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NOCTURNUS AD: RETOMANDO O TRONO [Entrevista Exclusiva]

O vocalista e baterista Mike Browning sempre foi uma das grandes personalidades do death metal. Seja pelos primeiros dias ao lado do Morbid Angel (quem aí não é ‘vidrado’ no material soberbo presente em Abominations of Desolation?) ou pela grandiosidade dos primeiros anos do Nocturnus, Browning sempre foi capaz de trazer uma aura única e uma personalidade incomparável ao death metal. E, cerca de três décadas depois daquela que é considerada a maior obra com a sua assinatura – The Key, do Nocturnus – ele finalmente retoma o ‘fio da meada’, e com o Nocturnus AD dá início a história que uniu fãs de death metal e ficção-científica nos anos 90. O resultado, mais uma obra extrema de imensas possibilidades musicais e líricas, pode ser conferido em sua plenitude em Paradox, justamente o álbum de estreia do Nocturnus AD. Além de esclarecer detalhes do seu passado e mergulhar no universo do novo álbum, Mike ainda nos conduziu pelas primeiras linhas daquilo que prepara para um futuro agora muito próximo.

A imprensa e os fãs receberam o Nocturnus AD como o retorno bem-vindo de um gigante, um verdadeiro titã do death metal de volta à vida. Você também sente o mesmo, ou vê o Nocturnus AD como uma nova banda?

Mike Browning: Obrigado! Na verdade eu vejo a banda como um pouco das duas coisas. Os caras da banda agora são muito diferentes dos membros que estavam no Nocturnus, seja na personalidade, seja na maneira de tocar. No Nocturnus sempre houve ciúme e traição, pessoas discutindo e brigando, é muito bom não ter que lidar com nenhuma dessas coisas nessa formação, e isso faz uma grande diferença. Mas também tem o outro lado, já que tocamos as velhas canções do Nocturnus há vários anos, é como se fossem nossas canções, não parece que estamos tocando canções que foram compostas por outras pessoas. O melhor é que, quando tocamos ao vivo, o que mais ouvimos é o quanto as pessoas sentem que estão assistindo ao Nocturnus novamente.

 Quando sentiu que este era o momento certo para começar a criar a música para este novo álbum?

Mike: Acho que aconteceu porque as velhas canções do Nocturnus ganharam uma segunda natureza quando as tocamos, e sentimos que estávamos prontos para começar a escrever canções que fossem dignas de um seguimento para o álbum The Key (1990). Não foi uma tarefa fácil chegar a este ponto, e literalmente levou anos para chegar até aqui. Mas eu simplesmente senti que as estrelas estavam alinhadas e que era a hora certa para isso.

Neste sentido, o Nocturnus AD lançou o excelente álbum Paradox. Qual é o significado e a inspiração por trás da escolha desse nome para o álbum e que conotações ele traz?

Mike: Quando se lida com o tempo, ‘Paradoxo’ significa literalmente que “a interação de um viajante no tempo com o passado – por mais ínfima que seja – implicaria em fazer mudanças que, por sua vez, mudariam o futuro em que a viagem no tempo que ainda estava para ocorrer e, portanto, mudaria as circunstâncias da própria viagem no tempo”. Esse é realmente o tópico principal do álbum The Key, então Paradox vem a ser uma continuação direta do enredo de The Key. Por isso, parecia o título perfeito para o álbum.

Quando compôs originalmente o álbum The Key, você já havia considerado ter um novo capítulo para a história?

Mike: Sim, com certeza. Quando terminamos de escrever The Key, o álbum seguiu seu caminho para que pudesse recomeçar e continuar no segundo disco, mas é claro que com todas as mudanças, isso nunca aconteceu. Então, desde 1991 eu queria continuar a história do álbum, que foi abordada nas quatro últimas músicas de The Key. Em Paradox também tem continuações da história de Lake Of Fire / Standing in Blood e outra música que continua com o tema do período Neolítico também. Portanto, há várias coisas diferente neste Paradox.

“The Key” (1990): O clássico finalmente ganhou um novo capítulo para o seu enredo em “Paradox”

The Key acabou se tornando um álbum muito aclamado, um clássico do death metal. Isso colocou uma pressão extra sobre vocês?

Mike: Houve muita pressão para que Paradox fosse uma continuação bem-sucedida de The Key, tanto musical quanto liricamente. The Key foi lançado há mais de trinta anos, e ainda está recebendo novos ouvintes a cada dia. Ainda existem muitas pessoas que falam sobre nós como a primeira banda de death metal com um tecladista realmente fixo na sua formação, então eu estava meio que esperando fazer muitos inimigos com este novo disco. Por isso, ainda me surpreende muito quando vejo quantas pessoas realmente gostam do Paradox e comparam-no com The Key, ou dizem que se trata de um sucessor digno.

Como foi o processo para encontrar os parceiros certos para o trabalho na Paradox?

Mike: Em termos musicais, era basicamente a banda que tocou comigo como After Death, mas com um novo tecladista. Tocamos juntos há pelo menos dez anos, então acabei não precisando procurar novas pessoas.

Normalmente as bandas dizem que a simples mudança de um membro afeta a forma como a banda soa. Você sentiu essa diferença?

Mike: Isso definitivamente pode ser verdade, a única pessoa nova é o nosso novo tecladista Josh Holdren e ele fez a diferença. Ele não só é um tecladista muito melhor, mas também toca bateria e guitarra, e é uma pessoa muito melhor em geral, então adicioná-lo nos tornou uma banda melhor. Além disso, ele consegue tocar solos no teclado, algo que nosso tecladista antigo não conseguia fazer. Felizmente, nunca tivemos problemas para escrever material novo, todo mundo é um pouco diferente em seu estilo, e isso nos dá um espectro mais amplo para escrever.

O Nocturnus AD já trabalha no sucessor de Paradox, de 2019

Todos os membros da banda estiveram envolvidos com a composição?

Mike: Para Paradox, fomos principalmente eu e os dois guitarristas (Belial Koblak e Demian Heftel), já que o nosso tecladista era bem novo na formação na época. Ainda assim, ele acabou contribuindo com algumas introduções também.

Como foi o processo de gravação e produção?

Mike: Gravamos em Orlando (EUA) no New Constellation Studio, com Jarrett Pritchard, em quatro ou cinco fins de semana, ele é um músico incrível e um amigo de longa data, ambos morávamos no mesmo prédio em meados de 1990, quando ele tocou guitarra no Eulogy. Gravamos em setembro (de 2018), e então ele tinha alguns shows agendados em outubro e novembro, então em dezembro ele mixou o disco, que foi masterizado em janeiro (de 2019).

A capa de Paradox também é algo a elogiar. Como você encontrou o artista certo e qual a importância de uma boa arte de capa para você?

Mike: Contamos com um artista chamado Timbul Cahyono para fazer a arte. Eu o conheci quando ele fez um trabalho artístico para nós para uma camiseta, e foi incrível, então eu queria que ele fizesse a nossa capa também. A arte para mim é uma parte muito importante, pois ela mostra a próxima parte da história de The Key, então tinha que ser feita tão bem quanto foi concebida a arte do disco anterior.

Em Paradox, vocês continuam empurrando adiante os limites do death metal. Ou seja, o Nocturnus praticamente criou um novo gênero, misturando death metal com ficção científica e elementos musicais que não pertenciam ao gênero. Na época, você sentia que o death metal era algo que limitava sua arte? Como nasceu essa vontade e capacidade de inovar?

Mike: Não achei que fosse um fator limitante, porque sempre escutei músicas com teclados e também queria ter isso na minha música. Eu queria teclados principalmente para algumas introduções, mas descobri que eles se encaixavam muito bem com a atmosfera que adicionávamos nas músicas também, então para mim funcionou e nos deu uma dimensão totalmente diferente para o som.

Mergulhando um pouco mais a fundo nas suas referências, quando e como você começou a se interessar por ficção científica?

Mike: Eu me interessei por ficção científica desde criança. No início, o Nocturnus tinha apenas letras do tipo ‘ocultismo maligno’, mas quando Mike Davis entrou na banda começamos a conversar sobre filmes antigos, quais que mais gostávamos, e então surgiu a ideia de escrever algumas músicas sobre esse tipo de assunto. Foi então que começamos a mixar as duas temáticas, e começamos de fato o Nocturnus.

Quando o assunto é ficção científica, o que mais te agrada: filmes ou livros? Quando cada mídia influenciou sua paixão pelo gênero?

Mike: Ambos na verdade, mas quando eu era criança, não tinha outro jeito, nós tínhamos que ir ao cinema ou talvez até esperar que um filme de ficção científica finalmente aparecesse na TV, então eu li muito. Hoje, porém, filmes de ficção científica e programas de TV desse tipo são lançados o tempo todo.

Você poderia nos dizer quais são seus autores e obras de ficção científica favoritos?

Mike: Provavelmente um dos meus livros de ficção científica favoritos é Inferno, de Larry Niven e Jerry Pournelle, mas Asimov também tem algumas histórias fantásticas e, claro, li muitas revistas em quadrinhos também!

Você lembra como surgiu sua primeira composição mesclando metal extremo e ficção científica?

Mike: Sim, foi quando Davis e eu estávamos conversando sobre velhos filmes de ficção científica dos anos 70, e ele falou sobre The Andromeda Strain (N.R: 1971, “O Enigma de Andrômeda”, no Brasil). Ele disse que deveríamos escrever uma música sobre esse filme, então nós dois pensamos juntos e escrevemos a Andromeda Strain.

Hoje, ao analisar o resultado de Paradox, você sente que evoluiu como compositor e escritor?

Mike: Tento não analisar muito as coisas, mas o Paradox percorreu um longo caminho desde apenas algumas ideias de músicas até o álbum completo. E eu vou tentar manter as coisas rolando nesse ritmo, nós já temos a música para duas novas canções escritas, e eu tenho pelo menos quinze títulos de músicas, todos com longas histórias que as acompanham. Sempre quis continuar com a história de The Key, e agora finalmente consegui, mas o objetivo é continuar. Já estamos trabalhando em um novo material para o próximo disco.

Muito obrigado pela entrevista, este espaço é seu para falar diretamente com seus fãs.

Mike: Eu só quero dizer obrigado a você e a todas as pessoas que apoiaram as coisas que eu fiz desde o início dos anos 80 com o Morbid Angel até agora! A América do Sul em geral sempre foi um ótimo lugar para nós, com os fãs mais loucos, mais do que qualquer outro lugar no mundo! E virá muito mais para vocês que curtiram Paradox!

 

“Paradox”, lançado originalmente pela Profound Lore Rec em 2019, ganhará em breve uma versão nacional, via Mindscrape/Mutilation Records
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