Dando continuidade à maratona Metal do mês de agosto – veja “Roadie Blogs” –, após ter presenciado as dez bandas no “Die Fight Metal Battle” no sábado (18), em Sorocaba (SP), e uma visita a uma churrascaria em Tatuí no domingo (19), onde confraternizei com velhos amigos, era hora de voltar à São Paulo para fazer a cobertura do “Open The Road Festival”. Trazendo pela primeira vez ao Brasil os alemães do Assassin, lenda do Thrash germânico, o evento ainda contou com as bandas pioneiras Vulcano e Anthares, além do Blasthrash, fazendo a alegria dos bangers que lotaram o Manifesto Bar, apesar dos problemas que serão relatados a seguir.
O atraso na passagem de som do Assassin acabou retardando a abertura das portas e, consequentemente, o início dos shows, prejudicando assim o Anthares, que abriria a noite. Outro fator crônico e que prejudicou o público foi a desorganização da casa quanto aos ingressos vendidos pela internet. Alheio a tudo isso, o Anthares colocou a casa abaixo tocando clássicos do play “No Limite da Força”, lançado em 1987 e que soa magnífico até hoje, principalmente “Fúria”, música preferida deste que vos escreve, além de “No Limite da Força”, “Paranóia Final”, dentre outras.
As novas composições soam infernais e todos aguardam o segundo disco. No set list, que obrigatoriamente foi reduzido, havia o cover para “Paranóia Nuclear”, do Ratos de Porão, gravado recentemente para um tributo à banda de Gordo & Cia. E para quem duvida que os “tiozinhos” não mandam ver, sugiro presenciar um show deles e duvido que ficarão parados… Topperman e Mauricio Amaral (guitarras), Pardal Chimello (baixo), Evandro Jr. (bateria) e o “bebê” da turma, o vocalista Diego Nogueira, sabem como fazer um show empolgante!
Na sequência veio o Blasthrash, tocando numa velocidade empolgante e foi quando se iniciaram as primeiras rodas e “stage diving”. Mesmo contando com apenas um disco em sua discografia, o quinteto tratou de incendiar o Manifesto com sons do ‘debut’, “Violent Just For Fun”, destacando “Freedom Lies Dead”, “Like a Living Dead”, “Psychotic Minds” e “Possessed by Beer”.
A presença de palco dos músicos é intensa, tendo Dario Viola à frente, cantando como se não houvesse amanhã. Henrique Perestrelo e Hugo Golon (convidado especial, integrante do Infected, Side Effectz) comandaram o massacre de riffs, enquanto Diego Nogueira (baixo) e Rafael Sampaio (bateria) seguravam a pancadaria com total segurança e sempre agitando. Que venha um novo disco o quanto antes!
Até então o público já havia se soltado um pouco com o Blasthrash, mas foi com o Vulcano que o local virou um inferno… Falar da importância da banda santista para o Metal nacional é chover no molhado, mas é sempre bom assisti-los, mesmo que com o set list reduzido e não contando com a presença do lendário guitarrista Zhema Rodero que, devido a problemas pessoais, não participou do show.
Reduzido a quarteto, Luiz Carlos Louzada comandou o massacre com sua voz potente e agressiva, incitando todos logo de início anunciando que os portais do inferno se abrissem… E foi com “Witche’s Sabbath” que eles realmente se abriram, num êxtase geral! A empolgação foi tanta que o público agitava de forma brutal, abrindo rodas e saudando esta que foi um dos precursores do Metal extremo latino-americano.
A sequência com sons novos foi igualmente aniquiladora, atingindo o ápice com as clássicas “Total Destruição” e “Guerreiros de Satã”. “Eu sou o quinto cavaleiro do apocalipse…” foi entoada por todos numa única voz, algo no mínimo emocionante. Também foram tocadas músicas de outros álbuns, recebidas com o devido entusiasmo. A sensação que fica é a de querer revê-los o mais rápido possível, não deixando de comentar a atuação do mestre Arthur Von Barbarian, que engana por seus cabelos brancos mas esmurra as peles com força e vigor de fazer inveja a novatos. Showzaço!
Pela primeira vez em território brasileiro, os alemães do Assassin deixaram todos boquiabertos com sua apresentação em São Paulo. O Assassin desembarcou no país em agosto para dar inicio a “Doomsday Prevent Tour 2012”. Contando com o lendário Michael Hoffmann (ex-Sodom) na guitarra, o grupo vem divulgando seu último trabalho, o box-set “Chronicles of Resistance”, contendo todas as músicas dos álbuns “Upcoming Terror ” e “Interstelar Experience”, com mais alguns bônus. “The Club” e “Breaking the Silence”, este último lançado no ano passado, completam a discografia desta que é uma das maiores bandas alemãs de todos os tempos e que provou isso “in loco”!
Nem é preciso falar da competência dos músicos, principalmente no que se diz respeito à presença de palco… Quanta loucura! Tudo isso foi refletido na recepção da galera, que não cessou até o final, abrindo rodas e mais rodas, num mar de “coletes de patches”, cabelos esvoaçados, punhos erguidos e alguns corajosos de atirando do palco. O set list foi alterado durante o show, e quem estava lá provou conhecer a banda, cantando junto o tempo todo. Não importa se você tem o vinil ou o MP3, o que importa é estar ali e presenciar tamanho massacre! A música que dá nome à banda foi o momento alto da noite, tendo inclusive um fã subindo no palco e cantando o refrão junto com o vocalista Robert Gonnella. “Go, fight, kill… ASSASSIN!”
A clássica “Bullets” também foi tocada, sendo pedida por muitos e prontamente atendida. As músicas do novo álbum soaram coesas ao vivo, já que se trata de um lançamento de qualidade e que merece uma audição no talo… No mais, foi uma apresentação bem divertida, ainda mais em seus momentos finais, só quem estava lá pra entender a bagunça de Michael Hoffmann, que até entoou “Mosca na Sopa” do eterno Raul Seixas, faixa esta que foi sampleada no álbum “The Club”.
A produtora Open the Road não poderia ter comemorado seus seis anos de atividades de forma diferente, com ótimo público e shows incríveis, e por mais que o som estivesse oscilando bastante, todos saíram de lá com a alma lavada, ainda que cansados e tendo que encarar a fatídica segunda-feira…