Quase um mês depois da passagem do Bring Me The horizon, um dos seus companheiros de turnê também esteve por aqui. Os australianos do Parkway Drive fizeram sua visita à América do Sul, também pela primeira vez, passando por São Paulo (SP) e Curitiba (PR), vindos da apresentação na Costa Rica. Num comparativo rápido entre os shows das duas, apesar do local de apresentação ser o mesmo, desta vez não tinha uma fila parada na porta, os fãs foram enchendo a casa aos poucos e o clima era bem mais festivo. E menos histérico. Até o merchandising estava com preços mais honestos. Não sei se isso se deve à postura da banda, apesar de amigos e ambas serem recentes representantes da nova geração do Metalcore, o Parkway Drive parece ser mais maduro em relação à sua carreira e talvez por isso atrai fãs, pelo menos por aqui de muito mais meninos do que meninas, que não estão preocupados se os caras, apesar de igualmente fanfarrões, são jovens ou bonitos. O importante é o som que fazem.
Curioso é que havia um pessoal bem pitoresco no público. Vários deles estavam como uma camiseta do ‘Utinga Crew’. Outros bem engraçados tinham bóias de braço de criança e um inclusive com aqueles óculos de natação e uma bóia azul para cair no mosh. Falando nisso, o show foi sem a tão criticada grade de proteção, com o ‘stage dive’ liberado numa parte do palco e que atrapalhou o bom andamento do show.
A festa começou com a abertura da curitibana Last Sigh. A banda, que está na expectativa de lançamento de seu primeiro trabalho, Beneath Of The Flesh, Rotten, tocou somente sons próprios e já agradou de cara. Como curiosidade: este disco será produzido por Alexander Dietz, guitarrista da banda Heaven Shall Burn. O vocalista Deko agradeceu imensamente a boa resposta e disse que em sua terra natal o público não costuma ser tão receptivo quanto esse. Encerram com Dawn Of The Dead, que teve como coadjuvante uma ‘wall of death’ de responsa, formada pela galera que não parou de agitar em nenhum momento. Esse som será integrante deste primeiro trabalho e já está disponível para audição no perfil do Facebook e site oficial.
Não demorou muito para que o Parkway Drive subisse ao palco e o pessoal colou nele assim que a ‘intro’ Samsara começou. Logo nos primeiros acordes de Unrest a casa veio abaixo, com o público cantando e agitando. Foi tão brutal já no primeiro som, que Winston McCall terminou com um surpreso “Holly shit!”. O vocalista também disse que não fala português, mas ia devagar no inglês para que todos entendessem. Era nítido que todos da banda estavam felizes por estar pela primeira vez no Brasil e já ter uma resposta tão positiva.
O set curto, com apenas doze sons, foi mais baseado no álbum Deep Blue, lançado no ano passado. A banda, que este ano comemora dez anos de formação, tem apenas três álbuns de estúdio e mesclou alguns hits dos trabalhos anteriores com as novas. Caso de Idols And Anchors, uma das mais conhecidas e que teve a reação mais explosiva por parte do público.
Os fãs continuaram subindo no palco em todos os sons e aproveitava para driblar a segurança e tentar chegar perto dos ídolos. E o show seguia com Sleepwalker, Karma, Deadweight e Deliver me, todas de Deep Blue.
Pode até parecer uma análise exagerada mas, na expectativa de bandas desta nova geração, apesar de locais diferentes de origem e com um público distinto, em termos de presença de palco este show do Parkway Drive lembrou muito os que aconteceram no mesmo Carioca Club em março deste ano. Estou falando de Comeback Kid e, mais especialmente, de Sick Of It All, já que McCall tem uma linha de vocal bastante semelhante à de Lou Koller.
O set seguiu com Home Is For The Heartless, que na versão original conta com a participação de Brett Gurewitz, guitarrista do Bad Religion e dono da Epitaph Records, da qual o Parkway Drive faz parte deste o primeiro lançamento. O set encerrou com Romance Is Dead, um dos hits do ‘debut’, Killing With A Smile.
O bis ficou por conta da badalada Carrion, que o parcialmente rouco McCall dedicou ao público de São Paulo. A banda literalmente terminou nos braços da galera. O vocal, que já cantava na grade, caiu no mosh e o público respondeu cantando num coro lindo e agitando até o fim. Àquela altura o palco estava tomado e o guitarrista e baixista tocaram deitados e rodeado de fãs. Este foi só o primeiro, mas como toda a banda que se anima promete voltar em breve, se depender deste público certamente isto não vai demorar a acontecer. E no caso de ser tão intenso como este, bóia só não será suficiente. Leve um colete salva-vidas no próximo.