um prédio em que ainda há um estúdio de gravação. Toda a sua área foi bem utilizada e os que compareceram tiveram à disposição, além do palco, as mesas de merchandising e o bar. Detalhe: tudo com ótima funcionalidade.

Após a discotecagem condizente com o pacote do dia, o Jupiterian entrou em ação. Quem ainda não conhece a banda, criada em 2013, pode até estranhar o visual e o som arrastado praticado por V (vocal e guitarra), A (guitarra), R (baixo) e G (bateria), que iniciaram o set com Archaic, faixa do EP homônimo de 2014. Tendo inspiração em H.P. Lovecraft e no culto aos deuses antigos e cósmicos, o Jupiterian é baseado em uma ideia de uma civilização primitiva que louva deuses primitivos. Daí, o backdrop estampar o símbolo Jupiterian Congregation. Já o som hipnótico, com afinação grave que lembra a do Celtic Frost em “Monotheist” e, consequentemente, o Triptykon, de Thomas Gabriel Fischer, o faz ficar com os olhos pregados no palco. Com iluminação privilegiando o vermelho e os músicos todos cobertos de preto, simbolizando as roupas da congregação e sem mostrar os rostos, o set seguiu com “Daylight”, do álbum “Aphotic” (2015).

Sem comunicação alguma com o público, o espetáculo é feito para se olhar e apreciar o momento. Não queira entender, pois não dá para se mexer com as bases soltas e densas da mescla que fazem de Death/Doom Metal e Sludge. Você entra em transe, ficando quase instintivamente em estado catatônico. E foi assim que o quarteto seguiu até o final do set, que contou ainda com a longa e ainda inédita “Us And Them”, além de “Permanent Grey” e “Aphotic”, de “Aphotic” (2015).

A troca de palco não demorou e então o Mythological Cold Towers entrou em cena, com a já conhecida formação sem baixista, tendo Samej (vocal), Hammon (bateria), Shammash e Nechron (guitarras). Diferentemente do que apresentaram há pouco mais de um mês no show do “Thorhammerfest”, quando tocaram apenas faixas para celebrar os vinte anos do álbum de estreia, “Sphere Of Nebaddon – The Dawn Of A Dying Tyffereth”, no Dissenso Lounge o show teve um set mais variado. A abertura, no entanto, veio com uma trinca do debut, com “In the Forgotten Melancholic Waves of the Eternal Sea”, “Celestial Dimensions into Silence” e “The Vastness of a Desolated Glory”.

Com o som cristalino e as guitarras bem timbradas e pesadas, ninguém sentiu falta do baixo, já que o baterista Hammon toca no metrônomo com fones de ouvido e dispara as bases sampleadas de baixo e teclado antes da execução de cada música. Samej, por sua vez, rasgou o vocal, agitou e pediu sempre pela interação da plateia, que correspondia à altura. O vocalista então apresentou a banda e anunciou “Vetvtvs”, de “Monvmenta Antiqva” (2015).

O carregado e coeso Doom/Death Metal seguiu com “The Lost Path to Ma-Noa”, de “Immemorial” (2011), com destaque para o início mais melancólico e aos temas da guitarra de Nechron, que contrastam em tons melódicos o peso cavalar da guitarra de Shammash. Ao final, Samej agradeceu os organizadores pela oportunidade de tocar no Dissenso Lounge, saudou os fãs e até fez menção à ROADIE CREW por estar presente no evento. Então, vieram mais duas de “Monvmenta Antiqva”, com “Sand Relics” e “Strange Artifacts”. O show se encerrou com Samej anunciando “A Portal to My Darkest Soul”, mais uma do álbum clássico que completou vinte anos e foi relançado este ano pela Nuktmeron Productions.

O Doom vem crescendo e o Brasil, felizmente, vem sendo referência de um estilo que nos anos 90 ajudou a levantar o Metal inglês na fase de ouro de nomes como My Dying Bride, Cathedral, Anathema, Paradise Lost e Katatonia. Se alguns deles incorporaram novos elementos e alteraram sua música, o Mythological Cold Towers segue firme para representar fielmente as tradições do estilo. Não por acaso, é apontado como um dos maiores nomes do gênero do país.

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