Por Rony Junior
Em um clima propício a celebrações ao metal extremo, a produtora Bisho Extreme ofereceu aos presentes no Rock Bar Caverna Kilmister, mais uma noite insana de música pesada regada à cerveja e “hematomas” (mas não por briga e, sim, por diversão). Não é pra menos, pois o divertimento ficou por conta de duas excelentes bandas, Ethel Hunter de Curitiba, Paraná, apresentando o poder de seu Death Metal alinhado e grotesco, e Obscurity Vision de Criciúma, Santa Catarina, exalando toda a aura selvagem e tenebrosa de seu Death/Black Metal ríspido e coeso. Isso foi o suficiente para atrair gente de fora da cidade de Tubarão/SC, local do evento, com intuito de prestigiar o peso sonoro imposto por ambos os nomes, pois as “hordas” que detonaram nesta noite acumulam respeito e dedicação de seus seguidores, tanto aqui no sul do país como em outras localidades do Brasil.
Antes de iniciar a primeira parte do evento os bangers mais ansiosos se distribuíam à frente do palco que elevava-se a poucos centímetros do nível do chão, enquanto que o restante do quantitativo de fãs adentrava ao ambiente e se reencontrava, este era o momento para rever os amigos, trocar ideias e “calibrar o fígado” tomando aquela cerveja gelada no ponto zero. Pouco antes de o primeiro riff ecoar, uma horda despertou das profundezas, aumentando a expectativa do público e incendiando a noite. Já passava das 00h00 quando a Obscurity Vision abriu o set de forma soturna. A banda começou com uma intro soando como um mergulho em um mundo gélido, preparando a todos para um repertório cheio de maldade e agressividade. Apesar de a banda ser anfitriã, faltava a muitos presenciar os riffs cortantes e diretos, que atravessam os 52 minutos do álbum “Dark Victory Day”, debut lançado em 2017.
Com o novo baixista Thiago Junglaus, que passou a integrar a banda em setembro, os caras mandaram uma sonzeira sem frescura, sim, esta é a principal fórmula do quinteto completado por Rafael Vicente (vocal), Luiz e João Rodriguez (guitarras) e Luiz Trentin (bateria). Esteticamente caracterizada de forma peculiar, a banda estava em uma sintonia para ninguém botar defeito, dessa forma, com o som brutal executado por estes “demônios”, instintivamente despertaram a ânsia do público que iniciou a loucura no mosh pit. O empurra-empurra, cotoveladas, cabeçadas ao ar e passos desenfreados ganhavam mais reforços no decorrer do tempo. Vale destacar músicas que mais atingiram o espírito das pessoas, como “I Can See” (que possui videoclipe no youtube), “Violência” (que também dispõe de lyric video), “Obscurity Creation” e “Dark Victory Day”, todas de seu aclamado full length. Ótima apresentação da horda que cumpriu seu propósito perfeitamente e fez gear em pleno verão catarinense.
E para encerrar a noite apocalíptica, era a vez da brutalidade paranaense da Ethel Hunter, que estreou oficialmente em 2014 com o EP “No Man Is Truly Free”. Pela primeira vez por estes lados da região, a banda chegou com sua turnê nominada “Darkest Tour – SC”, excursão que, além de Tubarão, passou por outras cidades do estado visitado, como Rio Negrinho e Blumenau. A apresentação foi sinistra, todos ficaram admirados com a insanidade constante em suas músicas, realmente os caras têm sangue nos olhos!
Com as raízes cravadas no Death Metal old school e algumas influências do que há de melhor no Thrash Metal, o vocalista e baixista Hernan Rodrigo Borges espancava o baixo soltando um gutural infernal, o baterista Weliton Lisboa metralhava com um blast beat ensurdecedor, enquanto que os guitarristas Gerson Watanabe e Alexandre Walter descarregavam riffs poderosos, fazendo a alegria do público batedor de cabeça e que, de fato, foi o estopim para um dos moshes mais marcantes da noite.
Ao final do evento não faltavam elogios às bandas, produtora e organização, mais uma vez o público do Death e Black Metal sai dali com o sorriso estampado no rosto e com o pensamento de que o underground é, além de tudo, um estilo de vida, é ali que todos se esquecem dos problemas e das crises, não há dinheiro que pague pela energia recebida em lugares como este.
Agradecimentos à produtora Bisho Extreme e Caverna Kilmister, parceria que impulsionou a cena na região, às bandas Obscurity Vision e Ethel Hunter pelas excelentes apresentações e espera-se que o retorno ao palco do Caverna Kilmister seja em breve. Prosperidade!