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HELLFEST 2023

Hellfest 2023 – Visual e produção impecáveis

O gigante dos festivais europeus garante quatro dias de programação intensa e lineup escolhido a dedo

Texto: Clovis Roman e Damaris Hoffman 

15/06/2023

O festival Hellfest, sediado em Clisson, próximo de Nantes, na França, iniciou sua jornada em 2006 e desde então tem desempenhado um papel significativo no cenário da música pesada internacional. Ao longo dos anos, o evento tem visto um crescimento constante, reunindo multidões, algo que, obviamente, se repetiu em 2023. O cast variado, englobando alguns dos melhores nomes do metal e do rock da atualidade, desde clássicos a outros mais recentes, foi a receita perfeita para uma experiência única para o público, vindo de todos os cantos do mundo.

Um dos shows mais marcantes, a despeito das limitações óbvias advindas da idade dos integrantes, foi o do Kiss. Surgindo no palco em plataformas, mostrando desde o primeiro segundo a preocupação do grupo com a parte visual do espetáculo, que logo mais traria efeitos pirotécnicos e cênicos marcantes, Gene Simmons, Paul Stanley, Tommy Thayer e Eric Singer chegam abrindo com “Detroit Rock City”, apenas um da enxurrada de clássicos do Rock apresentados esta noite. Apesar do script das apresentações, houve momentos únicos, como quando Stanley entoou brevemente o hino francês. Não há nada sobre o Kiss que já não tenha sido dito e escrito no decorrer desse meio século de carreira, seja para o bem ou para o mal. Mas o fato é que o pomposo concerto do quarteto é algo que deve ser experimentado por todos os fãs de rock ao menos uma vez na vida.

O palco principal nessa primeira data, 15 de junho, também recebeu o rock and roll setentista do Hollywood Vampires, com Alice Cooper e Johnny Depp, enquanto o outro palco de maiores dimensões abriu espaço para nomes mais modernos, como o surpreendente Architects, com um show forte e coeso, o In Flames, que recentemente ressurgiu das cinzas com o excelente disco Foregone e o Parkway Drive, que tem grande prestígio no velho continente. Sons mais alternativos tiveram destaque nos palcos Warzone e Valley, como o Fishbone e o Amenra. Os adeptos das vertentes mais agressivas do Metal se concentraram nos palcos Altar e Temple, nos quais brilharam o Candlemass, que vive um grande momento com o vocalista original Johan Längqvist; o Hypocrisy, liderado pela brilhante mente de Peter Tägtgren, que divulga o álbum Worship, que recicla o que de melhor fizeram nesses mais de 30 anos de carreira; o camaleão Katatonia e o sempre impactante visualmente Behemoth, cuja cenografia é tão forte que às vezes deixa a música em segundo plano.

16/06/2023

O punhado de apresentações brilhantes do primeiro dos quatro dias de Hellfest foi apenas uma amostra do que os fãs poderiam presenciar. Um dos dois palcos principais foi mais coeso que no dia anterior, com uma porção significativa de nomes importantes. Os headliners conjuntos foram o Motley Crue, que entregou aquele hard rock datado, mas cativante dos anos 1980. Inclusive, o repertório veio quase todo daquela década, algo que ninguém reclamou. O guitarrista John 5, que entrou ano passado no lugar de Mick Mars, convenceu com tranquilidade, com uma execução impecável e cheia de feeling dos clássicos do grupo. Vince Neil fez o que pôde, apoiado por backing tracks que deram uma força substancial ao seu sempre anasalado vocal. O clima de festa foi similar com a performance do Def Leppard, que trouxe canções novas, mas que brilhou com os hits jurássicos, como “Let’s Get Rocked”, “Love Bites” e as super açuc       aradas “Foolin’” e “Pour Some Sugar on Me”. Antes, o Elegant Weapons abriu caminho para os gigantes da noite, o Skid Row provou que merecia estar no palco principal. A performance caótica do vocalista Erik Grönwall trouxe uma energia extra que praticamente ressuscitou o conjunto. Aliás, eles foram outros que focaram nos hits, tocando pouca coisa do mais recente e ótimo The Gang’s All Here. Como uma prévia do Iron Maiden, que tocaria no sábado (17), ainda tivemos o British Lion, a banda paralela de Steve Harris, que, se não foi uma apresentação histórica, tampouco foi algo esquecível.

O outro palco principal foi aberto com o Vended, do filho de Corey Taylor do Slipknot, que fez bastante barulho. Dali para a frente, nomes mais acessíveis vieram aos montes, com destaque para os franceses do Eths. Por outro lado, Machine Gun Kelly se mostrou descartável, enquanto Papa Roach e Sum 41 foram bons momentos de nostalgia para fãs de punk e rock alternativo. No Warzone, o Cockney Rejects trouxe seu street punk furioso, enquanto o Less Than Jake focou na diversão. A banda principal do palco, Rancid, foi um rolo compressor, como esperado. Em outros cantos da imensa estrutura do Hellfest, ainda houve tempo para alguns conferirem performances fortes de grupos extremos como o Suffocation, Aborted e Venom Inc, além do Bloodbath, que conta com Jonas Renkse (do Katatonia) e Nick Holmes, frontman do Paradise Lost, ambas também presentes no cast estelar do festival.

17/06/2023

O sábado, 17, foi marcado pela performance surreal do Iron Maiden, que parece não enferrujar nunca. Com um repertório focado no lendário Somewhere in Time (1986), resgataram pérolas e inclusive, trouxeram aos palcos pela primeira vez na história, “Alexander the Great”, música pedida pelos fãs para ser tocada ao vivo desde seu lançamento. As peripécias e falas de Bruce Dickinson são cativantes, assim como a performance técnica do sexteto, com um brilho especial de Adrian Smith, que esbanja bom gosto em cada arranjo, riff solo e melodia. Entre as inquestionáveis “Fear of the Dark”, “Iron Maiden” e “The Trooper”, as inimagináveis “The Prisoner” e “Caught Somewhere in Time” levaram vários às lágrimas, seja daqueles próximos a grade, seja dos que ficaram mais distantes e tiveram nos telões um grande aliado. Em um evento dessa magnitude, é bastante difícil transitar com facilidade entre os palcos, pelas distâncias, fluxo de pessoas e pelos horários conflitantes. Todavia, nesse cenário, esses desafios fazem parte da experiência e não causam tanto sofrimento assim. É tudo parte da experiência de viver quatro dias em total função da música.

Nomes consolidados no mercado europeu como Within Temptation, Powerwolf e Arch Enemy foram os destaques do segundo palco principal, apesar do show desse último ter focado demais em seus trabalhos mais recentes, visivelmente de menor impacto ao vivo. Mostrando a diversidade do lineup, em outros cantos do local, o Municipal Waste destruiu na turnê do ótimo Electrified Brain, mas apesar disso, focaram mais no disco The Art of Partying, do qual selecionaram meia dúzia de petardos. Entre idas e vindas, o Black Flag está desfigurado, porém, entregou momentos de boa diversão no mesmo palco Warzone, assim como o Pro-Pain e seu hardcore metal brutal e áspero. Liderado pelo baixista e vocalista Gary Meskil, o quarteto abriu rodas de pogo e reuniu bastante gente no decorrer do seu setlist de aproximadamente 45 minutos. O palco Altar, por sua vez, nesse dia recebeu bandas de sonoridade hermética, como o Voivod e o Meshuggah, que impressiona com a precisão instrumental e hipnotiza mesmo com frieza na interação (ou falta de) com o público. Músicas como “Rational Gaze” ou “Demiurge” falam por si só, assim como a antiga “Future Breed Machine”. Quem queria algo pesado, mas menos carrancudo, correu para o Temple para conferir os estranhos do Finntroll.

18/06/2023

O último dia de Hellfest guardou as maiores e melhores surpresas para os palcos secundários. Mesmo com o cansaço após dias de andanças e hospedagem em barracas dos mais diferentes estilos e confortos, a galera não deixou de comparecer cedo para a despedida da edição 2023 do festival. O esforçado Evil Invaders e o obsoleto Holy Moses prepararam o terreno para os gigantes do thrash metal Dark Angel e Testament, que como de costume promoveram seus habituais massacres sonoros. O grupo de Eric Meyer, Gene Hoglan e companhia mandou uma seleção primorosa de clássicos do disco Darkness Descends, entre outros, e entregou mais do que o esperado, ainda mais com o recém falecimento do membro fundador Jim Durkin, em fevereiro último. O Testament contou com o retorno de Alex Skolnic às guitarras após um breve período de afastamento, e que forma, ao lado de Eric Peterson, uma das melhores duplas de guitarristas do thrash metal de todos os tempos. Um repertório balanceado entre o antigo e o novo, deixando a fase intermediária de lado, foi a fórmula de mais um show certeiro. Parece que os anos não causam nenhum dano ao grupo, muito pelo contrário. Ainda em destaque o rock maluco do Melvins (teve até cover do The Beatles) e o death metal casca grossa do Benediction.

O Paradise Lost foi outro grande destaque, pois jogou com o regulamento debaixo do braço e deu uma certa ênfase ao Draconian Times, que quase os alçou ao mainstream nos anos 1990, selecionando pérolas menos antigas, como “Faith Divides Us – Death Unites Us” e “No Hope in Sight”. Mais cedo, no mesmo palco Temple, o progressivo The Old Dead Tree entregou uma coesão absurda e momentos sublimes como “We Cry As One”, do debut The Nameless Disease (2003), além da estreia do novo single “Terrified” ao vivo. Com o chegar da noite, as expectativas aumentavam para os headliners Pantera e Slipknot, antecedidos pelo death metal viking e melodioso do Amon Amarth, que trouxe um vistoso palco e encenações de lutas em “The Way of Viking”. O Hatebreed abusou da agressividade com “Destroy Everything” e outras músicas bastante parecidas, tornando o show um tanto homogêneo demais. O Tenacious D. se mostrou a piada sem graça que sempre foi.

O Pantera é um tributo ao lendário grupo dos anos 1990, com dois membros da formação mais importante: o vocalista Phil Anselmo e o baixista Rex Brown, ao lado de Charlie Benante (Anthrax) e Zakk Wylde (Ozzy Osbourne). Com isto em mente, difícil não mergulhar de cabeça com petardos como “A New Level” ou “Mouth of War” e, mais para a frente, com “Walk” e “Cowboys from Hell”. Anselmo cantou como conseguiu e Wylde respeitou o legado de Dimebag Darrell, algo inesperado e louvável. A festa foi encerrada oficialmente com o Slipknot, que mesmo com a recém saída de Craig “133” Jones, não se deixou afetar e comprovou que merece o status de uma das maiores bandas do metal da atualidade. O show foi alicerçado por uma sequência espetacular de sucessos e músicas poderosas, tendo como único deslize “The Devil in I”, que funciona apenas em estúdio mesmo. De resto, os petardos do álbum Slipknot, “Eyeless”, “Spit It Out”, “Surfacing” e a caótica “Wait and Bleed”, com uma pegada um tanto menos brutal, foram os highlights, além da faixa de abertura, “The Blister Exists”.

A experiência

O Hellfest é muito mais do que apenas um conjunto de palcos e shows. É um verdadeiro complexo de entretenimento que oferece uma experiência completa aos seus participantes. Além das bandas renomadas e outras emergentes, o evento conta com uma ampla gama de atividades e atrações adicionais. Uma das características marcantes é o diversificado merchandising, que vai desde produtos das bandas e gravadoras até itens exclusivos do próprio festival. Além disso, oferece amplas áreas de lazer, onde os visitantes podem relaxar, interagir com outros fãs e desfrutar de diversas opções de alimentação e bebidas. Há também espaços para atividades recreativas, como jogos, exposições de arte e feiras, sem contar a roda gigante e a icônica estátua de Lemmy Kilmister, proporcionando uma atmosfera vibrante e única.

A estrutura gigante é outro aspecto impressionante, com palcos imponentes e telões que ajudam muito aqueles que preferem ficar mais ao fundo, que assim o fazem para conseguirem se deslocar com mais facilidade entre as áreas de shows. A infraestrutura é planejada para garantir o conforto e a segurança da turba de headbangers que toma de assalto o Hellfest todos os anos. Temos no Brasil festivais que oferecem infraestruturas condizente com os padrões europeus, todavia, a experiência de pisar em solo francês e participar in-loco de um dos maiores e mais consagrados festivais da música pesada no mundo é algo que transcende as palavras. Não à toa, todos os anos os ingressos se esgotam em minutos, muito antes mesmo do anúncio das bandas que participarão.

Esperamos que o Summer Breeze Open Air Brasil continue a trazer esse modelo europeu cheio de experiências e cresça a cada ano.

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