Devagar, a cena underground vai mostrando que é possível fazer bons festivais com cast digno e preço justo, como o “Oz Storm Fest”, realizado na cidade de Osasco e que apresentou no último sábado do mês de junho um cast poderoso. Quatro grandes nomes do Metal nacional – Krisiun, Ratos de Porão, Korzus e Nervosa – se uniram aos grupos locais Haavok e No Way, para se apresentar em um local grande e com boa estrutura, o Centro de Eventos Pedro Bortolosso.
Programado para iniciar às 14h, devido ao jogo do Brasil nas oitavas de final da Copa do Mundo, teve início uma hora depois com a banda No Way. Sem se importar que o público ainda chegava ao local, o quarteto formado por Diana Arnos (voz), Rodrigo Alves (guitarra), Cabeça (baixo) e Daniel Bianchi (bateria) recepcionou os presentes com um metal tradicional energético, cujo vocal lembra a deusa loira Kate French (ex-Chastain). No curto set, as canções de destaque foram às cadenciadas “Leading Way to Suicide” e “Praying With Bullets” e uma correta versão para “Walk” (Pantera).
Após rápidos ajustes, às 16h20 o trio Haavok originou o seu set. Donos de um Thrash que transita por diversas épocas do estilo, André Miranda (voz e guitarra), Lau Andrade (baixo) e Robert Lunardi (bateria) foram responsáveis pela primeira roda do evento e músicas como “Stranger in my Mind” e “Scream to the World “merecem um lugar nos ouvidos e prateleiras dos fãs do estilo. Além do material autoral, os caras mandaram “Roots Bloody Roots” do Sepultura, que fechou o set.
A primeira atração principal que adentrou ao palco foram as thrashers da Nervosa. Respaldadas por apresentações memoráveis pelo país e América do Sul, Fernanda Lira (baixo e voz), Prika Amaral (guitarra e backing vocals) e Pitchú Ferraz (bateria) mostraram seu Thrash cheio de energia e espírito oitentista, que era retribuído com muitas rodas.
Promovendo seu recém-lançado álbum “Victim of Yourself”, o trio mostrou o porquê de ser um dos melhores nomes do estilo, graças às canções pogantes como “Justice Be Done”, “Into Mosh Pit”, além de “Wake Up and Fight”, com seus vocais ásperos e que lembram a saudosa Wendy O. Williams. A apresentação, com cerca de uma hora, passou voando e o set chegou ao fim com a conhecida “Masked Betrayer” e “Death”. Nem os problemas com o som foram capazes de ofuscar o brilho. Uma bela apresentação.
Com mais de trinta anos de estrada, o Korzus tem a receita de como fazer um belo show de Thrash. Num set que abrangeu toda a sua carreira, Marcello Pompeu (vocal), Heros Trench e Antonio Araújo (guitarras), Dick Siebert (baixo) e Rodrigo Oliveira (bateria) detonaram clássico atrás de clássico, dentre eles “Agony”, “Internally”, “Catimba”, “Guilty Silence”, além das mais recentes “Discipline of Hate”, “Truth” e a levemente Hard “Raise Your Soul”, que já merecem figurar entre as melhores músicas da banda.
Nem é preciso dizer cada canção era respondida com muitas rodas e berros, mas em “Who Want To Be The Next” algo especial ocorreu quando Pompeu pediu para que fosse formado um enorme ‘wall of death’. A agitação mostrou que é possível ter um grande público vibrando com as bandas do nosso país. Assim, “Guerreiros do Metal” colocou fim à apresentação do Korzus, que continua impecável no palco! Isto é algo que muitos grupos emergentes deveriam aprender, principalmente nos quesitos postura e carisma.
Com uma trajetória marcada por polêmicas, irreverência e discos memoráveis, o Ratos de Porão mostra que está num excelente momento. Divulgando o seu novo lançamento, “Século Sinistro”, João Gordo (vocal), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) iniciaram o show com duas das novas – “Conflito Violento” e “Viciado Digital” –, que impressionam pela agressividade e principalmente pela musicalidade adquirida nessas mais de três décadas de estrada. O guitarrista Jão, assim como o saudoso Hélcio Aguirra (Golpe de Estado), possui um timbre particular e inimitável.
Mas o set dos caras apresentou muitos clássicos, dentre eles “Crucificados pelo Sistema”, “Morrer”, “Anarkhophobia” e as engraçadas “Difícil de Entender” e “Diet Paranoia”, essa do polêmico “Just Another Crime…In Massacreland”, lançado em 1993. Vale citar que neste show teve a única pisada do público, que ficou gritando o nome do Krisiun (que fecharia a noite). De forma firme e educada, Gordo disse que os gaúchos tocariam, mas que aquela era a vez do Ratos. Músicas novas como “Grande Bosta” intercalava aos hits do passado, como “Beber Até Morrer” e “Terra do Carnaval”, cuja mensagem continua mais atual do que nunca.
Já eram 21h40 quando os gaúchos do Krisiun entraram no palco. Para quem acompanha o trio formado por Alex Camargo (baixo e voz), Moyses Kolesne (guitarra) e Max Kolesne (bateria) desde os anos 90, percebe-se a evolução do Death Metal dos caras. Mesmo adicionando peso e cadência, em nenhum momento perdeu a sua essência, fato percebido logo em “Ominous” e “Combustion Inferno”. “Raveger”, de “Conquerors of Armaggedon”, e “Vicious Wrath” foram outros momentos dignos de nota, assim como “The Will to Potency” e “Descending Abomination”, que fazem parte de seu mais recente registro, “The Great Execution”, lançado em 2011.