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OPETH – IN CAUDA VENENUM [9,5/10]

Em seus quase trinta anos de jornada musical, o Opeth já fez de tudo um pouco, já enveredou por muitos caminhos, e se deu bem em todos. Muito disso é ‘culpa’ do seu líder, Mikael Åkerfeldt, que parece ter assumido como sua a missão de criar um mundo musical sem fronteiras ou barreiras. Em seu novo álbum de estúdio, ele novamente apareceu com uma ideia intrigante: criar duas versões do mesmo álbum, uma na sua língua natal, o sueco, e outra em inglês, como costumeiro. A ideia não é nova, o Sabaton já fez isso, e por aqui o Ratos de Porão fez o mesmo com versões em português e inglês. Mas o que intriga é que, ao colocar para tocar, o ouvinte não se sentirá ouvindo o mesmo álbum.

In Cauda Venenum é um álbum complexo, pois é trabalhado com emoção e exige emoção para ser completamente assimilado. Após a introdução, primeira música, Svekets Prins/Dignity mostra muitas mudanças de andamento, com cada uma delas trazendo um novo humor para a música, o que não altera apenas o seu ritmo, mas a emoção de todo o ambiente que nos cerca. Melodias incríveis e ótimas passagens acústicas criam uma paisagem quase palpável, que nos encanta e cerca por mais de seis minutos. Hjärtat Vet Vad Handen Gör/Heart In Hand, com seus mais de oito minutos, funciona como uma espécie de ‘tour de force’ do talento criativo de Åkerfeldt. Guiada a partir de um riff inicial simples, a música viaja por ambientes melódicos variados, mostra um refrão bonito, e decai vertiginosamente em linhas de violão e voz tão lindas quanto simples e bem arranjadas.

A próxima, Next To Kin (usarei apenas o título em inglês de agora em diante, por razões práticas) tem clima sombrio e modorrento, com linhas vocais bastante inteligentes, e a ‘balada’ Lovelorn Crime é extremamente bela e tocante, uma canção que é como uma amiga que você conhece há décadas, uma amiga que você preza e em quem confia. Outras canções são menos confortáveis: Charlatan é uma viagem rítmica repleta de psicodelia, e The Garroter é um belíssimo jazz inserido em um disco de rock. Já Universal Truth é um arrombo progressivo, que parece mesclar o Yes de Starship Trooper com o Uriah Heep de Rainbow Demon, em um contexto musical só conhecido e possível para o Opeth. Após a bonita mas pouco memorável Continuum, o álbum encerra com All Things Must Pass, uma música extremamente delicada e bela, uma peça longa, que parece não acabar nunca, e que traz como mensagem para o ouvinte a lembrança de que um dia tudo acabará. É, todos conhecemos o bom humor de Åkerfeldt.

Por fim, fica a dica: são duas versões para um mesmo álbum, mas com duas experiências diferentes. Se você procura algo levemente mais ríspido, mais cheio de arestas, opte pela versão em sueco. Se quer algo mais suave e contido, a versão em inglês é a mais indicada.

 

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