POWERWOLF: A NOVA ONDA DE POWER METAL ENCABEÇANDO O BANGERS OPEN AIR

Prestes a desembarcar no Brasil para o maior festival de heavy metal da América do Sul, a banda discute a renovação e atual situação do power metal no mundo

Por Fernando Queiroz

Poucas bandas podem se orgulhar de ser responsáveis pela renovação de todo um estilo. Os alemães do Powerwolf são hoje, ao lado do Sabaton – com quem tocarão no Bangers Open Air –,  grande referência de um gênero que parecia saturado, mas que vem retomando sua força nos últimos anos. Com vinte anos de carreira, foi apenas nos últimos dez que a banda realmente se elevou ao nível mainstream. Com teatralidade, senso de humor, coros e shows de produção digna dos grandes rockstars, a ascensão dos lobisomens do metal foi meteórica a partir de seu álbum Blood of the Saints, de 2011. Agora, em 2025, a banda prepara sua segunda passagem pelo continente, como coheadliners do maior festival de metal da América do Sul. Em entrevista exclusiva à ROADIE CREW, o tecladista e fundador da banda Falk Maria Schlegel (pseudônimo de Christian Jost) discutiu o que veremos no festival, a diferença de produção em comparação aos festivais europeus, a evolução de mentalidade pós-pandemia e exaltou as novas bandas que vêm, ao seu lado, renovando o gênero – algo que ele denominou de “New Wave Of Power Metal”, ou  “Nova Onda de Power Metal”.

Estamos nos aproximando do Bangers Open Air, o maior festival de metal da América do Sul, e o Powerwolf é uma das atrações principais. Ele segue o modelo dos festivais da Europa, mas a gente sabe que o público muda de um continente para o outro. A abordagem que vocês usam aqui vai ser a mesma dos festivais europeus, ou vamos ver algo diferente?
Falk Maria Schlegel: Acho que vai ser a mesma abordagem, é mais assim… a gente fez a turnê com o Amon Amarth em 2020, tocamos cinco ou seis vezes no Brasil, em São Paulo, e eu tenho lembranças incríveis. Lembro que o público realmente canta, e não é só alto, é afinado! (risos) Estou ansioso para tocar esse caos do heavy metal pros fãs brasileiros de novo. Para mim, o melhor de tudo é essa interação. E agora, com o álbum Wake of the Wicked, vai ser a estreia dele em São Paulo e, claro, vamos trazer uma produção maior do que da última vez, porque naquela época a gente era banda de abertura. Agora, como você disse, estamos como headliners de um dos palcos – no outro, é o Sabaton –, então acho que vai ser perfeito pros fãs de power metal. Eu sempre toco como se fosse o último show da vida. Entro pegando fogo e saio exausto. Mas os fãs me devolvem tanta energia que… eu sou viciado nisso! É a minha parte favorita de estar numa banda, não é o estúdio (risos). Prefiro estar no palco.

Ah, então você é mais do palco do que do estúdio!
Falk: Com certeza! Claro que é legal escrever uma música nova, o processo de composição é importante. Mas quando acende a luz vermelha e dizem: ‘Agora toca direito, no tempo certo, com emoção, como se estivesse se divertindo…’ Jesus Cristo, é difícil até pra mim (risos). E eu realmente me divirto no palco! É claro que os dois são importantes. A gente compõe e grava as músicas pra levá-las ao palco. Mas se eu tivesse que escolher entre estúdio e palco, com certeza escolheria o palco!

A banda é conhecida pelas pirotecnias e cenários super elaborados nos festivais europeus. Vamos ver o mesmo nível de produção aqui? Com fogo no teclado, aquele cenário de igreja, essas coisas?
Falk: Vamos tentar, claro! Levamos os telões com a gente e também algumas pirotecnias. Vai ser o maior show que já fizemos em São Paulo. Mas, sendo sincero com vocês, não será exatamente a mesma produção que temos na Europa. Ainda assim, vai ser um show enorme, e tenho certeza que vai ser épico! Não vai ser como da última vez. O plano é voltar de novo e de novo, crescer, atrair mais público. É só a segunda vez que tocamos na América Latina e queremos continuar vindo. E eu espero – e tenho certeza – que por aí tem muita gente maluca (risos). É ótimo. Eu não sei o que esperar ao tocar pela primeira vez Heretic Hunters ou Bless ’Em With the Blade. Vamos ver!

Foto: divulgação

Como você mencionou, já faz cinco anos desde a última vez que vocês vieram à América do Sul. De lá pra cá, muita coisa mudou, nós mudamos, o mundo mudou. Passamos por aqueles tempos horríveis que eu nem quero lembrar (risos). O que você acha que mudou na mentalidade do Powerwolf, na forma como vocês trabalham ou tocam, de lá até aqui?
Falk: Para ser honesto, não mudou tanto. Claro que a pandemia foi difícil para a gente manter a motivação, escrever novas músicas, porque a gente nem sabia quando aquilo ia acabar. Era um sentimento de ‘agora ou nunca’, tipo, continua escrevendo, continua fazendo o que ama. Acho que um dos maiores impactos foi o Monumental Mass, show em formato de filme que fizemos na pandemia. Queríamos contar uma história empolgante – esse é o lado mágico do show-filme – e depois disso quisemos levar isso para o palco também. Tipo, dar a cada música um cenário diferente, com elementos de clipe, como em 1589, quando o prisioneiro é queimado na fogueira. No último show deste ano, fui eu que fui queimado na fogueira! (risos) Então, estamos focando mais nesse aspecto visual que veio com Monumental Mass. Essa é a maior mudança. Mas a nossa postura continua a mesma: sempre queremos fazer o maior show possível! (risos) E damos tudo em cada apresentação. Não existe isso de ‘ah, é um show pequeno, vamos fazer mais simples’ ou ‘é um grande, então vamos caprichar’. É sempre a mesma coisa: subir no palco, dar tudo, sair exausto e se sentir bem! (risos)

Então acho que podemos esperar um Powerwolf mais forte no Bangers Open Air do que em 2020!
Falk: Sim! Talvez até mais, porque agora a gente tem na cabeça que tudo pode acabar. Ninguém esperava o que foi a pandemia. Antes era normal ver três, cinco shows numa noite. De repente, não tinha mais nenhum. Pra gente, foi um momento de pensar: ’Meu Deus, acabou?’ Ou: ‘Quando eu acordar, os fãs ainda vão estar lá com o Powerwolf?’ Foi assustador. Mas, como você disse, voltamos mais fortes, pensando: ‘Cara, tudo o que fazemos numa banda é a melhor coisa do mundo. Aproveita! Dá o seu melhor. Faz mais ainda!’ E a primeira coisa que fiz depois da pandemia foi ligar pro meu agente e dizer: ‘Vamos continuar a turnê na América Latina!’ Foi a primeira coisa! Acho que até anunciamos a turnê na América Latina antes da europeia. E ele disse: ‘Tem a possibilidade de tocar no Bangers Open Air.’ E eu falei: ‘Sim! Sim!” Então, isso é incrível!

E acho que o público percebe isso. Eu vejo que de lá pra cá o Powerwolf cresceu muito em popularidade por aqui.
Falk: Uau, é ótimo ouvir isso! Porque temos memórias muito boas da última turnê no Brasil. E aí, com a covid, tivemos que voar do México direto pra Alemanha, e isso ainda está na minha cabeça. Não sei o que esperar agora, já que faz cinco anos, e agora você me diz que a banda cresceu aí. Fico muito feliz em ouvir isso. A recepção de Wake up the Wicked tem sido maravilhosa por parte dos fãs, então vai ser enorme!

Mudando um pouco de assunto: atualmente estamos vendo uma nova onda do power metal, com bandas como Powerwolf, Sabaton, Beyond the Black, Dynazty, a maior parte da Alemanha e Suécia, e muitas delas estão no Bangers Open Air. Algumas, como vocês, são até headliners do festival. Como alguém que está dentro desse movimento, qual sua visão sobre essa nova fase do power metal? O que você acha que mudou em relação ao power metal de antes?
Falk: Sim, com certeza tem um movimento acontecendo, e é bem interessante. Acho que pra mim o ponto de virada foi em 2011 aqui na Europa, na Alemanha, quando abrimos pro Sabaton. Minha impressão foi que as pessoas estavam mais abertas a esse tipo de power metal, sabe? E os lugares estavam ficando cada vez maiores. O público gosta desse tipo de entretenimento. E de repente surgiram várias bandas novas na Europa, como você citou: Dynazty, Amaranthe, e muitas outras. Isso é ótimo pra cena do metal. Sempre surgem novas bandas com muitos seguidores, e é incrível ver isso. E no caso do Powerwolf, acho que somos meio pioneiros nessa história. E eu tenho orgulho disso, de fazer parte dessa tal New Wave Of Power Metal. Normalmente, você ouve esse termo relacionado à New Wave Of British Heavy Metal, mas agora temos uma nova onda do power metal! O Powerwolf já tem vinte anos, e várias bandas surgiram com a gente. No ano passado, tivemos algumas bandas novas como suporte, e eu gosto muito dessa nova geração! Tivemos o Hammerfall com a gente ano passado, e eles são como os pioneiros do power metal na Suécia. Ver tudo isso crescendo é ótimo, precisamos disso. Todo mundo ama Iron Maiden, eu imagino. Mas até Nicko McBrain já saiu da banda, e vai chegar o dia em que eles vão dizer: ‘OK, é a turnê de despedida agora.’ Eu não quero nem pensar nisso porque eu amo Iron, mas é importante ter novas bandas na cena. Não estou dizendo que o Powerwolf é o sucessor do Iron Maiden – nunca diria isso! O que quero dizer é que tem que haver uma nova geração de bandas para manter esse tipo de música viva.

Bom, tenho mais uma última pergunta. Em 2021, com Call of the Wild, vocês lançaram versões alternativas de músicas com vocalistas convidados, como Alissa White Gluz, Ralf Scheepers e Hansi Kürsch. Vocês têm planos de fazer algo assim de novo? Talvez gravar um show ao vivo com esses convidados ou até outros?
Falk: No momento, não temos planos para algo assim. Nunca diga nunca, mas por enquanto não há nada planejado. Como você disse, são todos cantores incríveis. Fizemos um clipe com a Alissa para Demons Are a Girl’s Best Friend, e foi maravilhoso. Ela é uma pessoa super legal, uma cantora sensacional…

Esse é um dos meus clipes favoritos!
Falk: Que ótimo ouvir isso! A gente gravou esse vídeo durante a pandemia, e a Alissa veio até aqui. Tivemos uma conexão muito boa durante as filmagens. E a gente inverteu o papel tradicional – a Alissa era a personagem forte, não um homem! (risos) Fizemos de um jeito diferente. O Hansi, por exemplo, cantou Call of the Wild, e é muito legal ouvir outros vocalistas interpretando músicas do Powerwolf. Mas não temos planos pra repetir isso no momento. Talvez no aniversário de trinta anos da banda a gente faça algo assim. Mas por enquanto nosso foco é tocar ao vivo, fazer turnês e escrever novas músicas. Esse é o caminho agora.

 

Ingressos e informações em http://www.bangersopenair.com.

Crianças com menos de 10 anos entram de graça.

 

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Foto: Matteo Diva Fabbiani
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