PORÃO DO ROCK

Apesar de algumas mudanças em relação ao ano passado, já que não puderam utilizar o complexo do ginásio Nilson Nelson, que se encontra em reforma, o espaço escolhido para a 16ª edição do “Porão Do Rock” foi adequado. Sendo assim, os shows deste ano do festival mais tradicional do Centro-Oeste ocorreram no estacionamento do estádio recém-reformado Mané Garrincha. O cast trouxe as bandas Test, Soulfly, Krisiun, Suicidal Tendencies, Unconscious Disturbance, Falls Of Silence e Leptospirose, que fizeram excelentes shows e fizeram valer cada momento aos que compareceram.

Ao chegar, nossa equipe teve dificuldades em encontrar a área reservada para a imprensa. Embora sem a ótima infraestrutura que tivemos no ano passado, a organização reservou uma área exclusiva para que ocorressem as coletivas com as bandas. No primeiro dia do festival (sexta-feira), já devidamente credenciados, nos dirigimos para o palco reservado aos shows mais pesados. Havia três palcos distintos: PALCO UNICEUB, para as bandas mais “alternativas”; PALCO BRB, onde ocorreram os shows mais importantes de bandas populares como Paralamas Do Sucesso; e o que era nosso foco principal, o PALCO BUDWEISER, onde ocorreram as apresentações mais pesadas do festival.

A banda FALLS OF SILENCE faz um Deathcore com personalidade, uma vez que eles canta em português. Campeã de uma das muitas seletivas organizada pelo festival, foca sem som em influências de nomes como Parkway Drive, Suicide Silence, Lamb Of God e outras do gênero, mostrando faixas como “Quebrando Regras” e “Escolhas”, ambos lançados este ano.

Já o TEST, duo paulista formado pelo batera ‘ultramegaveloz’ Barata (D.E.R., Tri Lambda) e o não menos insano guitarrista e vocalista João Kombi (Are You God?). Além de fazer shows convencionais em casas do circuito underground pelo país afora e em festivais, a dupla saí em sua Kombi – munida de gerador de energia e equipamento, bateria etc. –, se apresentando nas ruas ou onde quer que o público esteja. Enfim, uma atitude extremamente ousada para mostrar seu Death Metal ‘old school’ misturado com Grindcore. Já tendo aberto para nomes importantes como D.R.I. e Slayer, os caras aqueceram bem o público antes da atração principal, o Soulfly, do emblemático Max Cavalera!

A organização cumpriu com rigidez os horários reservados para cada atração, algo muito raro de se ver em eventos deste porte. Assim, próximo da uma hora da matina, o SOULFLY entrou com tudo no palco logo após uma ‘intro’, de cara detonando a ótima “Plata O Plomo”, de “Enslaved”. No começo o som não estava muito legal, principalmente os vocais de Max, mas logo os técnicos da banda deram um jeito e o show seguiu com “Prophecy”, seguida de “Back To The Primitive”.

O que se via no palco era uma banda extremamente entrosada e com pegada única, seguindo com “Seek N Strike”, de “Soulfly 3”. Max dispensa comentários como ‘frontman’. Feliz e totalmente insano, ele dava todo gás e mostrava empolgação, tendo o tempo todo o público em suas mãos, como se viu em “I And I”, de “Dark Ages”. Então, fechou a primeira parte da apresentação com um clássico de sua ex-eterna banda Sepultura com a sempre bem-vinda “Refuse/Resist” e “Territory”, ambas de “Chaos AD”, lançado há vinte anos.

Àquela altura, Max fazia com que todos berrassem as letras com ele e o set prosseguiu com “BloodFire War Hate”, de “Conquer”, em que originalmente gravada com o brutal David Vincent (Morbid Angel). Após esta, o líder do Soulfly anuncia de forma peculiar outro hino absoluto do Thrash Metal mundial: “Arise”. Esta foi emendada com e ótima “Dead Embryonic Cells”, do mesmo álbum do Sepultura, seguida por “Frontlines” e “Straighthate”, do emblemático “Roots”.

A banda então se retira, mas logo retorna com Max agitando ainda mais o público para, em seguida, mandar a energética “Rise Of The Fallen”, de “Omen”, com o incrível guitarrista Marc Rizzo detonando em sua guitarra. Foi então que Max chamou ao palco seu enteado Richie Cavalera (Incite) para cantarem juntos a nova “Bloodshed”, de “Savages”. Richie tem uma presença de palco muito energética e é um frontman nato. A banda então apresentou “Propaganda”, mais uma do Sepultura, para então mandar a surpresa da noite: “Wasting Away”. A música, originalmente gravada pelo projeto de Max e Alex Newport, o Nailbomb, no álbum “Point Blank”, contou com a participação inusitada e empolgante do vocalista e guitarrista do Test, João Kombi.

Em seguida, mais dois clássicos eternos do Sepultura, com “Roots Bloody Roots” e “Attitude”, em que a formação atual do Soulfly mostrou-se muito poderosa, com Rizzo na guitarra solo, o baixista Tony Campos e o baterista Kanky Lara – vindo da República Dominicana e que nesta turnê substitui outro filho de Max, Zyon Cavalera. Em certos momentos do show, eles ainda tocaram coisas como Pantera e até mesmo Legião Urbana (“Que País É Este”). Nesta última, Max brincou dizendo que até Renato Russo foi influenciado pelo Sepultura. O final do show veio com “Jumpdafuckup” emendada pela raivosa e empolgante “Eye For An Eye”. Quando finalmente Max deixou o palco, a banda executou um cover inusitado do Iron Maiden, numa versão veloz e muito bem executada para o clássico “The Trooper”. Assim o grupo se despediu do público brasiliense, deixando todos com um largo sorriso e a sensação de que foi um dos melhores shows que o festival já recebeu.

Já no sábado, segundo dia do festival, estávamos focados nos shows que ocorreriam novamente no palco BUDWEISER. Não conseguimos pegar todos os shows e perdemos o interessante grupo paulista UNCONSCIOUS DISTURBANCE, hoje radicado no Brooklyn/Nova York (EUA). Pelo apurado, a banda faz um som bem único e com muita personalidade, lembrando algo do Mastodon, Neurosis ou mesmo Crisis.

A banda gaúcha KRISIUN, mundialmente conhecida e respeitada na cena extrema, subiu ao palco para trazer o caos. Alex Camargo, Moyses e Max Kolesne fizeram o chão tremer com seu som técnico e absurdamente avassalador. Abriram com “Ominious”, de “Bloodshed” (2004), seguida por “The Will To Potency” e “Murder”, além de outros clássicos como “Vicious Wrath”, do excelente “Assassination”. Em seguida, o trio mandou uma homenagem aos mestres do Heavy Rock britânico com uma versão poderosa e veloz para “No Class” do Motörhead.

A banda ainda executou solos individuais de guitarra, com Moyses mostrando toda sua técnica e fúria nas 6 cordas. Mas foi o solo do batera Max que com certeza machucou muitos peitos ali! O som estava absurdamente alto e todos puderam ver, em um solo memorável, a potência aliada à fúria e técnica que Max possui. A banda encerrou a ótima apresentação com o hino porrada “HatredInherit”, do aclamado “Conquerors Of Armageddon”. A cada ano que passa o Krisiun segue se mantendo como um dos maiores nomes do Metal Extremo mundo afora. Ótimo show e garantia de pescoço doendo!

Então era chegada do penúltimo show do evento, já que o último seria o do polêmico LOBÃO. Um público gigante se postou à frente do palco, já que todos ali estavam loucos para presenciar os californianos insanos do SUICIDAL TENDENCIES. O baterista Eric Moore é um daqueles grandões, gigantes intimidadores, que mais lembram um ‘Rap Gangsta’. Apesar da imagem, esbanjou simpatia, pois foi ele quem agitou e anunciou a banda aos fãs. E assim, Mike Muir & Cia.  começaram a quebrar tudo com “You Can’t Bring Me Down”, clássico absoluto de “Lights… Camera… Revolution”.

Afora a presença do insano e doentio Mike Muir literalmente enlouquecendo a galera, a banda é formada por ótimos músicos. Além de Mike e do batera Moore, ainda conta com os excelentes guitarristas Dean Pleasantsdo (Infectious Grooves) e o baixinho invocado Nico Santora (From The Throne). Já o posto de baixista, que um dia foi ocupado por Robert Trujillo, hoje no Metallica, traz o não menos incrível Tim “Rawbiz” Williams, que é extremamente furioso e com uma performance brutal em cima de um palco. Realmente o cara toca muito!

O show seguiu com “Institutionalized”, do primeiro álbum lançado há trinta anos, “Subliminal” e a excelente “War Inside My Head”, de “Join The Army” (1987), em que a banda fez uma versão longa mas muito pesada e furiosa. Claro, todos agitaram muito. E o set continuou com a faixa título do EP de 1990, “Send Me Your Money”, e “We Are Family”, de “Freedumb” (1999). Em “Possessed To Skate” a banda trouxe ao palco um verdadeiro caos, especialmente quando Mr. Cyco Myco simplesmente deixou vários skatistas loucos subirem –  literalmente insano!

Sem perder um minuto sequer de sua energia, mais pedradas foram despejadas pela banda, como “Cyco Vision”, “Who Is Afraid?” e “Smash It”. Então, o ST fez algo inusitado, deixando as músicas do seu mais recente álbum, “13”, para o final. O encerramento, no entanto, veio com a trinca mortal de “How Will I Laugh Tomorrow”, “Pledge Your Allegiance” e “Memories Of Tomorrow”. Assim, mais uma edição do bem-sucedido festival “PORÃO DO ROCK” foi encerrada, tendo um saldo final muito positivo. Resta ficar na torcida para que outros nomes de peso venham abrilhantar ainda mais o festival em suas próximas edições.

 

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