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GUNS N’ROSES

Amigo leitor,

Hoje tem show do Guns n’ Roses. É a abertura da sua maior turnê no Brasil: nada menos que sete shows – além do Rio de Janeiro, datas também em Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Mas não se anime, porque não há nada de novo. Axl Rose e companhia estão há oito meses longe dos palcos, e o sentimento de mais do mesmo é justificável. Ainda assim, vale o benefício da dúvida para quem nasceu com o magistral “Appetite for Destruction”, então vamos lá.

Ainda havia ingressos para todos os setores no início da semana, então é surpreendente a notícia de que os bilhetes para pista, pista VIP e segundo nível da arquibancada foram todos vendidos na contagem regressiva de 24 horas para a apresentação. Casa cheia e a certeza de que muita gente está disposta a dormir pouco antes de ir para o trabalho – ou para a sala de aula – no dia seguinte. Pontualidade não é o forte de Axl Rose, mas ele está abusando. Vaias, muitas vaias a cada intervalo entre as músicas que fazem o som ambiente.

A arena já comporta o público estimado em 13.000 pessoas, e o show que deveria ter começado às 22h já está com um atraso de uma hora e 50 minutos… Opa! As luzes apagam e soam os primeiros acordes de “Chinese Democracy”. Começou o show, e diria que os fãs que há pouco tempo estavam apupando são bipolares, pois a insatisfação virou histeria assim que o vocalista apareceu no palco. E pouco importa se o som está embolado. Tenho certeza de que, mesmo com apenas alguns minutos, tem alguém jurando que é o melhor show da sua vida.

A faixa-título do disco lançado em 2008 é legal, diga-se. Aliás, sempre achei “Chinese Democracy” um álbum palatável, mas isso porque minhas expectativas à época eram muito baixas. E não estou sozinho. Quero dizer, começou “Welcome to the Jungle”, e os gritos aqui ficaram dez vezes mais altos. Mas essa música é espetacular, e eu sei que precede mais algumas pérolas do “Appetite for Destruction”. Então, vou dar um tempinho para curtir…

Faz tempo que não paro para escutar o disco de estreia do Guns n’ Roses, mas gastei de ouvir no fim dos anos 80 e início dos anos 90, por isso “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone” sempre vão cair bem – nem fiquei surpreso ao perceber que ainda sei todas elas de trás para frente. No entanto, é inegável que falta algo. DJ Ashba, Ron “Bumblefoot” Thal e Richard Fortus (guitarras), Tommy Stinson (baixo), Dizzy Reed e Chris Pitman (teclados) e Frank Ferrer (bateria) são competentes, sem dúvida. Até mesmo tecnicamente superiores que os integrantes originais ou da MK II (com Matt Sorum e Gilby Clarke), mas isso não diz muita coisa. A mão de direita de Slash faz a diferença, entende? É aquele lance da pegada, e nem mesmo três guitarristas são capazes de substituí-lo.

Sim, é uma banda de aluguel – bem entrosada, é verdade, pois está junta desde 2006 (à exceção de Ashba) -, mas o público não parece se importar. E nem teria como. Olho para os lados e vejo muitos fãs que não eram nem nascidos em 1991, quando o Guns n’ Roses veio ao Brasil pela primeira vez, no segundo Rock in Rio. Para eles, Axl Rose é o cara e pronto. “Estranged” está rolando, música que faria parte do meu “Use Your Illusion”, um CD simples (e um LP simples) em vez da megalomania que pariu dois CDs (ou quatro LPs).

Cara, que tema de guitarra bonito para cacete! Lembra-se do Slash? Pois é, isso é coisa dele. E até o “rip off” de “Stairway to Heaven” não depõe contra. Vamos encarar como homenagem. Bom, deixem-me voltar as atenções aos anos 2010 e ficar um pouco quieto à espera do que vem pela frente… Mais um momento solo, desta vez de Ashba com “La Bella Vita”, para quebrar o ritmo. Antes tivemos os holofotes centrados em Fortus, Stinson (cantando “Teenage Kicks”, do The Undertones, banda punk dos anos 70) e Reed, cercadas por mais músicas de “Chinese Democracy” – as chatíssimas “Better” e “This I Love”, e a boa “Catcher in the Rye” – e o tradicional cover de “Live and Let Die” com direito a pirotecnia e sonoplastia sem sincronia com a música. Mas não dei a mínima. Depois de ouvir e ver com Paul McCartney, qualquer outra versão fica pálida.

Ah, mas “You Could Be Mine” tratou de levantar o público. Mas novidade seria se não causasse esse efeito. Enfim, parece que os 15 minutos de fama de Ashba, ao menos esta noite, estão chegando ao fim… “Sweet Child O’ Mine”! Pronto, a casa veio abaixo. Precisei dar alguns passos para trás para não ser abraçado por estranhos que começaram a pular alucinadamente. E depois da tempestade, a bonança. Perdão pelo trocadilho, mas ele cai bem com a passagem para “November Rain”, afinal, a mudança no palco, com a entrada de um piano, ilustra bem como o show perde em dinâmica com os intervalos por demais longos entre as músicas. Às vezes parece que estamos assistindo a um ensaio de luxo.

“November Rain” caiu muito bem, mas expôs novamente um problema do set list: os malditos solos. Não dá para trocar ao menos um deles por “Civil War”? Enfim, é a vez de Bumblefoot, que emenda “Abnormal”, música de sua carreira solo. Se não estivesse a trabalho, seria aquele momento de tirar água do joelho, mas vamos até o fim… Bom, ele acabou de fazer uso do Bolsa Hino Nacional. O populismo é lindo! Está fazendo mais de dez mil pessoas cantarem como se estivessem à espera de um jogo da seleção brasileira. Torço apenas para que ninguém puxe “Sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”. Ou aquele ridículo “em cima, embaixo, puxa e vai”.

O atraso de quase duas horas está fazendo muita gente ir embora. Não bastasse ser mais de 1h, é uma boa tática para evitar congestionamento na saída. Quem tomou o rumo de casa escapou da piegas “Don’t Cry” e de uma versão totalmente sem alma de “Knocking on Heaven’s Door”. Mas quem ficou adorou. “Nightrain” mostra que a festa está chegando ao fim. Como ela é do “Appetite for Destruction”, não preciso dizer que é maravilhosa. Vou apenas ouvir (e ver)… Sério mesmo, Bumblefoot? Para que esse exagero de notas no solo? Chamem o Slash para mostra como faz, por favor. Escapou… Volto quando as luzes acenderem.

Bis previsível. Quer dizer, onde enfiaram “Rocket Queen”? Ok, teve “Patience” – dispensável para mim, essencial para a grande maioria – e, claro, “Paradise City” para fechar a noite de forma apoteótica, com fogos e mais fogos de artifício, além da chuva de papel picado. Justo, aliás. Saturado ou não, é o hino do grupo. O show foi ruim? De jeito nenhum. O Guns n’ Roses hoje é isso: Axl Rose acompanhado de músicos contratados. Mas sem burocracia, sem enganação. Bom show, mas ainda bem que pude estar no Maracanã naquelas noites de 20 e 23 de janeiro de 1991. Obrigado pela companhia. Boa noite!

Set list:
1. Chinese Democracy
2. Welcome to the Jungle
3. It’s So Easy
4. Mr. Brownstone
5. Estranged
6. Better
7. Richard Fortus Guitar Solo
8. Live and Let Die
9. This I Love
10. Teenage Kicks (Tommy Stinson)
11. Dizzy Reed Piano Solo
12. Catcher in the Rye
13. You Could Be Mine
14. La Bella Vita (DJ Ashba)
15. Sweet Child O’ Mine
16. November Rain
17. Abnormal (Ron “Bumblefoot” Thal)
18. Don’t Cry
19. Knockin’ on Heaven’s Door
20. Nightrain
Bis
21. Patience
22. Paradise City

 

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