fbpx
Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

OPEN THE ROAD FESTIVAL V Mystifier, Morcrof, Farscape, Tokyo Blade e Satan

Por Ricardo Batalha e Leandro Nogueira Coppi / Fotos: Ricardo Ferreira

Perto de gigantes como Iron Maiden e Saxon, o público que comparece aos shows de outros grupos da New Wave Of British Heavy Metal pode até ser considerado pequeno. No quesito empolgação, no entanto, a coisa se equipara, pois os que estiveram em mais um festival da produtora Open The Road no último sábado, 21 de maio, estavam eufóricos para rever o Satan e conferir o Tokyo Blade pela primeira vez em ação no Brasil. O “Open The Road Festival V”, realizado na Clash Club, na região da Barra Funda, em São Paulo, ainda contou com a presença das bandas brasileiras Mystifier (BA), Morcrof (SP) e Farscape (RJ).

Ainda com um número bastante escasso de pessoas na plateia, o Morcrof seguiu a risca o horário determinado e iniciou o evento às 16h30, entrando em cena trazendo para os poucos headbangers que ali estavam, o Doom/Black Metal que pratica há quase um quarto de século. Como abordagem lírica, o grupo apresentou temas que tratam sobre filosofia, ocultismo, misticismo e existencialismo humano. Após introdução, o ‘line up’ que é composto por Eziel Kantele Väinö (vocal), R’Bressan e Pétros Nilo (guitarras), Paullus Moura (baixo) e R’Herton (bateria), executou as partes I e III de “The Judgement Of Demigod”, antes de dar sequência com as sorumbáticas “In Monolitus Ex Auorum Spiritus Mundus” e “Preconceptual Genesis Circularis Elementarum Existentian”.

Ainda que a regulagem do som não tenha colaborado tanto, ao menos não comprometeu a apresentação da banda que, apesar de ter lançado vários materiais ao longo de sua carreira, conta apenas com um único ‘full- length’, “Machshevet Habriá (Myths And Conjectures Of Creation)”, que foi lançado em 2005. Rapidamente, o quinteto ia despejando músicas extensas, que alternavam passagens arrastadas a outras mais rápidas, o que refletia em uma sonoridade tão densa quanto à performance. O vocal insano de Eziel, somado ao peso das guitarras, chamavam tanto a atenção quanto a técnica de R’Herton e Paullus – baixista de presença de palco singular –, que formam uma cozinha bastante entrosada. Sem tempo de respirar, o Morcrof mandou “Portae Ex Solis Svrsvm Aqvilonem” e encerrou a sua participação com “Proliferous Equilibrium Of Fohat”, ganhando o respeito de quem estava lá para prestigiá-lo.

Após alguns minutos, o Black Metal ‘old school’ do Mystifier invadiu o local. Sorcerer Do’Urden (vocal, baixo e teclado), Beelzeebubth (guitarra) e Poisonous (bateria), seguem fazendo vários shows pela sua “Demystifying The World With Profanity World Tour 2016/2017” e em jornada dupla, fez dois shows neste mesmo dia – após o “Open The Road Festival V”, o grupo correu e se apresentou no Arena Metal, pelo “Apocalipse Fest”. Antes de tudo, o comunicativo Beelzeebubth falou para os bangers que já marcavam presença em número razoável: “Vivi os anos 80 e é um prazer dividir palco com Satan e Tokyo Blade. Apesar de tocarmos Black Metal, eu adoro Heavy Metal e nasci ouvindo Judas Priest, Iron, Motörhead e Black Sabbath.” E antecipou: “Decidimos tocar hoje as nossas músicas mais cadenciadas e esperamos que vocês curtam.” Mas, ao contrário do que o guitarrista disse, Sorcerer Do’Urden puxou a frase “Attack fire against fire, when your enemies attack you”, que revelou o início com a veloz “Give The Human Devil His Due”.

Na sequência sim a banda mandou a arrastada “An Elizabethan Devil – Worshipper’s Prayer Book”, do ‘debut’ “Wicca” (1992). Falando em “Wicca”, Beelzeebubth comentou: “Quando lançamos nosso primeiro álbum, nem imaginávamos onde iríamos chegar. Só que o foda é que é mais fácil tocar com nossos irmãos do Rotting Christ na Europa do que no Brasil. Espero que isso mude e que acabemos com esse preconceito filho da puta, pois o Metal nacional existe e é forte. ‘Hail’ para Sarcófago, Sepultura, Vulcano, MX, Harppia e todas as bandas fudidas daqui.” Foi a deixa perfeita para “Nightmare” do Sarcófago, banda que nitidamente influenciou o Mystifier. Era interessante a performance de Do’Urden que, além do vocal e do baixo, fazia alguns efeitos e bases com o teclado em certos momentos. O que veio a seguir foi uma sequência malévola e profana, que terminou com “The True Story About The Pact Of Doctor Faust’s With Mephistopheles”. Do começo ao fim, o Mystifier contou com uma ótima qualidade de som e realizou o melhor show entre as bandas nacionais.

Às 18h30 foi a vez dos thrashers do Farscape – banda mais nova do evento, com “apenas” dezoito anos de estrada – mostrar o porquê de ser considerado um dos melhores grupos cariocas de Thrash Metal dos últimos tempos. Em todos esses anos, o Farscape jamais mudou de formação e até hoje é integrado por WitchCaptor (vocal e guitarra), Poisonhell (guitarra), Whipstriker (baixo) e Skullkrusher (bateria). Com todos esses pseudônimos e uma movimentação de palco empolgante e contagiante por parte da linha de frente, o quarteto chegou rápido como um tiro, alvejando os headbangers com “Demon’s Massacre”.

O set programado para este evento foi curto. Com isso, justamente as músicas do álbum mais recente, “Primitive Blitzkrieg” (2013), foram deixadas de lado. Sendo assim, o grupo baseou o set em músicas de seus outros dois álbuns, “Demon’s Massacre” (2003) e “Killers On The Loose” (2006). O som dos cariocas é bastante influenciado por Kreator antigo e isso fica explícito, principalmente pela voz e pela forma de cantar de WitchCaptor, que lembra muito o estilo de Mille Petrozza. Destaque para a pegada e a destreza de Skullkrusher, baterista que dita a velocidade desta banda que não dá chances de ninguém tomar fôlego. Em relação a qualidade de som, ela foi se acertando ao longo do set. Quando tocaram “Thrash Until You Drop”, ficou claro que tinha a ver o Farscape participar desse evento, pois a influência da N.W.O.B.H.M. se fez presente, principalmente no solo com guitarras gêmeas. “Celebrante My Death” e “Violent Sacrifice” mantiveram a velocidade e anteciparam a música “Carrasco Do Metal”, que até hoje é a única da banda a ser composta em português. Nessa, WitchCaptor dividiu os vocais com Whipstriker. Mas foi com “Killers On The Loose” que o Farscape finalizou a sua pancadaria.

Com cerca de meia hora de atraso, o vocalista Chris Gillen e os veteranos Andy Boulton e John Wiggins (guitarras), Andy Wrighton (baixo) entraram no palco sem a menor pompa e fizeram os ajustes nos equipamentos e de volume dos monitores para então começar a apresentação do Tokyo Blade. Gillen, à frente, questionou: “Podemos começar agora?”. Depois, ele olhou para traz e viu que o baterista Steve Pierce ainda não estava no palco. “Sabia que estava esquecendo alguma coisa”, brincou o vocalista. Com todos no palco e depois de mais alguns ajustes, o set enfim começou com “Death on Main Street”, lado B do single “Powegame”, de 1983.

“Someone to Love” entrou na sequência e aí o público vibrou com mais intensidade. Não adianta tentar argumentar, os fãs de Tokyo Blade simplesmente idolatram o álbum “Night Of The Blade” (1984), segundo da discografia e primeiro a contar com o vocalista Vic Wright. A surpresa, no entanto, ficou por conta do atual frontman, pois Gillen segurou bem do início ao fim do show, com uma performance acima da média tanto em músicas da fase com Alan Marsh como nas gravadas por Vic Wright. Ele agradeceu a todos que, ao final de “Someone to Love”, gritavam o nome da banda. “Break the Chains”, do álbum de estreia homônimo de 1983, manteve a adrenalina em alta com riffs típicos da NWOBHM de Boulton e Wiggins. Mais uma vez, em meio aos gritos “Tokyo Blade! Tokyo Blade!”, Gillen brincou dizendo que deveriam tocar uma balada, mesmo sabendo que todos esperavam por “Night of the Blade” e “If Heaven Is Hell”, e aí foi a vez da versátil “Dead of the Night”, que começa mesmo como uma balada, vai crescendo e desemboca em uma parte com guitarras gêmeas que tanto inspiraram o nosso Viper.

O set seguiu com “Lightning Strikes (Straight Through the Heart)”, mais uma de “Night Of The Blade”, e a acelerada “Mean Streak”, introduzida pela batera de Steve Pierce que, por sinal, também deu início ao Hard N’Heavy de “Love Struck”. Porém, o momento mais aguardado por todos que lá estavam, veio com “Night of the Blade”. A coisa pegou fogo e os fãs cantaram as linhas da faixa título do disco de 1984. “If Heaven Is Hell” também obteve grande acolhida do público, que ainda saudou o baixista Andy Wrighton,  aniversariante do dia. “Long Live Rock ‘n’ Roll” do Rainbow encerrou o show. Os músicos se despediram com Gillen dizendo que o Satan estava a caminho. Por mais que seja sempre merecida uma homenagem ao saudoso mestre Ronnie James Dio, ficou a tristeza por não terem apresentado sons como “Powergame” (um crime!), “Unleash the Beast”, “Sunrise in Tokyo”, “Rock Me to the Limit”, “Warrior Of The Rising Sun” e “Midnight Rendezvous”. Talvez numa próxima…

Retornando ao Brasil após ter se apresentado no mesmo Clash Club, o Satan segue promovendo seu mais recente trabalho, “Atom by Atom” (2015). O que nem o mais otimista dos fãs da NWOBHM poderia imaginar era rever o grupo inglês em tão pouco tempo, já que sua primeira passagem pelo País ocorrera há pouco mais de um ano, também em um festival da produtora Open The Road. Além disso, o vocalista Brian Ross também esteve por aqui com o Blitzkrieg em novembro último. Com sua formação clássica, Brian Ross, Steve Ramsey e Russ Tippins (guitarras), Graeme English (baixo) e Sean Taylor (bateria) iniciaram o set, após a ‘intro’, com a veloz “Siege Mentality”, de “Life Sentence” (2013). Sem pausa, em meio aos gritos de “Satan! Satan”, mandaram “Incantations”, também de “Life Sentence”. Ao final, os gritos de “Satan! Satan” se seguiram até que Brian Ross agradeceu e falou pela primeira vez com o público. “É engraçado e vocês, provavelmente já ouviram isso antes, mas vou falar mesmo assim porque eu posso: ‘em que outro lugar você pode ver tanta gente gritando ‘Satã’ e ficar tudo bem?’ Pensem nisso”, disse, com seu humor ácido. Por sinal, Ross estava mais teatral e parecia mais sério que o normal. A voz, no entanto, estava impecável, não deixando de lado seus tradicionais agudos. O vocalista explicou que fariam músicas de “Court in the Act”, “Life Sentence” e “Atom by Atom”. “Seria muito óbvio se eu anunciasse que iríamos tocar uma de ‘Atom by Atom’ e falasse que era a própria ‘Atom by Atom'”, disse antes de anunciar a rápida “The Devil’s Infantry”, destacando as guitarras sempre trabalhadas de Ramsey e Tippins e o trecho em que Ross canta “Fight / March / Obey / We are foot soldiers of evil”.

Mantendo a acidez de humor, Ross explicou que só falava inglês e não estava compreendendo os pedidos dos fãs. “A coisa estranha é que os ingleses geralmente são arrogantes porque acreditam que não precisam aprender outra língua. Não sou assim, mas não tive tempo”, disse o vocalista antes de anunciar “Twenty Twenty Five”, de “Life Sentence”. Antes, porém, falou da camiseta que estava usando com a imagem de um ‘tardis’, que é uma máquina do tempo fictícia que aparece na tradicional série britânica de ficção científica “Doctor Who”. Vidrado em filmes, explicou sobre viajar no tempo, esperando que a letra da música se mantivesse assim e que servisse com uma profecia. A empolgação foi maior, porque os riffs com palhetadas abafadas de “Twenty Twenty Five” ajudaram na agitação de no headbangin’. Depois, Ross perguntou aos fãs qual música de “Court in the Act” deveriam apresentar, ironizando que não existe nenhuma do Satan chamada “Court in the Act”, mas existe uma em um disco do Blitzkrieg – no caso, “Ten”, lançado há dez anos.

O vocalista continuou com o humor britânico, comentando que a música seguinte tinha o título de outra inglesa, mas que o Satan não tinha um clipe com os músicos vestidos de mulher. Claro, a ironia era com o Queen e a música em questão era a clássica “Break Free”, de “Court In The Act”. Depois de uma das mais saudadas do set, em meio a gritos “Satan! Satan”, Ross ainda explicou a um fã que estava pedindo “Key to Oblivion”, do EP “Into the Future” (1986), que não poderia tocá-la porque o vocalista era outro. Ele manteve seu habitual lado irônico, mas foi até meio duro: “Você deveria ir para sua casa e ver a foto do disco. Não sou eu. Por mais que queira tocar ‘Key to Oblivion’, não tive tempo de aprender ainda.” Depois, explicou o teor da letra de “Atom By Atom”. Os fãs agitaram nas palhetadas abafadas da música e nas variações de Ramsey e Tippins.

Na sequência veio a antiga “Oppression”, presente na demo de 1981 e gravada originalmente com Trevor Robinson no vocal, e que também consta no ao vivo “Blitzkrieg in Holland” (2000). Os músicos seguiram agitando no palco, especialmente a dupla Ramsey e Tippins e o baixista Graeme English. Depois, com a intro “Into the Fire” rolando nos PA’s, todos sabiam que “Trial by Fire” estava por vir e agitaram durante a performance energética deste clássico que define o estilo musical do Satan. A empolgação se manteve com “Blades of Steel”, outro hino do álbum de estreia. Após a aula de Heavy Metal Tradicional, Ross agradeceu o público e falou que tocariam mais uma do novo álbum: “Farewell Evolution”.

Caminhando para o final do show, Ross disse que não iria recusar um pedido e então veio “Cenotaph”, encerrando com “Testimony”, outra de “Life Sentence”. Sem bis, saíram sob aplausos e gritos de “Satan! Satan!”. Obviamente faltaram outros clássicos, mas que tinham sido apresentados anteriormente no primeiro show por aqui. Porém, duvido que as pessoas que lá estavam iriam reclamar se tivessem visto “Hunt You Down”, “No Turning Back”, “Broken Treaties”, “Alone in the Dock” e a instrumental “The Ritual”. Aguardemos, pois a produtora Open The Road não brinca em serviço.

SATAN – Setlist:
Siege Mentality
Incantations
The Devil’s Infantry
Twenty Twenty Five
Break Free
Atom By Atom
Oppression
Into The Fire / Trial By Fire
Blades Of Steel
Farewell Evolution
Cenotaph
Testimony

TOKYO BLADE – Setlist:
Death On Main Street
Someone To Love
Break The Chains
Dead Of The Night
Lightning Strikes (Straight Through The Heart)
Mean Streak
Love Struck
Night Of The Blade
If Heaven Is Hell
Long Live Rock ‘n’ Roll (Cover do Rainbow)

FARSCAPE – Setlist:
Demon’s Massacre
Assassin
Thrash Until You Drop
Celebrate My Death
Violent Sacrifice
Carrasco Do Metal
Killers On The Loose

MYSTIFIER – Setlist:
Give The Human Devil His Due
An Elizabethan Devil – Worshipper’s Prayer Book
Nightmare (Cover do Sarcófago)
Unspeakable Dementia (Utter Nonsense)
Dare To Face The Beast
Cursed Excruciation / The Sinuous Serpent Of Genesis (Leviathan)
Beelzeebubth
The Real Of The Antichristus
The True Story About The Pact Of Doctor Faust’s With Mephistopheles

MORCROF – Setlist:
Intro
The Judgement Of Demigod I & III
In Monolitus Ex Auorum Spiritus Mundus
Preconceptual Genesis Circularis Elementarum Existentian
Portae Ex Solis Svrsvm Aqvilonem
Proliferous Equilibrium Of Fohat

Compartilhe:
Follow by Email
Facebook
Twitter
Youtube
Youtube
Instagram
Whatsapp
LinkedIn
Telegram

MATÉRIAS RELACIONADAS

EXCLUSIVAS

ROADIE CREW #278
Janeiro/Fevereiro

SIGA-NOS

43,6k

57k

17,3k

1k

22,4k

Escute todos os PodCats no

PODCAST

ROADIE SHOP

SIGA-NOS

Cadastre-se em nossa NewsLetter

Receba nossas novidades e promoções no seu e-mail

Copyright 2024 © All rights Reserved. Design by Diego Lopes