Por Marcelo Gomes
Fotos: Bemilson dos Santos
Persefone, banda de death metal progressivo de Andorra com mais de 20 anos de carreira e cinco discos lançados, finalmente veio ao Brasil com sua atual turnê “Salto De Fe Tour” para promover seu mais recente trabalho, Metanoia (2022). O show aconteceu no Manifesto Bar, mais conhecido como o Templo do Rock, no último dia 1º de março e contou com a banda The Seer como convidada.
Os encarregados de abrirem a noite foram os paulistas do The Seer, formado por Lucas Povinha (vocal), Rafael Savone (guitarra), Clodoaldo Barboza (baixo), Lucas Cardoso (teclado) e Lucas Emidio (bateria, RF Force, ex-Hatematter), que lançou recentemente seu primeiro trabalho, The Answer (2023). O set começou com duas sem intervalo, Alone e Mother, faixas que foram lançadas como singles e evidenciam a qualidade técnica dos músicos. O som estava bem alto; aliás, mais alto que alto do que na apresentação do Persefone. Lucas Povinha aproveitou para agradecer a presença de todos e anunciou mais uma do debut, Nothing. Então, o baixista Clodoaldo Barboza foi ao microfone anunciar que iriam gravar imagens da música Ego para um videoclipe, pedindo para o público se aproximar do palco. O set foi finalizado com a faixa-título do debut, The Answer, e aproveitaram para apresentar a banda. O show pode ser resumido em músicos competentes e ótimas composições, a matemática certa para conquistar o público.
Quando Daniel Flys (vocal), Miguel Espinosa (vocal e teclados), Carlos Lozano e Filipe Baldaia (guitarras) e Sergi Verdeguer (bateria) subiram ao palco sem seu baixista original, Toni Mestre, para executar Flying Sea Dragons, o público respondeu com gritos, acenos com as mãos enquanto os membros do Persefone retribuíam com sorrisos, gesticulando com a cabeça. Mas a pancadaria começou mesmo quando Daniel Flys entrou em Mind As Universe. Espinosa faz as partes dos vocais limpos e com belas melodias. Nas partes instrumentais, Daniel agita de forma alucinada. O show seguiu com Still Is Timeless, uma das mais longas da noite, enquanto os presentes tentavam assimilar o que estava acontecendo diante de seus olhos.
Com os fãs ovacionando a banda, Daniel agradeceu a presença de todos: “Vocês são incríveis!” Mas foi em Prison Skin, uma das mais esperadas, que o público se entregou e participou intensamente. As diferentes partes fizeram todos imergirem em uma viagem ao longo das diversas passagens rítmicas da composição. Não podia faltar uma música de Metanoia, trabalho mais recente da banda. Daniel pediu então para que todos acendessem as luzes de seus celulares e assim tocam Merkabah, com todos cantando o início, criando uma atmosfera única. A pancadaria voltou com The Great Reality, de Spiritual Migration (2013), emendada com a faixa-título do álbum num medley incrível. O trabalho das guitarras do Carlos Lozano e Filipe Baldaia são sensacionais, de extremo virtuosismo e bom gosto.
Para acalmar um pouco veio Cosmic Walkers, levando quem ouvia a ter uma experiência extra-sensorial. É uma viagem e tanto! As vozes com elementos de música eletrônica, que poderiam causar algum incômodo em Living Waves, passam desapercebidas diante da diversas partes progressivas, melódicas e pesadas, que deixam qualquer estudante de música perplexo com a habilidade dos músicos. Metanoia foi usada como introdução para a destruição viria a seguir, Katabasis, do mais recente trabalho e que mostra que a banda continua mantendo sua essência, mesclando os elementos que a consagraram de forma criativa e moderna. De fato, cada música o leva a um caminho diferente de percepção; é instigante, para dizer o mínimo.
O set seguiu com Fall To Rise, que tem um instrumental fantástico, riffs de guitarras bem técnicos, vocais super agressivos e outrora melódicos, tudo isso acompanhado por um belo mosh pit pedido por Daniel Flys, que foi prontamente atendido. Ele então diz que o show está chegando ao fim, mas não sem antes de tocar Aathma Part III e Aathma Part IV. Para os bis, tocam The Majestic of Gaia. Em uma demonstração de entrega com seus fãs, a dupla de guitarras, Carlos e Filipe, desceu do palco e tocou parte da música rodeado de seus fãs para dar uma final épico a uma apresentação fantástica do Persefone em seu debut no Brasil.
O show do Persefone é quase uma experiência espiritual que transcende a música, levando quem vê e ouve a criar imagens cinematográficas com toda a sua riqueza sonora. A estreia no Brasil foi incrível, com a banda passeando por sua discografia, com temas complexos da sua carreira. Apesar de a casa não estar cheia, foi compensada com um público apaixonado e sedento, que interagiu de forma intensa nos mosh pits e cantando boa parte das músicas.
Setlist The Seer:
01) Alone
02) Mother
03) Nothing
04) Ego
05) The Answer
Setlist Persefone:
01) Flying Sea Dragons
02) Mind as Universe
03) Stillness Is Timeless
04) Prison Skin
05) Merkabah
06) Great Reality
07) Spiritual Migration
08) Cosmic Walkers
09) Living Waves
10) Metanoia
11) Katabasis
12) Fall To Rise
13) Aathma Part III
14) Aathma Part IV
15) The Majestic of Gaia
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