O guitarrista Ross ‘The Boss’ Friedman e o baixista Joey DeMaio se conheceram em 1980, durante um show do Black Sabbath no Newcastle City Hall. Ambos compartilhavam o fascínio por contos de fantasia épica e a empolgação com a Nova Onda do Heavy Metal Britânico (NWOBHM). Nesses moldes, decidiram montar o Manowar. “Queríamos ter uma aparência nunca antes vista no heavy metal,” recordou Boss em entrevista publicada na edição 332 da revista Metal Hammer, lançada em fevereiro de 2020. “Queríamos ser mais selvagens do que jeans e couro. O que seria mais selvagem (do que isso)? Pele de animal!”, disse o guitarrista recordando do visual adotado pelo Manowar naqueles tempos.
A estreia veio com o álbum Battle Hymns, de 1982, seguido por Into Glory Ride, de 1983. No entanto, os primeiros anos da banda foram marcados por dificuldades com gravadoras e falta de reconhecimento nos Estados Unidos. Enquanto outros países europeus abraçaram a banda, foi o público inglês que primeiro respondeu ao chamado, inspirando o título do álbum Hail To England, lançado há quarenta anos.
“Nossos primeiros shows foram na Inglaterra!” exalta Ross, explicando o carinho da banda pelo país. “Havia todas essas bandas da NWOBHM – Saxon, Diamond Head, Samson – que eram underground, e de repente deixaram de ser. Judas Priest sempre carregou alto a bandeira do heavy metal, e ainda carrega. O metal se tornou a linguagem daquela geração. Foi uma explosão, e foi algo incrível.”
Apesar de críticas iniciais por parte da mídia rock britânica, Ross destaca que figuras como Malcolm Dome apoiaram a banda. “Foi por isso que nomeamos o álbum Hail To England”, explica.
Em 1984, durante a turnê Spectacle Of Might, o Manowar percorreu 11 datas na Inglaterra, consolidando sua reputação com performances avassaladoras. Um episódio peculiar envolveu o Mercyful Fate, que, segundo Ross, abandonou a turnê após o primeiro show.
“Eles queriam usar nosso equipamento novo, o Wall of Voodoo. Dissemos não, e eles desapareceram depois disso”, relata Ross. Ainda assim, ele expressa respeito pelos músicos. “Eles são ótimos caras, mas sabemos o que aconteceu naquela noite.”
Com esse mesmo equipamento, o Manowar entrou no Guinness Book de 1984 pelo show mais barulhento da história, alcançando impressionantes 135 decibéis.
Hail To England também trouxe uma das canções mais marcantes da banda, Army Of The Immortals, um tributo à crescente legião de fãs. “Dissemos que, independentemente do país, cor ou raça, se você gosta de Manowar, estamos unidos em sangue e metal,” explica Ross, destacando a filosofia de união da banda.
O álbum foi fundamental para definir o gênero que ficou conhecido como power metal, inspirando bandas como Hammerfall, Blind Guardian e Sabaton. “Nós inventamos isso,” afirma Ross.
Hoje, o guitarrista celebra o legado do álbum em turnês solo. “As pessoas realmente amam. É um dos melhores álbuns de metal de todos os tempos,” conclui, com orgulho.
Essa é a história de uma banda que transformou paixão em uma irmandade global, deixando uma marca indelével no heavy metal.
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