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PAUL GILBERT (MR. BIG) – 28 de outubro de 2018, São Paulo/SP

Felizes dos paulistanos que compareceram à festa de 24 anos do Manifesto Bar no sábado, 28 de outubro, em plena data de segundo turno, que concluiu a corrida eleitoral mais polêmica da história do Brasil, em que 55,1% dos votos decretaram Jair Messias Bolsonaro como futuro presidente do país. Os fãs do guitarrista Paul Gilbert que estiveram na aniversariante casa tiveram a oportunidade de desligar a mente do assunto política, que, como está na moda dizer, ‘polarizou’ a sociedade, de maneira corrosiva e desgastante, e acabaram assistindo a uma apresentação bem interessante do guitarrista norte-americano. Diferentemente do show convencional apresentado no início de 2017, quando veio acompanhado de seus próprios músicos internacionais e apresentou um set baseado em sua carreira solo, além de um medley que incluiu músicas dos trabalhos que gravou com Mr. Big e Racer X, dessa vez a oferta do músico foi de um ‘workshow’ de guitarra chamado “An Evening with Paul Gilbert”.

Já tendo concluído as gravações de seu novo álbum solo, que se chamará Behold Electric Guitar, e vindo de apresentação na Argentina na noite anterior, Paul Gilbert foi ovacionado pelo público, que compareceu em bom número, quando pouco antes das 21 horas desceu as escadas laterais que dão acesso ao palco, sendo acompanhado do respeitado baixista brasileiro Bruno Ladislau (André Matos, Aquiles Priester, Fishook, Denison Fernandes, Aclla) e do baterista chileno Felipe Cortés. Ao melhor estilo ‘blueseiro’, trajando terno xadrez cinza e sapato três cores, o guitarrista de 51 anos, que aos quinze foi cogitado para integrar a banda de Ozzy Osbourne e que em 2007 participou do famoso projeto G3, com o qual fez uma gira ao lado de Joe Satriani e John Petrucci (Dream Theater), chegou cumprimentando os fãs e tocando e cantando o blues Red House, de seu ídolo Jimi Hendrix, numa longa versão de dez minutos. E abrir o show assim não é algo de se estranhar em se tratando de Paul Brandon Gilbert, tendo, como exemplo, o show de São Paulo de 2017, o qual ele iniciou com o chamado “Massive Medley”, um ato que durou, acredite, 45 minutos!

Paul Gilbert

Duas coisas que chamaram a atenção logo de cara foram, a excelente qualidade de som, que favoreceu toda a banda, e os timbres usados por Paul Gilbert, que são de um brilho sem igual. Na primeira pausa, Gilbert apresentou os músicos que o acompanhavam e também o tradutor Thiago Oliveira (guitarrista de Warrel Dane, Ricardo Confessori, Isa Nielsen, Seventh Seal e Addicted to Pain) e ressaltou que seria uma noite em que ele tocaria algumas músicas e falaria de guitarra – alguns menos avisados foram pegos de surpresa com o formato informado. Entre as primeiras coisas que falou, Gilbert enfatizou detalhes que considera importantes para quem quer tocar guitarra, dizendo que apesar de amar o instrumento e também seus amplificadores e pedais, as ferramentas mais importantes são os dedos e calos que nascem nas pontas, bem como o movimento dos pulsos.

Sobre técnicas – sempre demonstrando-as na guitarra –, Gilbert falou de bends e muito sobre vibratos, os quais afirmou que podem surgir da influência de guitarristas e também de vocalistas, trompestistas e etc. Citou Hendrix e Robin Trower entre seus heróis dessa técnica que tanto explora e como dica disse que o contraste entre vibratos lentos ou rápidos os tornam mais emotivos. Abrindo parênteses para falar de cordas, Paul revelou usar as de calibre .008. Trata-se de um tipo bem leve e propício para quem toca com menos força. Nos anos 80, essas cordas eram populares entre guitarristas de heavy metal, pois proporcionavam facilidade na digitação e na execução das técnicas. Por outro lado, há quem ache que esse tipo de encordoamento resulte em um som “magro”.

Voltando aos vibratos, Gilbert os definiu como uma “imitação da voz”, revelou que quanto mais o tempo passa mais ele tenta copiar o som da voz na guitarra e demonstrou isso tocando com a banda a clássica Black Dog (Led Zeppelin), fazendo uso de slide. Em outro exemplo, Gilbert arrancou gargalhadas ao explicar o título da música que tocaria a seguir. Contou que voltando para casa de um show que fez com o Mr. Big em Hong Kong, por segundos ele perdeu a escala de Los Angeles para Portland. Por esbravejar sobre o ocorrido com uma funcionária, ela retrucou dizendo: “Senhor, você precisa se acalmar!”. Na ocasião, achando a frase bastante sonora, começou a solfejá-la pensando na frase dita e nas linhas de guitarra. Assim nasceu Sir, You Need to Calm Down, música que estará presente em seu novo álbum. Ele disse ainda que vocalistas como Robert Plant, Steven Tyler e Rob Halford cantavam notas muito altas e como a sua voz era limitada (todos riram quando ele mostrou que realmente não tem o mesmo talento que os nomes citados), se satisfazia em poder alcançá-las em seu instrumento.

Quanto ao restante do repertório, enganou-se quem pensou que ouviria músicas do Racer X ou hits do Mr. Big. Entre um ensinamento e outro, numa didática muito bem humorada (como de praxe), em que entre várias coisas falou de técnica de palhetada, de como prefere fazer a marcação com ritmos alternados na perna ao invés do robotizado metrônomo, e também sobre harmonização, escalas e outros temas relacionados, além de responder perguntas de seus admiradores, como, por exemplo, sobre sua aparente deficiência auditiva e de não descartar um futuro álbum com o Racer X, Paul Gilbert mandou outras versões para hinos como Little Wing (Jimi Hendrix), em que tocou até com os dentes, e Mercedez Benz (Janis Joplin). Cabe aqui elogiar os competentes músicos que o acompanhavam, pois o entrosamento com o guitarrista era tanto, que dava a impressão de que os três tocavam juntos há muito tempo. Inclusive, Ladislau ganhou espaço em uma das músicas para improvisar um solo e Cortés tocou o tempo todo agitando e exibindo muito ‘punch’ e destreza em seu kit.

Continuando, Paul Gilbert apresentou outra música que serviu como prévia do que virá em seu mencionado próximo álbum, chamada Blues for Rabbit, um shuffle animado, que caiu nas graças dos fãs. Depois dessa, ele conversou mais um pouco com o público e avisou que era hora de chamar ao palco dois guitarristas para uma jam session. Para participar do show, ambos tiveram que vencer um concurso online, disputado com outros guitarristas, através de voto popular. Consistia de cada um gravar um vídeo, tocando por no máximo um minuto. Mas antes de serem chamados, Gilbert enfatizou que há uma regra de “etiqueta” em que “quando um guitarrista toca, o outro para desliga tudo e presta atenção”. O primeiro a ser convocado ao palco foi Jaeder Menossi, guitarrista da veterana banda Javali (antes conhecida como Pop Javali), que chegou com timbres bem diferentes, diria mais “digitalizados”, improvisando com Paul em Back in Black (AC/DC), numa versão instrumental e um tanto suingada. Depois dessa, Jaeder deu lugar a Affonso Junior, que toca nas bandas Confessori (de Ricardo Confessori) e Revenge. O vencedor do concurso teve a honra de fazer um breve duelo com Paul, antes de improvisarem uma balada blues. Simpático, ao final Gilbert pediu aplausos da plateia aos dois músicos.

Finalizada a jam session e uma sequência de perguntas dos fãs, Gilbert se despediu com Purple Haze de Jimi Hendrix. Ao final do evento, o guitarrista atendeu aqueles que ficaram para o ‘meet ‘n’ greet’. Apesar de ser uma noite específica e proveitosa para entusiastas da guitarra, quem conhece bem Paul Gilbert sabe que suas apresentações estão longe de soarem maçantes aos que não tocam ou não entendem muito de guitarra. Quem compareceu ao Manifesto não se arrependeu, nem mesmo aqueles que foram achando que realmente iriam ouvir algo de Mr. Big ou de Racer X.

PAUL GILBERT – setlist:

Red House (Jimi Hendrix)

Sir, You Need to Calm Down

Black Dog (Led Zeppelin)

Little Wing (Jimi Hendrix)

Blues for Rabbit

Back in Black (AC/DC)

Mercedez Benz (Janis Joplin)

Purple Haze (Jimi Hendrix)

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