NOSSA HISTÓRIA
O início

Desde os tempos de criança a garotada da família se reunia na casa do tio Airton Diniz para ouvir Rock, assistir e discutir futebol, e disputar concorridos campeonatos de jogo de botão (futebol de mesa). O gosto pelo jogo de bola normalmente já está no sangue de todo brasileiro, e alguns, além de curtir esse esporte, ainda têm o dom de saber jogá-lo muito bem, como é o caso do Claudio Vicentin, que chegou a ser um dos ídolos do time de juniores do Palmeiras no final dos anos 80, mas teve sua carreira prejudicada por uma das desastrosas passagens do treinador Emerson Leão pelo clube. Ao se desligar do esporte, o então promissor meia-esquerda passou a estudar música com o baterista do Angra, na época o Ricardo Confessori, montou uma banda chamada Cicatrix.
As reuniões esportivo-musicais dos finais de semana continuavam acontecendo e foi assim que Airton, Claudio e seu primo Anselmo Teles decidiram começar a escrever o fanzine, que foi batizado de Roadie Crew pela garotinha Cintia Diniz. O nome foi escolhido como uma homenagem aos roadies, e porque o Claudio, na época, era o roadie do Ricardo Confessori. Essa expressão não tem um significado específico, nem tradução, mas é uma adaptação do termo “road crew” sempre presente nos créditos dos álbuns gravados ao vivo por bandas de Rock e a referência ao profissional que tem um papel importantíssimo nos shows.
1994

No ano de 1994, quando da realização do primeiro festival “Philips Monsters Of Rock”, em São Paulo (SP), foi publicada a primeira edição do fanzine Roadie Crew, a de #00, motivada pelo impulso que representava aquele evento para o movimento da música ‘underground’ no Brasil. A publicação já trazia sua característica básica, que se mantém até os dias de hoje: valorizar a música pesada, sem constrangimento de dizer abertamente que se trata de uma publicação cuja matéria prima principal é o Heavy Metal.
As seis primeiras edições

A partir de então se seguiram seis edições que já contaram com a participação do diagramador Rodney “Camarão” Christófaro, um palmeirense fanático pelo Judas Priest e primo do baterista Amilcar Christófaro do Torture Squad. Entre os colaboradores pioneiros estavam Sérgio Caffé (fotógrafo) e Tony Iron (o Toninho-Sepultura-e-Santos-Até-a-Morte!) e de Ricardo Batalha, um dos maiores conhecedores do cenário em todas as vertentes do Rock pesado, e um dos mais respeitados críticos musicais que este país já teve. Aliás, Batalha, que na época era baterista do Swingfire, além de ícone no circuito da música editando fanzines (DeathCore e Silent Rage), também entende de esportes e editou publicações especializadas em Artes marciais, jogou basquete, tocou bateria e também foi roadie do Angra na turnê do álbum Holy Land, coincidentemente na vaga deixada por Claudio Vicentin. Aliás, os dois acabaram se conhecendo por acaso. Batalha tinha ido ao saudoso Black Jack Rock Bar, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, assistir a uma banda cover do Black Sabbath. No entanto, ao invés de ficar impressionado como ficava quando via o Electric Funeral (Black Sabbath Tribute), não gostou daquele outro grupo que fazia sons de Ozzy & Cia., mas curtiu muito a abertura feita pelo Cicatrix, banda de Claudio e Rodney. Começaram a conversar e Batalha comentou que estava editando com seu irmão, Frederico Batalha, um novo fanzine, o Silent Rage. Claudio, por sua vez, comentou sobre a Roadie Crew. O decorrer desta curiosa história agora todos sabem…
1997

Durante três anos o fanzine Roadie Crew sobreviveu com freqüência irregular, mas com uma resposta muito positiva por parte do público que tinha acesso aos limitados exemplares que eram distribuídos em lojas da Galeria do Rock, bancas do centro de São Paulo ou por correspondência. No final de 1997 foi então necessário o surgimento da Roadie Crew Editora Ltda., constituída para possibilitar a profissionalização da revista, coincidindo com o lançamento do site na Internet (www.roadiecrew.com).
A edição de nº 9, tendo na capa o Iron Maiden e uma equipe com os diretores Airton, Claudio e Rodney, os colaboradores como Emilson Cezar, Luiz Carlos Vieira, Rogério Nogueira, Anselmo Teles, George Frizzo, Luciana Coutinho e Eduardo Boni Pontes, foi a primeira a ter distribuição em todo o território nacional, através da Fernando Chinaglia Distribuidora S/A.
Posteriormente, a revista abriu as portas ao mercado externo, passando a ser vendida também em Portugal a partir da edição 11 (capa com Igor Cavalera do Sepultura e Jason Newsted do Metallica). Foi então que na edição de nº 13, que registrava a volta do Bruce Dickinson ao Iron Maiden, juntou-se ao time um dos poucos headbangers que não tem muita atração pelo futebol, o sempre engraçado, ranzinza, beatlemaniaco e fã incondicional de Black Sabatth e Deep Purple, Vitão Bonesso, do renomado programa Backstage, hoje a Rádio Backstage (www.radiobackstage.com).
Desde a edição nº 15 (Metallica na capa, em foto que tiramos no “Dynamo Open Air”, na Holanda), a Roadie Crew passou a ter todas as páginas coloridas. Foi como atingir a maioridade, principalmente porque, de uma só vez, estrearam duas estrelas da companhia. O primeiro foi o então garoto são-paulino Leandro de Oliveira, dando uma nova vida ao conteúdo da revista com seu talento para a criação na arte gráfica. O outro novo integrante da equipe foi Marcio Baraldi, um sindicalista com tendências políticas radicais, que costumava arrepiar os banqueiros com suas charges e que, na época, era um ferre

nho oposicionista ao governo. Com o passar do tempo, Baraldi sofreu uma transformação algo inimaginável, situação com a qual eu nunca conseguiria sequer sonhar, tornou-se um governista e hoje é um cartunista multimídia, multirevista e multisite. Enfim, uma unanimidade na cena.
1999
Em 1999 a direção da Roadie Crew Editora havia tomado uma decisão que se tornou crucial para o futuro da revista. Animados pela forma atenciosa com que os produtores nos recebiam em eventos internacionais – como “Milwaukee Metal Fest”, “Lollapalooza” (com a presença do Metallica), “OzzFest” e outros festivais – definiu-se que a partir daquele ano investiríamos em grandes coberturas internacionais, com pessoal da própria equipe da redação da Roadie Crew, de forma que cada experiência nesses eventos pudesse ser transmitida ao público brasileiro com a emoção que um headbanger que vivia no Brasil sentia ao participar dessas celebrações grandiosas. Não queríamos simplesmente obter matérias traduzidas enviadas por alguém que não tinha a menor noção de como reagia o leitor da Roadie Crew.

O “Dynamo Open Air 1999” foi nosso primeiro grande projeto de cobertura internacional, e foi uma aventura inesquecível, quando passamos dez dias na Holanda, entre Amsterdã, Eindhoven e Mierlo. A equipe conferiu shows incríveis, tanto no festival como nos clubes da cidade de Eindhoven, onde inicialmente ficou hospedada na casa de Eric de Haas, hoje da Dynamo Records. Durante o período do festival nossos repórteres acamparam na área reservada para a imprensa e, apesar do desconforto de dormir em barracas, poucas vezes se divertiram tanto. Impossível apagar da memória a noite em que Vitão Bonesso estava sendo procurado por uma jornalista encharcada de cerveja que perambulava pelo acampamento gritando “Viton, Viton! Donde esta usted? Te quiero, Viton!”. Vale lembrar que ele conseguiu escapar do assédio, mesmo porque ela não era um exemplo de beleza, e qualquer faísca naquela situação poderia gerar combustão e incendiar o camping. A reportagem do “Dynamo” saiu na edição nº 16.

Em julho de 1999, o Carlinhos “Palestrino” Chiaroni, um dos maiores defensores do Hard Rock e do indefensável (nos dias atuais) Palmeiras, iniciou como colaborador. Ele foi um dos nomes escolhidos para representar os demais colaboradores nesta história da Roadie Crew pela longevidade e pela persistência em tentar convencer seus amigos de que o Wagner Love é a maior revelação do futebol mundial (!).
O Ricardo “Carioca” Campos – Fluminense de coração, mas mineiro de nascimento – está na redação desde a edição 17 e já passou por momentos de intensa emoção, como quando conversou por telefone com um de seus ídolos, Yngwie Malmsteen. Ele confessou que essa “primeira vez” foi emocionante, mas não amarelou. Depois disso, ter contato freqüente com gente como Alice Cooper – seu ídolo maior -, Jon Oliva, Paul O’Neil, o próprio Yngwie novamente, e muitos outros astros do Metal, tornou-se a coisa mais natural do mundo para ele que além de tudo é um talentoso músico (guitarrista e tecladista) e compositor, um dos principais mentores do grupo Sunseth Midnight juntamente com o parceiro de (quase) todas as horas Ricardo Batalha. É incrível como dois caras podem brigar tanto e se entenderem tão bem! Campos e Batalha se conheceram no Mr. Som estúdio, de Marcello Pompeu e Heros Trench do Korzus, enquanto gravavam Demos de suas respectivas ex-bandas, o C.O.D.E. e o Midnight. Na mesma noite foram para o Manifesto Bar tomar algumas (muitas!) cervejas e conversar sobre Metal. Falando de nomes como Judas Priest, Accept, Ratt, Krokus, Demon e Alice Cooper ficou claro o interesse pela música e Campos acabou por se juntar à equipe da Roadie Crew.

Já André “Tricolino” Dellamanha esteve no time por longos anos. Começou na edição 18 e sempre foi um grande companheiro de maravilhosas jornadas. Ele foi o escolhido para representar todos aqueles que passaram pelo nosso Staff e que, de alguma forma, deixaram coisas inesquecíveis para a revista e, principalmente, aos leitores, inclusive aqueles que sempre escreviam nos oferecendo cachaça dos melhores alambiques de todas as regiões do país.
2000
Nossa segunda cobertura de festivais internacionais foi no ano 2000, e em dose dupla fazendo numa mesma viagem o “Dynamo”, na Holanda, e o “Gods Of Metal”, na Itália (edição # 22). Esses dois eventos ocorriam com uma semana de diferença e as principais atrações eram as mesmas (Iron Maiden, Slayer, Testament e outros). Na Holanda já nos sentíamos em casa. Conhecíamos o país e a equipe de produção, mas depois de atravessarmos de carro a Bélgica e a França, com rápida passagem pela Suíça, e chegamos à Itália, quando percebemos que realmente temos muito em comum com a aquela parte da Europa, principalmente para quem vive em São Paulo e nos estados do sul d

o Brasil. Começando pela enorme quantidade de pedágios nas estradas italianas (certamente foi o modelo adotado pelas autoridades brasileiras), e passando pela loucura do trânsito em cidades como Milão, onde parar em sinal vermelho (semáforo, farol de trânsito) é um grande risco de provocar colisão! Alguns fatos foram marcantes nessa passagem pela Itália, como o hilariante diálogo da nossa equipe com a segurança do festival quando fomos retirar nossas credenciais – eles não nos entendiam em inglês, e muito menos em português! Já dentro do estádio de Monza, onde se realizou o “Gods Of Metal”, ocorreram duas passagens interessantes. Nos encontramos com o guitarrista Olaf Thörsen (na época Labÿrinth e Vision Divine) usando uma camiseta da Roadie Crew, que fora entregue a ele na Holanda mais de um ano antes. Também foi marcante o reencontro de Batalha com a banda italiana Eldritch, com a qual havia trabalhado como roadie. Os músicos gritando o nome “Rrricarrrdo” no meio do público foi algo inesquecível e certamente deixou muita gente sem entender nada. Memorável também foi a noitada numa cantina milanesa, genuinamente italiana. O proprietário ficou nos atendendo e bebendo junto até altas horas da madrugada, já com as portas fechadas. Hilário quando ele perguntava porque nossa equipe não aproveitava e fazia reportagens, além do “Gods Of Metal”, de cantores como Fred Bongusto, Rita Pavone e Pepino Di Capri. Resultado: naquela noite ninguém se lembra como chegou ao hotel, graças ao excelente vinho da casa.
Wacken Open Air

Entramos então no novo milênio antecipando a previsão que tínhamos para converter a freqüência da revista para mensal. A partir de 2001 firmamos uma sólida parceria com a empresa alemã que organiza o maior festival de Metal do mundo, o “Wacken Open Air”, com base nas bem sucedidas experiências de coberturas anteriores com o “Dynamo Open Air” (1999 e 2000) e “Gods Of Metal” (2000). Na primeira viagem ao “Wacken” que conhecemos o ainda menino Carlo “Coleção” Antico, que está conosco desde essa época, produzindo todo tipo de matéria, fazendo resenhas, entrevistas e marcando presença nos grandes eventos no Brasil e no exterior. Por sinal o Carlo é um dos mais constantes freqüentadores do “Sweden Rock Fest”, sempre na companhia do Santista Pepinho Macia (técnico auxiliar do C.A. Bragantino, em 2007).
Em 2001 chegou também mais um membro da nossa família. Mesmo tendo nascido tão longe, Gerard Werron – o alemão com alma brasileira – trouxe um leve sotaque da terra onde existe o maior número de bandas de Heavy Metal no planeta. Escolhemos o nome de Gerard para representar em nossa história o importante papel dos amigos que estão fora do Brasil nos ajudando a fazer a revista. Alguns brasileiros, como Guilherme Spiazzi, outros estrangeiros, como Mitch Lafon, mas todos headbangers de coração.

Desde então, nossa presença no “Wacken Open Air” tornou-se obrigatória e, na verdade, nos anos recentes é praticamente uma grande oportunidade de reunião com os amigos. E o “Wacken” é sempre maravilhoso. Independentemente do cast, está cada vez maior e melhor estruturado, é realmente a Meca do Heavy Metal no planeta. Essa proximidade na relação entre Roadie Crew Editora e a ICS Festival Services, empresa que administra o “Wacken”, nos possibilitou o direito, e o compromisso, de indicar anualmente uma banda brasileira para participar do “W:O:A-Metal Battle”. Isso começou em 2005, quando da presença do Tuatha de Danann no festival, sendo que a partir de 2006 o Brasil passou a ter uma vaga para um representante competindo no ‘Metal Battle’ e que foi defendida pelo Malefactor.

Um dos integrantes da equipe que pode muito bem representar o nosso grupo de amigos de fora do estado de São Paulo é Thiago Sarkis, que assumiu novo papel na redação depois de atuar como colaborador. Ele já tinha desenvolvido trabalhos marcantes, como a matéria com Jane Schuldiner (mãe de Chuck do Death) na edição 49, e, mais recentemente, produziu a entrevista com Vinnie Paul na edição 91, que fez muito fã chorar de emoção.
100 edições apoiando o Metal nacional!
Em suas cem primeiras edições a Roadie Crew teve o orgulho de acompanhar o surgimento, crescimento, e sucesso de inúmeras bandas brasileiras de Heavy Metal e Rock ‘N’ Roll. De destaques na seção “Garage Demos” a entrevistados, chegando, eventualmente, à capa da revista. É o que nos mostra o tecladista José Cardillo (Eterna, Abtract Shadows): “Quando vi a matéria com o Projeto Hamlet (#34), do qual participei com o Holy Sagga, notei a valorização do Metal nacional por parte da revista. Foi algo que realmente me chamou a atenção’. O vocalista Renato Tribuzy também testemunhou o seu início de carreira reportado aqui, e divide recordações especiais conosco: “Eu tinha uns 21 anos quando saiu uma entrevista com o Thoten (#31). Lembro-me que era uma página branca com duas fotos. Fiquei todo bobo (risos)’.

Se vários artistas começaram com o nosso apoio, tantos outros nos viram nascer. O baixista Dick Siebert (Korzus) é um bom exemplo disso: “Eu soube da Roadie antes do lançamento oficial, ainda no projeto, na época do número 00′. O baterista Ricardo Confessori (Shaaman), por sua vez, relembra: “Conheço a Crew desde que era um fanzine”. E arremata: “De lá pra cá a publicação cresceu, mas nunca deixou de fazer ‘loucuras’ para apoiar o Metal nacional”. O guitarrista Kiko Loureiro (Angra) se junta a eles, e completa: ‘Minha relação com a revista é muito interessante, já que vi o nascimento dela, e o porquê do nome. Afinal, o Claudio (Vicentin, editor), era roadie do Angra”.
Enquanto acompanhamos os primeiros passos de diversos nomes hoje mundialmente aclamados e fomos seguidos de perto, desde o princípio, por profissionais altamente gabaritados, podemos igualmente nos alegrar ao ouvirmos um relato da importância que exercemos no retorno do primeiro grupo a registrar um álbum de Heavy Metal no Brasil: “A história do Stress contada na seção ‘Background’ (#82) foi a nossa melhor matéria em revista de todos os tempos”, garante o vocalista e baixista Roosevelt Bala. Não satisfeito em nos creditar tamanha glória, ele prossegue: “A repercussão foi incrível. Parecia que havíamos ressurgido das cinzas”.

Quem já estampou a capa da Roadie Crew, lembra e guarda com carinho suas respectivas edições. “Ter a oportunidade de ser capa da revista realmente não é algo que acontece todo dia. Por isso, para mim, a edição #90 é motivo de orgulho – até mesmo pelo fato de receber esse tipo de reconhecimento no meu próprio país’, atesta Andre Matos. A sensação descrita pelo vocalista ecoa no depoimento do baterista Amilcar Christófaro (Torture Squad): “Com o número 98, coisas que já tínhamos como otimismo e paixão pelo que fazemos e vivemos, dobraram”.
Dentre esta variedade de casos, há aqueles de músicos brasileiros que partiram para outros territórios em busca de sucesso. Mais recentemente, o baterista Fabricio Ravelli que deu fim ao seu trabalho no conjunto norte-americano Hirax em abril último, e Gus Monsanto, atual vocal do Adagio da França. O primeiro relata: “Até hoje recebo minha Roadie Crew mensalmente aqui nos Estados Unidos. A revista só melhora, e é um grande laço meu com o que está rolando aí no Brasil”. Já o segundo, rememora: “Quando meu amigo Dario Seixas entrou para o FireHouse, foi ótimo ler sobre sua experiência no exterior (#56) antes de passar pela minha própria, e correr atrás do meu sonho”.
Neste percurso, nossos talentos foram também exaltados por lendários personagens do Metal internacional. Carlos Lopes mantém firme na memória os comentários do finado Jesse Pintado (Terrorizer, Napalm Death) acerca da importância do Dorsal Atlântica na cena mundial (#66): “Aquela foi a edição que mais me marcou”, assegura. Zhema Rodero (Vulcano), saudado entusiasticamente por Fenriz do Darkthrone no número 94, destaca as reportagens com Accept (#78) e Dio (#89) como pontos altos.
Aliás, em termos de edições e matérias memoráveis, as menções são absolutamente variadas, e incluem as seções “Background”, “Blind Ear”, “Hidden Tracks”, “Live Evil”, “Eternal Idols”, “Roadie Profile”, “Roadie Collection” e “ClassiCREW”. Contudo, três aparecem em realce, praticamente unânimes entre os músicos. “Sem sombra de dúvida a reportagem sobre Dimebag Darrell (#91)”, aponta Siebert. “Nunca vou esquecer do Vinnie Paul falando da morte do irmão e contando quais foram suas últimas palavras”, enfatiza o baixista Ricardo “Soneca” (Baranga), explicando a escolha. “Sou formado em Jornalismo e, embora não exerça a profissão, fico pensando como o entrevistador conseguiu deixar o cara tão à-vontade para se abrir daquele modo”, completa.
O guitarrista Marcos De Ros (Akashic) adiciona o número 86 à discussão: “Que grande sacada colocar Zakk Wylde com o título ‘O Poderoso Chefão’. Uniu um músico do qual sou fã à trilogia mais incrível da história do cinema”. Para ele, o artigo sobre os ‘Hitmakers’ foi igualmente revelador: “Eu sabia que no mundo da música Pop brasileira isso é lugar comum, mas sempre achei que as grandes bandas não usariam este recurso de encomendar hits”.
Tribuzy e Bala mostram-se orgulhosos com a recente capa dedicada ao Torture Squad (#98). “Soneca”, novamente, explana este sentimento, e encerra nosso artigo, pois resume em suas palavras o espírito e os princípios que nos trouxeram até esta centésima edição: “Além de ter ficado feliz com a conquista do Torture, a edição #98 mostra que quem ralar de verdade, trabalhar sério, com honestidade, 24 horas por dia, suando e dando sangue por um sonho, consegue realizá-lo”.
Roadie Crew no mundo
Garantir matérias com os maiores nomes do Heavy Metal mundial todos os meses para os leitores no Brasil não é uma tarefa das mais fáceis. Os empresários e as grandes gravadoras procuram promover, e levar suas bandas principalmente para os mercados europeu, norte-americano e asiático (japonês, para sermos exatos). Algumas delas têm até respostas padrão aos requerimentos de veículos sul-americanos para entrevistas com seus músicos. Coisas como: “Veremos o que é possível, e retornaremos a vocês o quanto antes”. Balela. Apesar disso, desde o início, mesmo com dificuldades e ciente de tais obstáculos, a Roadie Crew adotou a política de dedicar cerca de 80 a 90% de seus artigos a produções realizadas por brasileiros, residentes aqui ou no exterior.
Jornalistas renomados como Mitch Lafon (Canadá), Justin Donnelly (Austrália), Christoph Müller (Alemanha), João Moura (Portugal), Keith McDonald e Michael G. Savko (EUA), não deixaram, contudo, de comparecer em várias de nossas principais edições; nem deixarão. Outros, além destes, também são absolutamente bem-vindos, e aparecerão em futuras publicações. A idéia não é, tampouco algum dia foi, pregar o nacionalismo barato. Pelo contrário, prezamos muito as colaborações que profissionais gabaritados das mais diferentes origens têm a nos trazer. Todavia, acreditamos que há relações e experiências particulares dos músicos com o nosso país e que, às vezes, apenas nós, viventes do dia-a-dia local, ou nascidos e educados aqui, podemos abordar com exatidão, sem alienar o público que confia naquilo que fazemos.
A estratégia aparentemente suicida de bancar o “fazer em casa” de uma revista de Heavy Metal na América do Sul revelou-se, aos poucos, recompensadora, prazerosa e plausível. Mantivemo-nos de pé e crescemos com o passar dos anos, conquistando respeito internacional. Conseguimos, apoiados pelos leitores, importar o mínimo e produzir o máximo possível com a mão-de-obra de nossa equipe.
Tudo isso já nos alegrava. Não obstante, queríamos ir além. Desta maneira, nos últimos quatro anos, passamos a exportar mais do que importamos. No início de 2003, a matéria com Jane Schuldiner (edição #49), – mãe do lendário Chuck Schuldiner (Death) – assinada por Thiago Sarkis, ganhou o mundo, e foi publicada em exatos vinte países e quinze línguas diferentes. Dos Estados Unidos à China. Ainda hoje, um recorde absoluto na imprensa musical do Brasil.
Comentada ao redor do globo, a reportagem chamou atenção especial de Liam Wilson, baixista do The Dillinger Escape Plan, que escreveu à seção de cartas do periódico americano Wonkavision afirmando: “O Death mudou seriamente as coisas para mim como músico quando os escutei pela primeira vez. A matéria com a mãe de Chuck Schuldiner foi maravilhosa. Obrigado!” (Wonkavision Ed. 26).
Onze meses depois, a entrevista com Steve Vai (edição #60), conduzida pelo mesmo Sarkis, estamparia a capa da Headache (Holanda), e seria destaque da Spark (República Tcheca), a qual, em agradecimento, convidou Thiago a escrever o editorial de seu número 85, de março de 2004.
Dali em diante, nosso repórter não parou mais, e registros como os que ele realizou com Paul Di’Anno (edição #61), Martin Walkyier (#67), Pain Of Salvation (#71), Def Leppard (#77), Paul Gilbert (#78), Exodus (#83), Toto (#90), e tantos outros, receberam espaço em, dentre outras revistas: PainKiller (China), Rock Street Journal (Índia), Dark City (Rússia), Rock Hard (Itália e Grécia), Miasma (Finlândia), The Rock (Tailândia), Maximum Rock (Romênia), Fireworks (Inglaterra).
Isso sem falar em Arch Enemy (#84), nos históricos artigos com Vinnie Paul (#91), Lemmy Kilmister do Motörhead (#96) e David Lee Roth (#93), os quais ilustraram as capas de Jedbangers (Argentina), Rockaxis (Chile), Popular 1 (Espanha), e Sweden Rock (Suécia).
Imagens, páginas, e textos que ficam para sempre na memória de quem trabalha há 100 edições para fazer da Roadie Crew o que ela, hoje, é: a revista de Heavy Metal e Classic Rock do Brasil.
Edição 100
Em nove anos de atividades a Roadie Crew sempre foi feita por amigos, por tantos amigos que seria impossível tentar relacionar todos que dela participaram e com ela contribuíram, num texto que pretende ser um resumo da história da revista. Mas aqueles que não tiveram seus nomes aqui citados sabem da importância que tiveram para que chegássemos à edição de nº 100. Chegar à centésima edição ainda em pleno crescimento é o resultado do trabalho de todos os que se envolveram com a revista, inclusive quem não escreve, mas que tem outras responsabilidades e cumpre um papel indispensável para que o leitor tenha nas mãos todo mês a sua Roadie Crew para curtir. Nosso aplauso e agradecimento a todos os colaboradores incluindo aqui Alexandre Oliveira, Bento Araújo, Carlos Dal Rovere, Carlos Rubio, Frans Dourado, Frederico Batalha, Ivanei Salgado, Luciano Alemão, Luiz Carlos Vieira, Luiz Mendes, Patrícia de Piero, Patrícia Terterola, Ricardo Zupa, Vinicius Neves, Cintia Diniz, Vera Diniz, Maria José Diniz, Keith McDonald, Justin Donnelly, João Moura, Cameraman Metálico, Luis Guerreiro, e muitos outros. Agradecimento especial a todos o leitores da Roadie Crew, pois sem esse suporte seria impossível realizar o trabalho que fazemos.