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NAGLFAR – Cerecloth [9,5/10]

Desde que Quorthon lançou o ‘debut’ homônimo do seu BATHORY em 1984, o mundo compreendeu que a Suécia não aceitaria um papel de passividade diante do nascente cenário da música extrema. Muito pelo contrário, eles seriam um dos vanguardistas do estilo, adicionando primeiro ao black metal e depois ao death metal uma personalidade muito específica, algo que sempre percebemos e que até comumente tratamos como ‘metal sueco’. Do primitivismo estético musical, o BATHORY navegou para praias cada vez mais desafiadoras, adicionando tantos elementos à sua música que chegou o dia em que era praticamente impossível classificar adequadamente a sua música. O mesmo que mais tarde faria o ENTOMBED com o seu death metal.

Quando nasceu, em 1992 em Umeå (SUE), o NAGLFAR muito rapidamente se beneficiou de todo este histórico vanguardista da cena de seu país natal. Praticantes do black metal, eles tinham exemplos de brutalidade pura na música dos conterrâneos do MARDUK e do DARK FUNERAL, mas como velhos fãs de IRON MAIDEN, eles também ambicionavam misturar boas doses de melodia em sua fórmula musical. O primeiro resultado disso foi mostrado no álbum de estreia, o hoje clássico Vittra, de 1995. Lançado numa época em que o black metal escandinavo começava a tomar formas cada vez mais variadas, o disco foi rapidamente alocado sob o rótulo ‘melodic black metal’, e sem um padrão comparativo melhor, a mídia especializada logo comparou o NAGLFAR aos seus compatriotas do DISSECTION. Justo ou não, o fato é que a comparação foi um ótimo chamariz para novos fãs, e o NAGLFAR compensava as expectativas.

Mesmo com sua carreira atrapalhada (especialmente nas turnês) pelas alterações na formação, a banda se manteve uma usina musical forte e produtiva, que lançou outros cinco álbuns completos até 2012, além de uma série de EP’s. Porém, desde Téras, de 2012, os fãs não ouviam novas músicas destes gigantes do underground sueco. A longa espera de oito anos só se encerrou em 6 de março, quando o videoclipe oficial para Cerecloth começou a ser difundido através das plataformas de streaming e mídias sociais.

A primeira boa evidência que o vídeo nos mostra é que o NAGLFAR manteve o seu núcleo criativo intacto para essa nova empreitada. Kristoffer Olivius (voz) e os guitarristas Marcus E. Norman e Andreas Nilsson se mantém unidos desde o ano 2000, firmando assim uma década de parceria. Mais que isso, Cerecloth, faixa-título e também música de abertura do novo álbum, mostra que eles não mudaram a sua abordagem e nem tampouco a sua atitude musical.

Cerecloth é uma faixa explosiva e extremamente rápida, regada a riffs baseados no tradicionalíssimo ‘tremolo-picking’, e com vocais rasgados que percorrem toda a canção, com boa variação entre os versos e o refrão. Nesta mesma direção, do rápido e brutal, outras canções saltarão aos ouvidos dos velhos fãs. Você certamente se surpreenderá positivamente com a brutalidade e ferocidade de The Dagger in Creation, que apenas abranda o ritmo por um curto momento, onde um belíssimo solo de guitarra faz o papel de ponte entre as duas partes mais brutais da canção. Essa é também a tônica em A Sanguine Tide Unleashed, uma típica canção black metal dos anos 90, e que certamente fará alguns recordarem do MARDUK dos tempos do vocalista Erik ‘Legion’ Hagstedt.

Porém, a beleza deste Cerecloth é que ele não se prende a uma única emoção, as músicas fluem de acordo com o sentimento que guia cada composição. De aura naturalmente negativa e furiosa, o álbum também explora os campos da dor e da tristeza em Necronaut, que começa com linhas de guitarra que fazem pensar em uma daquelas canções longas e épicas que volta e meia aparecem em álbuns de black metal. Mas só fazem pensar, já que aqui a música termina com menos de quatro minutos, deixando na memória apenas aquela sensação de tristeza que as linhas de voz e guitarra buscam evocar.

As duas mais longas do álbum, Like Poison for the Soul e Last Breath Of Yggdrasil também são destaques imediatos, especialmente por trazerem auras que se diferem e complementam. A primeira é fortemente carregada pelo ambiente criado pela sua introdução, onde baixo e bateria preparam o terreno para a entrada das ótimas linhas de guitarra, melodiosas e muito bem trabalhadas. Com linhas vocais variadas e interessantes, Like Poison For The Soul quase toma o posto de melhor composição do álbum, mas Last Breath Of Yggdrasil tem algumas surpresas muito interessantes para o ouvinte mais atento. Peço ao leitor que tenha atenção especial para as linhas de guitarra desta faixa que encerra a obra, já que, mesmo trabalhando aqui em um contexto musical extremo, as guitarras fazem lembrar aquele velho esquema que conhecemos de bandas como THIN LIZZY, U.F.O. e DIAMOND HEAD, ou seja, as guitarras se complementam quando trabalham juntas, e criam texturas de múltiplas cores quando se separam, um exercício de composição tão denso quanto belo e funcional.

Apenas para reforçar aquilo que já ficou óbvio, não deixe de ouvir este álbum por completo. Dedique ainda algumas audições extras para Vortex Of Negativity (melódica e brutal em proporções iguais) e Cry Of The Seraphim, que coloca guitarra, baixo e bateria para trabalharem numa seção rítmica única impossível de tirar da cabeça após a primeira audição.

Oito anos se passaram sem um novo álbum do NAGLFAR, mas eles não pararam no tempo, e nem esqueceram da tradição de qualidade que criaram em torno do seu nome. Muito pelo contrário, Cerecloth chega para aprofundar ainda mais o respeito que esta banda conseguiu no underground. O NAGLFAR ainda é uma das melhores bandas de black metal do mundo, e não ‘apesar’ da melodia em suas composições, mas justamente por conta delas, por trabalhá-las de uma forma que não soem maçantes ou forçadas. Uma lição que preconizam por quase três décadas, mas que ainda não é compreendida por muitos.

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