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ODIN’S KRIEGER FEST 2017

Uma coisa é certa: em algum lugar do Valhalla a cerveja, o hidromel e a festa estão rolando sem parar. Afinal de contas, a cena folk, viking e pagan metal tem crescido de maneira vertiginosa no mundo, e os presentes nesta mais nova edição do já tradicional Odin’s Krieger Fest, um dos melhores festivais brasileiros do gênero, puderam testemunhar e fazer parte deste crescimento. Cerca de oito meses depois de sua ‘Heathen Edition’, que trouxe pela primeira vez ao Brasil os holandeses do Heidevolk em uma apresentação sensacional em São Paulo, o Odin’s Krieger chegou com outra novidade, desta vez, a estreia de outros holandeses, do Rapalje.

E a festa começou cedo. Como entramos um pouco antes do início do primeiro show da tarde pudemos conferir a feirinha medieval, organizada em parte do mezanino do Tropical Butantã, e vale dizer que este espaço é um dos ‘charmes’ deste tipo de evento. Tinha um pouco de tudo lá: além do indispensável combustível das festas pagãs, o hidromel, existia uma grande variedade de produtos, desde peças de vestimenta, elmos, pinturas, joalheria, tudo o que você possa imaginar para tornar um evento como esse em algo especial e digno da memória. Também não deixa de ser interessante a escolha do local para o evento, já que o Tropical oferece a estrutura certa: um salão amplo que acolhe muitas pessoas, mesinhas dispostas nos fundos da pista, para aqueles que querem retomar o fôlego, ou degustar de uma boa bebida e lanches, e, não menos importante, é próximo da estação Butantã do metrô, o que torna o acesso rápido e fácil. Com bom ambiente, e boa oferta de itens artesanais a disposição do público, só nos restava conferir a música.

E ela começou a rolar cedo, por volta das 15h, com a banda Hagbard. Como é comum acontecer com a banda que inicia um evento de longa duração, os mineiros tocaram com a casa ainda consideravelmente vazia, mas sua performance não mostrou abatimento. O vocalista, Igor Rhein, em determinados momentos, faz lembrar a performance e o timbre de Johan Hegg (Amon Amarth), o que é sempre um elogio para bandas que procuram equilibrar peso e melodias, o que é justamente o caso do Hagbard. O grupo apresenta composições fortemente marcadas pela melodia, mas que caminham com desenvoltura pelos caminhos mais pesados.

A boa performance dos músicos evidenciou as composições nas quais os teclados bem encaixados oferecem uma base estrutural firme, onde vocais limpos e rasgados convivem em harmonia. As guitarras deram o principal toque de peso a apresentação, enquanto os vocais limpos e os teclados trabalhavam à exaustão as partes melódicas. Com um público já em bom número e participativo na metade da apresentação, o show ganhou ainda mais vigor, e foi interessante observar como a iluminação pode influenciar na percepção de um show. Em momentos, ela era mais escura, marcada por tons de laranja e vermelho, gerando a impressão de que a banda tocava diante de fogueiras noturnas; em outros momentos, ela era mais clara e marcada por tons esverdeados, sempre com bastante fumaça cênica, que garantia a ‘névoa’ e o ‘frio’ da Europa medieval. Um show para os ouvidos e para os olhos, que encerrou com “Let Us Bring Something for Bards to Sing”, presente no primeiro disco, “Rise of the Sea King”, de 2013.

A segunda da tarde foi a Confraria da Costa, única das bandas que esteve presente também na ‘Heathen Edition’, de novembro passado em São Paulo. O cheiro agridoce do rum anunciou o início da apresentação dos piratas, com bumbo e violino puxando os aplausos da plateia, já devidamente acostumados com o espetáculo da banda. Caracterizados de piratas, e apostando em um som que mistura bateria, baixo e guitarra tradicionais do rock com saxofone, banjo, violino e letras que parecem um Running Wild bêbado até os ossos, a banda definitivamente agradou. Faixas como À Deriva e És Cadavérico!, do debut de 2010 foram bem recebidas, mas a coisa ficou grandiosa mesmo com a execução de “Cia de Canalhas” e “Preparar.. Apontar.. Fogo!!”, que causaram alvoroço entre os fãs.

Era então chegada a hora da presença inegavelmente mais extrema do festival, com os santistas do Hugin Munin. E foi muito legal esta presença extra de peso! Com o vocalista Surt usando pintura de batalha na cara, e variando vocais urrados de death metal com rasgados de black metal, o cara comandou a festa, e o quinteto rapidamente cativou a atenção de todos os presentes. O som, agora fortemente marcado pelos riffs de guitarra deu uma nova dimensão ao espetáculo, que novamente mostrou-se bem organizado, e novamente a iluminação jogou a favor da banda.

Entendendo que este não era o show certo para um clima de ‘noite na taverna’ ou ‘luau na floresta’, o palco permaneceu sempre bem iluminado, o que ajudou para que acompanhássemos cada movimento da banda no palco, realmente muito bacana e inteligente. Mais interessante ainda ficou quando Surt anunciou que este show estava sendo gravado para o lançamento do primeiro registro ao vivo do grupo, “Mighty Thunderstrike: Live at Odin’s Krieger Festival”, a cereja no bolo neste show comemorativo de dez anos do Hugin Munin.

Era então chegada a vez dos mineiros do Tuatha De Danann. E, para aqueles que questionam o motivo desta banda ser tão frequente nos palcos paulistanos, a resposta foi dada pela própria banda, com um repertório consistente, repleto de composições acima da média e bem conhecidas de qualquer headbanger. Impossível não se divertir e não se impressionar com uma apresentação de uma das pioneiras e mais importantes bandas de folk metal do Brasil. A apresentação começou com “We’re Back” e “Rhymes Against Humanity”, duas canções de seu mais recente disco, “Dawn of a New Sun”. Assim, os mineiros já tinham garantido a empolgação do público, que ainda vibraria mais com “Believe: It’s True” (Trova Di Danú, 2004) e as seminais “Battle Song” e “Tan Pinga Ra Tan”, de “Tingaralatingadun” (2001).

O melhor show da noite seguiu firme com “The Dance of Little Ones”, que Bruno Maia apresentou como “uma música da época dos cogumelos, quando a gente estava meio atrapalhado das ideias”, e que, com seu clima contagiante, levou muitos a improvisarem danças, que iam desde as tradicionais danças irlandesas excelentemente executadas, até a passos meio desajeitados de samba e saltos dignos de cossacos ucranianos. Pois é, Sr. Maia, pelo visto até hoje esta música ainda deixa muita gente ‘atrapalhada das ideias’, então, parabéns ao Tuatha de Danann pela sua criação. O show terminou com “The Last Worlds” (“The Delirium Has Just Began…”, 2002), e Bruno Maia agradeceu a presença de todos, exaltando o quanto é bom ver a cena folk crescendo no Brasil.

Era então chegada a hora da estreia, com o Rapalje. Para aqueles que nunca ouviram falar da banda, lá vai o troféu “You Know Nothing, Jon Snow” da noite: o grupo é uma das grandes forças do cenário folk europeu, e tem até fã clube ativo no Brasil, e foi responsável pela presença de boa parte do público no festival. Embora nos seus primórdios a banda tenha flertado com o rock e algo mais metal, ela investe no verdadeiro folk. É aquela música impossível de ser datada com precisão, já que vem passando de geração em geração há séculos, sendo ensinada pelos mais velhos aos mais novos, e que representa a mais fiel representação do que pode ter sido de fato a música medieval.

Não deixou de ser impressionante ver que, mesmo sem baixo, bateria, guitarra e teclados, os caras conseguiram cativar e levar tantos a cantar junto, principalmente levando-se em consideração que nem tudo o que a banda canta seja em inglês. Amor e dedicação dos fãs, que foram brindados com uma banda simpática e divertida, que se mostrou extremamente satisfeita por estar por aqui, e que embalou a festa com canções tradicionais, como “Zeven Dagen Lang” (alguém aí curte Bots?), que claro, recebeu uma acolhida calorosa, repleta de aplausos e até alguns gritando a letra.

Com a festa do Rapalje, a festa de Odin chegou ao seu fim, nos fazendo contar os dias para a próxima edição, já imaginando o quanto seria bacana ver gente como In Extremo e Tengger Cavalry por aqui. Ah, sim, isto seria ótimo!

 

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