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PARADISE LOST – São Paulo/SP, 1 de setembro de 2018

Você é daqueles que acredita realmente que ‘agosto é o mês do desgosto’? Pois bem, agosto se foi, e o mês de setembro já chegou bradando: “Aqui a coisa é diferente!”. Logo na primeira noite do mês, os fãs paulistanos de um dos mais importantes nomes da música pesada no mundo tinham muitos motivos para comemorar. O Paradise Lost estava de volta.

Considerado um grupo lendário por fãs de gothic metal, death metal, doom metal e provavelmente de todas as outras variações de ‘metal’ imagináveis, os ingleses traziam para São Paulo a turnê do seu mais novo álbum, Medusa, lançado exatamente um ano antes, no dia primeiro de setembro de 2017. Bacana isso, não? Pois é, com um aniversariante tão célebre, mais do que natural que as coisas fluíssem de forma especial, o que de fato aconteceu.

O Paradise Lost – também conhecido como ‘O Terror dos Fotógrafos’ – subiu no palco pontualmente às 19:00 horas, horário marcado para o show. O baterista Waltteri Väyrynen (apresentado posteriormente pelo vocalista Nick Holmes como ‘meu bom amigo finlandês’) puxou a fila, e rapidamente o grupo começou a detonar From The Gallows, uma das melhores composições de Medusa. Começar a apresentação com Holmes colocando os pulmões para fora de tanto berrar foi uma excelente pedida – ainda mais quando estamos ansiosos para ouvir o novo álbum do Bloodbath, The Arrow of Satan is Drawn, o segundo de Holmes como mestre de cerimônias da banda sueca de death metal – e colocou todos no devido clima do que é um show do Paradise Lost.  Logo depois começou a verdadeira celebração, o mergulho pelos trinta anos de jornada dos ingleses. A verdade é que não poderia começar melhor: Gothic, música que dá nome ao segundo álbum do grupo (1991) chegou arrancando louvores da plateia, que agora sim sentia o verdadeiro poderio de uma formação que revolucionou a música na década de 90.

Com tons mais evidentes do deathrock oitentista, One Second foi outra ovacionada pelos muitos presentes. ‘And for one second I lost my head’, cantava o público em êxtase, enquanto Holmes fitava o público com um misto de bom humor e saudade no olhar. Erased foi a escolhida para representar o álbum Symbol of Life (2002), que na época do lançamento levou muitos fãs a euforia por trazer um Paradise Lost um pouco mais próximo do metal dos velhos dias. Mas queríamos mais, e havia tempo para muito mais. Enchantment era sucesso garantido, já que o álbum Draconian Times se eternizou como uma das grandes obras dos ingleses. Requiem (In Requiem, 2007) também era carta certa, mas algo dizia que o melhor ainda estava por vir.

Usando o seu bem conhecido humor, Holmes apresentou a faixa Medusa dizendo ‘esta é a faixa título do nosso décimo-quinto álbum. É, estamos ficando velhos’. Para ilustrar a história, o vocalista ainda mostrou sua careca, arrancando risos em um show de doom metal, quem diria? Os poderosos riffs evidenciaram a presença assombrosa da dupla de guitarristas Aaron Aedy e Gregor Mackintosh, uma das mais célebres de todo o cenário. Mas, o que seria do poderoso doom metal sem o apoio etéreo de sólidas linhas de contrabaixo? Sim, Stephen Edmondson continua seguro como sempre. An Eternity of Lies (The Plague Within, 2015), Faith Divides Us – Death Unites Us (Faith Divides Us – Death Unites Us, 2009) e Blood and Chaos (Medusa, 2017) mantiveram o foco no material mais recente, mas os velhos clássicos ainda teriam espaço nesta bela noite de viagem no tempo.

 

As I Die trouxe o peso de Shades of God (1992) de volta, e após mais um par de canções, os ingleses deixaram o palco pela primeira vez. Talvez a certeza de que a banda voltaria tenha inibido a vontade de muitos em clamar pelo retorno dos músicos, o que foi meio constrangedor. Mas o fato é que aos poucos os gritos de ‘Paradise Lost’ foram se tornando mais altos, até o retorno do grupo com a trinca No Hope In Sight (The Plague Within, 2015), The Longest Winter (Medusa, 2017) e Say Just Words (One Second, 1997). Findava-se mais uma apresentação de um dos melhores grupos da história da música pesada. A sensação era quase que de sonho, uma viajem musical premiada por caos sonoro e sombras, muitas sombras. Um espetáculo musical tão fácil de ser apreciado quanto difícil de ser fotografado. Que venham os próximos trinta anos!

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