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PICTURE / GRIM REAPER + Comando Nuclear, Tiger e Centúrias

A cidade de Várzea Paulista foi a primeira do estado de São Paulo a receber a tour com as bandas Picture e Grim Reaper, que passa por várias cidades do Brasil. Depois de várias décadas de espera sobretudo pelo Picture (que jamais havia tocado no país) as expectativas dos fãs eram no mínimo altas, mas a coisa toda começou a ter contornos ruins logo de saída.

Primeiro houve a mudança de local. Originalmente o evento ocorreria em um famoso bar de Rock da cidade chamado Snooker. Como os ingressos se esgotaram rapidamente foi providenciada a mudança do show para o clube de campo da CICA, que comporta pelo menos o dobro de pessoas. Cerca de 600 ingressos foram colocados a venda segundo o que foi dito por Steve Grimmett, vocalista do Grim Reaper, na página oficial da banda em uma rede social.

O local nem era tão longe assim do ponto original, mas tendo em vista que grande parte do público presente saiu de São Paulo e não conhecia nada na região era fato que muita gente ia acabar se perdendo. Na tentativa de evitar isso a organização providenciou até mesmo um ônibus fretado gratuito que saía de tempos em tempos da frente do Snooker Rock Bar, só que até mesmo achar o tal bar – e o ônibus – foi difícil para quem não era dali. Além disso, a palavra “não muito longe” em cidades como Várzea Paulista pode fazer imensa diferença, pois o tal clube de campo da CICA era basicamente um lugar no meio do mato e sem muita luz por perto, num cenário que às vezes parecia saído de um filme como “Night of the Living Dead”.

Outro problema era o fato de que o tal clube de campo simplesmente não foi construído com o intuito de receber shows, o que deixou a coisa com cara de algo feito meio nas coxas. Basicamente há, no centro do clube de campo, uma grande estrutura extremamente rústica suportada por vigas de madeira e com ares de galpão que serviu para proteger os fãs da ação do tempo caso necessário e propiciar a realização do evento. Foi montado um palco (muito baixo, por sinal), um jogo móvel de luzes que praticamente não funcionou o tempo todo e toda a estrutura básica para que as bandas se apresentassem – e bota “básica” nisso, pois até para pendurar os panos de fundo das bandas foi necessário grande poder de improvisação, além de que os mesmos acabaram servindo como porta que dividia o palco da entrada do backstage.

De qualquer forma o show precisava começar e as bandas de abertura, Comando Nuclear, Tiger e Centúrias fizeram shows curtos e eficazes. O Centúrias, inclusive, deu a sorte de ter a melhor qualidade de som da noite e transmitiu seu recado contando com recepção altamente respeitosa por parte da plateia – esta, uma atração à parte. Se houvesse uma premiação do tipo “Troféu Zé Coletinho 2014” a noite teria sido absolutamente perfeita, pois o que mais se via eram jovens de não mais do que 25 anos tentando de todas as maneiras possíveis se parecer com algo saído dos anos 80, incluindo as indefectíveis polainas, tênis de cano alto, calças à la Bettlejuice/Steve Harris/Pete Way e jaquetas com trocentos patches. Lógico que há muito a se louvar e a criticar nessa postura, mas deixemos isso para outra ocasião.

Com pelo menos uma hora de atraso subiram ao palco os holandeses do Picture. Até pouco tempo atrás era absolutamente inimaginável sonhar com a volta da banda às atividades (foram basicamente duas décadas em hiato), e ainda mais impensável sonhar com um show no Brasil – mesmo com o status de cult do qual a banda sempre gozou no país. Neste caso, ponto para a Open the Road management, que vem se especializando em trazer nomes clássicos do underground para cá.

Logo de cara dava para notar que apesar de extrema boa vontade da banda o som deixaria a desejar. As guitarras passaram por perrengues durante todo o show, apitando, sumindo e voltando o tempo todo, sendo necessária até mesmo a troca de um dos amplificadores no meio do show. De qualquer forma os caras pareciam muito felizes por estar ali e o vocalista Pete Lovell comentou várias vezes durante a apresentação que eles haviam esperado mais de 30 anos por aquele momento.

Mas lógico que um show que já começa de cara com “GriffonsGuardthe Gold” não poderia ser ruim. Aliás, apesar de inicialmente divulgado que ao longo da tour a banda comemoraria os 30 anos do clássico “Eternal Dark” tocando o álbum na íntegra não foi isso o que se viu, pois o set list foi um ótimo misto de (quase) todos os discos da fase clássica da banda no início dos anos 80. Foi porrada atrás de porrada: “Message from Hell”, as maravilhosas “Unemployed” e “You’reallAlone”, a nova “Warhorse”, os hinos “Heavy Metal Ears” e “Eternal Dark”, a saideira “Into the Underworld”, além de algumas outras pedradas imortais.

Como destaque negativo, às vezes a plateia parecia não fazer questão de interagir com a banda. Por diversas vezes (como no começo de Eternal Dark) Pete pediu para a galera fazer o “hornsup” com as mãos e apenas meia dúzia de gatos pingados parecia atender aos pedidos, deixando um baita clima chato no ar, como se a banda fosse apenas música de fundo enquanto o público se divertia à sua maneira. Muito estranho.

Depois de mais um intervalo foi a vez do Grim Reaper – ou, sendo sincero, da banda solo de Steve Grimmett. É dito e sabido que a banda não existe mais há anos, mas usar o nome Grim Reaper sempre faz uma bela diferença e garante uma mudança automática de status e certo ar de novidade. E fora que os músicos contratados por Steve são sempre excelentes, diga-se, com destaque desta vez para o novo baterista Paul White.

Steve é um vocalista de imenso carisma. Exala bom humor – fator que sempre esteve presente sobretudo no trabalho dele com o Grim Reaper e passa até hoje completamente em branco para muita gente – e sempre tenta se conectar o máximo que pode com a audiência. Sua voz ainda permanece impecável e é sempre ótimo ouvi-lo cantar as velhas conhecidas como a bombástica “Lust for Freedom”, “Never Coming Back”, a homenagem ao saudoso Ronnie James Dio em “Don’t Talk to Strangers” (impecável), “Waysted Love”, a nova “From Hell” e a trinca infernal: “See You in Hell”, “Fear no Evil” e “Rock You to Hell”.

Foi durante o show do Grim Reaper que vi o jogo de luzes que havia sido instalado em frente ao palco funcionando pela primeira vez, embora por pouco tempo. E essa mesma estrutura balançou e quase caiu sobre os membros da banda durante a apresentação, por algum motivo. Por sorte a coisa não tombou, e a banda pôde sair do palco sã e salva, com sensação de dever cumprido e um público que pareceu bem mais receptivo aos apelos de Steve do que aos de Pete Lovell.

Um dos motivos que fez tantos fãs de São Paulo e outras cidades vizinhas se deslocarem até Vàrzea Paulista foi o anúncio, escrito inclusive no flyer de divulgação do evento, de que haveria um meet and greet com as bandas após o show. Isso começou a parecer estranho já quando o número de ingressos colocados à venda foi dobrado – afinal, atender 600 pessoas não é muito fácil. Ainda assim, uma amiga entrou em contrato com a produção dias antes para se certificar da validade da informação, e a resposta foi que esse meet and greet não apenas estava certo como era garantido com as bandas como parte do contrato.

Não foi o que se viu. Assim que o show do Grim Reaper acabou a banda foi direcionada à van estacionada perto da entrada do palco, juntamente com os membros do Picture. O que ocorreu então foi uma tremenda confusão, enquanto alguns fãs tentavam a sorte buscando autógrafos e fotos na base do cada um por si antes que o veículo saísse. Os músicos até tentaram ser solícitos, mas era óbvio que estavam com pressa. Quando a maior parte da platéia percebeu o que estava acontecendo era tarde demais e a van já estava longe, deixando muita gente frustrada para trás. Um fã gritava, inconformado, “então esse é o meet and greet que haviam prometido para a gente!”. Realmente, ficou feio – mas ficou claro que as bandas fizeram o melhor que podiam.
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