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Edição #216

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Eles eram talentosos e destemidos na era dos excessos. Eles eram amados por uns e odiados por outros. Eles criaram hits, tocaram em grandes arenas e excursiona­ram pelo mundo. Eles eram debochados, perigosos e não tinham limites…

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ESPECIAL – HARD ROCK – INTRO

Por Ricardo Batalha

Eles eram talentosos e destemidos na era dos excessos. Eles eram amados por uns e odiados por outros. Eles criaram hits, tocaram em grandes arenas e excursiona­ram pelo mundo. Eles eram debochados, perigosos e não tinham limites. O nível de sucesso era alto, quase o mesmo dos abusos que cometiam e dos escândalos em que se metiam. Alguns se tornaram celebrida­des, outros faleceram. Alguns ficaram milionários e souberam se reinventar, outros caíram no ostracismo. Alguns conseguiram contratos com grandes gravadoras e venderam milhões de có­pias, outros chegaram tarde demais.

O senso comum aponta o Nirvana e a chegada do Grunge como responsáveis pelo declínio do Hard Rock (ou Glam Metal ou Hair Metal). De certo ajudou, mas não foi somente isso. A queda também foi impulsionada pela supe­rexposição do estereótipo do que havia de mais bizarro e exagerado naquela cena. Uma nova geração de adolescen­tes não via mais tanto motivo para celebrar e farrear a noite toda como se não houvesse amanhã. O aumento das taxas de infecção pelo vírus HIV, a situação política e a retração do mer­cado imobiliário enfrentado por uma superpotência como os Estados Unidos, no começo da década de 90, contribuíram para que o panorama fosse alterado.

STOP – VOLTANDO A FITA

Por Ricardo Batalha

Dia 26 de novembro de 1983: o mundo parou para ver pela primeira vez uma banda de Hard Rock/Metal no primeiro posto do Top 200 da Billboard. Era o Quiet Riot, que per­maneceu 81 semanas nos charts com Metal Health. No início daquele ano, Pyromania, do Def Leppard, tinha conquistado a segunda po­sição na mesma parada, na qual ficou por 92 semanas. Além disso, o grupo inglês, que outrora renegou o rótulo New Wave Of British Heavy Metal, chegou à marca de dez milhões de cópias vendidas somen­te nos EUA e teve três clipes exibidos à exaustão na MTV (Photograph, Rock Of Ages e Foolin’) – Photograph ultrapassou Beat It, de Michael Jackson, como vídeo mais pedido pelo público na MTV.

Antes disso, o AC/DC, com For Those About To Rock; Foreigner, com 4; e Jour­ney, com Escape, já tinham feito “estrago” nas paradas e atingido o topo em 1981

POSERS

Por Ricardo Batalha

é tudo visual

Para se rebelar contra a sociedade, chocar e usar tais artifícios em favor da busca por uma carreira musical, muitas bandas se valeram do visual e da exploração da imagem. O uso de cabelos compridos por homens, considerado “sexualmente sub­versivo” até ser popularizado pelos Beatles, já era regra para compor a aparência dos grupos de Hard Rock. Já no Heavy Metal, o visual típico adotado pelo Judas Priest em meados dos anos 70 a partir de uma visita do vocalista Rob Halford a uma ‘sexshop’, mesclava peças de produtos sadomasoquis­tas com a de motociclistas estradeiros.

Extrapolando, os astros do Glam Rock da década de 70 adotaram um visual andrógino. As roupas coloridas de couro, jeans rasgados, calças de lycra (spandex), plataformas, penteados com muito spray, delineador preto, batom e maquiagem pesada dos músicos de Glam Metal foram herdados do arsenal cênico dos britânicos Marc Bolan e T. Rex, David Bowie, The Sweet, Slade, Roxy Music, Gary Glitter, Mott The Hoople e Girl.

O COMEÇO DO GLAM

Por Antonio Carlos Monteiro

Mas vamos, mais uma vez, dar uma rebo­binada na fita. Qual a origem de todo o exagero visual que o Glam Rock levou para os palcos e para as telas da MTV nos anos 80 e 90?

A verdade é que desde sempre o visual foi usado como um complemento de suma importância para o Rock, tendo como principal função chocar o ‘estabilishment’ – vide Elvis Presley, cujo rebolado não só fez com que as emissoras de TV o filmas­sem apenas da cintura para cima como lhe valeu o apelido de “Elvis, The Pelvis”.

Em meados dos anos 60, o vocalista Arthur Brown inovou naquilo que hoje chamamos de ‘frontman’. Além de pintar a cara, Arthur, à frente de sua banda The Crazy World Of Arthur Brown, tinha uma presença de palco no mínimo performá­tica – é fácil de achar no YouTube um antigo clipe dele cantando a música Fire usando um capacete pegando fogo. Por essas e outras, ele é considerado o pai do chamado Shock Rock. E um de seus principais discípulos foi Alice Cooper, que levou a extremos sua apresentação teatral – tanto que há mais de quarenta anos ele é decapitado ou enforcado durante suas apresentações…

ARMAS: CLIPES, POWER BALLADS, VIRTUOSE

Por Ricardo Batalha

Obscenidade e transgres­são de padrões eram tudo que os ‘glam rock­ers’ se propunham a fa­zer. O objetivo era chocar usando a sexualidade, e eles foram ao limite. A MTV não só os acompa­nhou como ditou a moda. O visual seria tão importante quanto a música, seja nas capas dos discos, em fotos promocionais ou nos videoclipes. “O surgimento da MTV contribuiu para que o visual dos anos 80 fosse meio que padro­nizado”, explicou Tom Keifer, do Cinde­rella. “O vídeo nos ajudou bastante, porque quem só havia nos escutado no rádio não sabia como era nossa imagem”, analisou o falecido guitarrista Robbin “The King” Crosby sobre o clipe do maior hit do Ratt, Round And Round.

Para estrelar esse vídeo foi escalado o saudoso ator e comediante Milton Berle, apelidado de Mr. Television. A promoção foi maciça, com Berle aparecendo nas manchetes: “Mr. Television agora é o Mr. MTV”. A partir de então, o Ratt apareceu nacionalmente nos Estados Unidos, e a longa turnê, iniciada em fevereiro de 1984, só reforçou o nome da banda, então promovendo o álbum de estreia, Out Of The Cellar…

AOR

Por Ricardo Batalha

Citar bandas de sucesso classificadas como AOR é mais fácil do que entender o significado do estilo, pois uma das questões mais ouvi­das no mundo do Rock ainda é: “O que significa AOR?” Originalmente, seria Album Oriented Radio. Em 1965, uma resolução da Comissão Federal de Comu­nicações (FCC), órgão regulador da área de telecomunicações e radiodifusão dos Estados Unidos, proibiu que as estações de AM e FM oferecessem a mesma progra­mação. AOR descrevia às estações de FM, ainda com poucas propagandas, os álbuns que poderiam ser executados na íntegra ou as músicas que ultrapassavam o tempo de duração das que iam para as rádios AM, com mais de dois minutos e meio. Era a fase dos álbuns conceituais e, depois, do Rock Progressivo, que não criavam sua arte visando a um hit single.

No entanto, do meio para o fim dos anos 70, o termo se tornou depreciativo, expandindo-se para definir o estilo de ban­das mais populares que mesclavam Hard Rock, Pop e Prog e fizeram muito sucesso…

PMRC

Por Ricardo Batalha

Tipper Gore, esposa do senador e depois vice-presidente Al Gore, liderou o comitê PMRC (Parents Music Resource Center), que objetivava aumentar o controle dos pais sobre o acesso de crianças e jovens à música considerada “violenta”. Na famigerada e amplamen­te difundida lista das “Filthy Fifteen” (“Quinze Asquerosas”), nove eram de bandas de Hard Rock e Heavy Metal – Mötley Crüe, Twisted Sister, W.A.S.P., Def Leppard, AC/DC, Judas Priest, Mercyful Fate, Black Sabbath e Venom.

Isso levou à obrigação legal de que, a partir de 1985, os títulos saíssem com a advertência “Parental Advisory – Explicit Content” na capa: “Naquela época, Fuck Like A Beast era considerada uma afronta para muitas pessoas, mas hoje em dia não parece ser tão perigosa”, comentou Blackie Lawless, líder do W.A.S.P., que traz em Live… In The Raw (1987) a música Harder, Faster dedicada ao PMRC.

Os músicos se revoltaram contra as ações de Tipper Gore, Susan Baker, Pam Howar e Sally Nevius. Alguns gravaram músicas falando sobre o tema, como o Ju­das Priest em seu disco Hard Rock Turbo, que traz o single Parental Guidance, e o Warrant, que trouxe propositadamente em Ode To Tipper Gore, faixa bônus de Cherry Pie (1990), uma série de impropérios. Porém, se poucos bateram de frente com o comitê, Dee Snider resolveu enfrentá-los…

HARD ‘N’ HEAVY

Por Leandro Nogueira Coppi

Ainda que diversas ban­das desfilassem no lado glamoroso do Hard Rock, muitas delas com roupas estilosas e chocantes, visual andrógino e músicas que falavam de amor, festas, baladas e transas, outras tantas investiam no lado mais pesado. Flertando com o Heavy Me­tal e trajando um visual não tão espalha­fatoso, originaram o que se convencionou chamar de Hard’n’Heavy. “Penso que não éramos estritamente uma banda de Heavy Metal e tampouco uma banda Pop, mas tínhamos elementos de ambos”, analisou o guitarrista Marc Ferrari (Keel) ao site Sleaze Roxx. “Acredito que é por isso que fomos uma boa escolha para Bon Jovi, Dio e Queensrÿche (N.R.: bandas que convida­ram o Keel para abertura de seus shows), porque havia elementos de todos esses grupos em nós. Obviamente, você não co­locaria o Slayer em turnê com o Bon Jovi. Isso seria como água e óleo”, sentenciou.

O fato é que bandas como Warrior, Pret­ty Maids, W.A.S.P., Lizzy Borden, Steeler, Warlock, Loudness, Keel, Great White, Icon, Helix, Yngwie Malmsteen, Malice, Rough Cutt e Nitro, no início ou em algum ponto de suas carreiras, não eram tão duronas para se enquadrarem no Heavy Metal Tradicional, mas não podiam ser vistas apenas como Hard Rock. “Acredito que fizemos uma mescla de ambos os estilos naquela fase inicial da banda. O primeiro álbum foi mais naquela linha Judas Priest. Não vejo problema algum nisso, só que não era bem aquilo que eu queria fazer mu­sicalmente na minha carreira”, observou…

RADICALISMO

Por Ricardo Batalha

Se digo ‘pizza’, todos sabem o que estou querendo dizer, mas se falo Rock’n’Roll, estou falando de Bruce Springsteen a Iron Maiden”, comentou David Lee Roth no especial da MTV dirigido por Abbie Kearse. De fato, nos Estados Unidos chamavam quase tudo aquilo que se via nos anos 80 de Heavy Metal. E isso incomodou muito os músicos de Thrash Metal, que chegavam com força e eram contra o que viam no chamado Glam (“Hair”) Metal, amplamente docu­mentado nas páginas da revista Cir­cus. “Nos EUA, ou você era do Thrash ou do Hair Metal. Não havia meio termo. Todos diziam ‘kill posers!’”, explicou o vocalista Steve “Zetro” Souza (Exodus, Legacy). “A gente tinha que ir disfarçado para ver o Ratt. Era inconcebível você ser do Exodus e ir a um show do Ratt”, completou…

SUNSET STRIP

Por Ricardo Batalha e Evelin Trevisan

Embora tenha ramificações no mundo inteiro, é impos­sível não associar o Hard Rock da década de 80 com a cidade de Los Angeles e, especialmente, com uma avenida e seus bares: a Sunset Boulevard ou, simplesmente, Strip. Este é o nome dado ao trecho de 2,4 quilômetros mais famoso da Sunset, localizado em West Hollywood (entre Beverly Hills e Hollywood).

Ao andar pela Strip, ficam evidentes as marcas que o Rock deixou, e ainda deixa, na avenida. São comuns placas como “Vocalistas andaram por estas ruas usando roupas de mulher”, além de grandes réplicas de guitarras e palhetas expostas em postes e estabelecimentos. Além disso, separados apenas por um quarteirão, ainda estão em funcionamen­to alguns dos icônicos bares e casas de show: Whisky A Go Go, Rainbow, The Roxy Theatre e The Viper Room.

Nenhuma outra avenida foi cenário das festas mais loucas e glamorosas dos anos 60 até meados da década de 90, quando bandas como Mötley Crüe, Guns N’Roses, W.A.S.P. e Ratt, entre outras, groupies e fãs de Rock transformavam a Strip no seu próprio parque de diver­sões pesadas. Era o local onde se vivia a trilogia sexo, drogas e Rock’n’Roll sem limites. Na autobiografia “The Dirt”, Vince Neil (Mötley Crüe) descreve como eram as noites por lá:

WHISKY A GO GO

Por Ricardo Batalha e Evelin Trevisan

Enquanto houver cena de Rock em Los Angeles, haverá o Whisky a Go Go

É assim que o Whisky a Go Go se define em seu website. Considerado um dos mais famosos bares/casas de shows da história do Rock, serviu de palco para diferentes gerações, indo de The Doors, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, The Byrds, Buffalo Springfield, Cream e Alice Cooper na década de 1960 a Iggy And The Stooges, Black Sabbath, Mountain, Van Halen e Quiet Riot nos anos 70. Depois, com a explosão do Glam Metal, quase todas as bandas de impacto, como Guns N’Roses e Mötley Crüe, se apresentaram lá. Além disso, o local era palco para eventos de Heavy e Thrash Metal, com o Metallica se destacando na década de 1980. Depois, nos anos 90, abrigou Nirvana, Red Hot Chilli Peppers, Soundgarden, Mudhoney e outras.

A casa, localizada no 8.901 da Sunset Boulevard, foi inaugurada em janeiro de 1964 pelo empresário Elmer Valentine, cofundador do Roxy Theatre e do Rainbow Bar & Grill. Na ocasião, a atração principal foi o cantor Johnny Rivers. Aos poucos, tornou-se famosa não só pelos shows das bandas, mas também pelas ‘go-go dancers’ que se apresentavam em jaulas suspensas no teto – eram as “dançarinas de gaiola”…

CATHOUSE

Por Ricardo Batalha e Evelin Trevisan

Qualquer excesso que você possa pensar não estava apenas disponível, mas era encorajado e aceito”, revelou o renomado fotógrafo Neil Zlozower no documentário “When Metal Ruled The World 80’s (LA Sunset Strip Story)”. Isso realmente rolava no Cathouse, mas só era possível devido à política de privacidade adotada: máquinas fotográficas e filmadoras eram proibidas, assim os rockstars não teriam que se preocupar com os seus excessos publicados nos tabloides do dia seguinte. O que se fazia na Cathouse ficava na Cathouse!

A casa foi aberta em 23 de setembro de 1986 por Riki Rachtman, que se tornou o apresentador do programa “Headbangers Ball” da MTV (1990-1995) e trabalhou em rádio. Sem dinheiro, Rachtman persuadiu o dono do bar onde ficava a Osko’s Disco, localizada na rua La Cienega, para que o deixasse transformá-lo em um clube onde só iria tocar Rock. A famosa discoteca tinha até servido de cenário para o filme “Thank God It’s Friday” (1978), no qual aparece com o nome fictício The Zoo…

GAZZARRI’S

Por Leandro Nogueira Coppi

Livin’ in L.A. is so much-a… fffuuuun…” Em poucas palavras contidas na letra da música Babylon, o Faster Pussycat soube resumir bem a vida em Los Angeles e as noitadas na Sunset Boulevard – a “Disneylândia” dos ‘rockers’. Dentre os clubes noturnos que tornavam a região cada vez mais atraente, sedu­tora e glamourosa, havia o Gazzarri’s, do saudoso William “Bill” Gazzarri, no 9.039 da famosa avenida. “Quando as pessoas entram, estão normais, após meia hora de Rock, estão pulando, desenfreadas”, comentava Gazzarri ao falar sobre seu bar.

O simpático e carismático proprietá­rio, conhecido como “The Godfather Of Rock And Roll”, era o amigão de todos aqueles jovens que, para o restante da sociedade, eram tidos como desa­justados, delinquentes e tresloucados. Ele os defendia com unhas e dentes daqueles que os discriminavam: “Eles são os mais finos, amáveis, educados, decentes, carinhosos, trabalhadores, respeitosos e melhores jovens que a América já produziu.”…

RAINBOW BAR & GRILL

Por Leandro Nogueira Coppi

Durante os anos 1960, os bares Troubadour, Gazzarri’s e Whisky A Go Go já agitavam com boa música as noites de Los Angeles. Com a chegada da nova década, outros três foram inaugurados e logo se tornaram ótimas opções para aqueles que buscavam por entretenimento: Rainbow Bar & Grill, The Roxy Theatre e Starwood. De todos, o Rainbow era o mais peculiar, pois atraía músicos e pessoas ligadas ao cinema. Antes, porém, funcionava apenas como restaurante. No período como Villa Nova Restaurant, o proprietário era o dire­tor de cinema Vincente Minnelli, à época casado com a atriz Judy Garland, a jovem Dorothy Gale de “O Mágico de Oz” (1939). Inclusive, foi no Villa Nova que, em 1952, a atriz Marylin Monroe conheceu o jogador de baseball Joe DiMaggio, conhecido como “Joltin’ Joe” e também “The Yankee Clipper”. Ambos acabaram se casando em 1954, mas, devido à turbulência no relacio­namento, se divorciaram um ano depois.

Adquirido por Elmer Valentine (ex­-proprietário do Roxy e do Whisky), Lou Adler (proprietário atual do Roxy), Mário Maglieri e outros..

STARWOOD

Por Leandro Nogueira Coppi

Quando o Starwood encerrou suas ativida­des, o cenário Hard/Glam Metal estava apenas começando a ganhar projeção. Do mesmo jeito que o clube, localizado no número 8.151 da via Santa Monica Boulevard, em West Hollywood, era conhecido por abrir espaço para que diversas bandas se apresentassem – muitas delas no início de suas carreiras –, na mesma proporção ele tinha a má fama de ser um local envolto em polêmicas. “Havia pilhas de cocaína sobre as me­sas do andar superior do Starwood”, contou Don Dokken. “Era só estalar os dedos para conseguir Coca-Cola e Quaaludes (N.R.: remédio ansiolítico que causa alucinações e que pode ser fatal se misturado com álcool). E era gratuito”, continuou.

O vocalista do Dokken também fez revelações chocantes sobre David Forest, o agente de shows da casa: “Ele nos colocou para tocar com Van Halen e Quiet Riot. Agradeci, e ele disse: ‘Sinceramente, não gosto de sua banda, mas você tem uma bela… “

THE ROXY THEATRE

Por Ricardo Batalha e Leandro Nogueira Coppi

Aberto em 23 de setembro de 1973, no 9.009 da Sunset Boulevard, com um show de Neil Young & The Santa Monica Flyers, o Roxy Theatre também pertenceu a Elmer Valentine, ex-proprietário do Whisky A Go Go e ainda dono do Rainbow, seu vizinho. Além de Valentine, a casa foi inaugurada por meio da sociedade formada com Lou Adler, com ajuda de David Geffen, Elliot Roberts e Peter Asher.

O Roxy não serviu de palco somente para músicos, mas também para come­diantes e atores como Cheech & Chong, Jerry Lewis, Paul Reubens, Jay Leno, David Letterman e Arsenio Hall. Porém, a fama cresceu depois que Genesis e The Temptations se apresentaram por lá, e a casa acabou sendo local de gravação de vários discos ao vivo, como Genesis: Live At The Roxy (1973), do Genesis, e Roxy & Ensewhere (1974), de Frank Zappa. Já o On The Rox, que fica na parte superior, era um bar privado frequentado por John Lennon, Alice Cooper, Robert De Niro, Keith Moon, Neil Young e outras estrelas.

Estrelado por Tawny Kitaen, o videoclipe Back For More, do Ratt, traz cenas de shows no Roxy e conta também com presenças do ator Milton Berle e de Tommy Lee e Nikki Sixx, integrantes do Mötley Crüe que costumavam tocar e curtir a noite na casa…

TROUBADOUR

Por Leandro Nogueira Coppi

O Troubadour foi funda­do por Doug Weston em 1957, no 9.081 da West Hollywood, pa­ralela à Sunset Strip, onde se localizam – ou se localizavam, no caso de alguns – vários dos outros mais famosos bares da cena americana de Hard Rock. Antes de abrir espaço para diversas tendências mu­sicais como New Wave, Punk, Hard Rock e Heavy Metal, o Troubadour era conhecido como “a casa da música Folk”. Nas pri­meiras décadas de funcionamento, a casa recebeu em seu palco nomes lendários para a música mundial, como Bob Dylan, The Byrds, Buffalo Springfield, Neil Young, James Taylor, Elton John, Neil Diamond, Led Zeppelin, Tom Waits, Cat Stevens, Mi­les Davis, Willie Nelson e tantos outros.

Algumas histórias bastante curiosas tiveram o nome do Troubadour envolvido. O lugar foi crucial para o Eagles, pois foi lá que aconteceu o primeiro encontro entre Don Henley e Glenn Frey, culminando na formação do grupo…

THE VIPER ROOM

Por Ricardo Batalha e Leandro Nogueira Coppi

Nos anos 1940, havia um bar de Jazz no número 8.852 da Sunset Boulevard chamado Melody Room, usado como ponto de encontro dos ma­fiosos Bugsy Siegel e Mickey Cohen. Mais tarde, o local passou a receber motociclistas até que, a partir da década de 1970, mudou o nome para The Central – era lá que toda segunda-feira à noite o ‘bluesman’ Chuck E. Weiss se apresentava. Com os anos, o The Central começou a ficar mal das pernas até que, em 1993, o próprio Weiss recomendasse ao renomado ator Johnny Depp que o adquirisse e mudasse o nome para The Viper Room. Dito e feito. Em 14 de agosto daquele ano, Depp inaugurou o seu novo patrimônio, com capacidade para receber 250 pessoas, sem nem imaginar que em pouco tempo teria que lidar com alguns sérios problemas no estabelecimento.

A princípio tudo ia bem, já que o The Viper Room virou o preferido da elite hollywoodiana. Entretanto, na manhã de 31 de outubro, dia do Halloween, o ator River Phoenix, de apenas 23 anos de idade, morreu na calçada da entrada do bar em decorrência de uma intoxicação causada por uma combinação de drogas…

GUITAR CENTER

Por Bill Hudson

Neste exato momento, mesmo nos lugares mais remotos do mundo, há adolescentes praticando em instrumentos musicais e sonhando se profis­sionalizar na música. A maior parte vai crescer, arranjar uma carreira e conti­nuar tocando como hobby. Uma fatia um pouco menor vai continuar tentando seriamente e trabalhando em empregos secundários para pagar as contas en­quanto compõe, ensaia, grava etc., com a esperança de colher frutos no futuro. Uma pequena porcentagem desse se­gundo grupo vai conseguir viver apenas de música e realizar seus sonhos. Inde­pendentemente da pessoa, a maioria dos músicos aspirantes pensa em um dia visitar (ou até fixar residência) na cidade de Los Angeles. De viajantes casuais que estão na cidade por três dias, passando por bandas de médio porte que estão tocando na cidade e precisam de algum acessório de última hora aos maiores astros da música, todo músico visita frequentemente ou já visitou o número 7.425 da mítica Sunset Boulevard, onde se encontra a primeira (e mais impor­tante) filial do Guitar Center…

AMOEBA E TOWER RECORDS

Por Sergio Martins

O escritor mineiro Ruy Castro declarou certa vez que, ao morrer, gostaria que sua alma habitasse um sebo de livros ou uma loja de discos de Jazz. Já o amante de Rock tem o destino certo para vagar por toda a eternidade: os corredores da Amoeba Records, em Los Angeles (há filiais em Berkeley e São Francisco, tam­bém no estado da Califórnia). Inaugurada em 2001, trata-se de uma maravilha de 2.200 metros quadrados com um acervo de mais de cem mil itens, entre CDs, LPs de vinil, DVDs, camisetas e outras quinquilharias. A loja não é dedicada exclusivamente ao Heavy Metal – “Você tem um gosto eclético, não?”, me disse o caixa do estabelecimento ao ver que minha sacola ia da Dazz Band ao novo trabalho do Mastodon, passando por uma sinfonia do estoniano Arvo Pärt. Mas seu endereço diz muito sobre a cena rockeira de Los Angeles. Ela fica localizada no número 6.400 da Sunset Boulevard, perto do lendário edifício da Capitol Records e a poucos quarteirões do Rainbow Bar & Grill, onde um certo Lemmy Kilmis­ter (1945-2015) passava dias a base de Coca-Cola e Jack Daniel’s.

A Amoeba, aliás, tornou-se conhecida pelos admiradores de Metal por causa do documentário que retratou o dia a dia (bem triste, aliás) do líder do Motörhead…

MADISON SQUARE GARDEN / SHOCK ROCK

Por Ricardo Batalha e Leandro Nogueira Coppi

Madison Square Garden

Ricardo Batalha

Se Nova York tem no CBGB o sinônimo de Punk Rock, e o Apollo Theater é chamado de o local “onde estrelas nascem e lendas são criadas”, o Max’s Kansas City, por sua vez, abrigou o Glam dos anos 1970, a cena de Iggy Pop e New York Dolls. Além disso, o L’Amour, apelidado de “Rock Capitol Of Brooklyn”, foi a meca da cena local do Hard ao Metal. Porém, reza a lenda que um artista toma consciência de que está fazendo sucesso ou se mantém no topo quando se apresenta no Madison Square Garden.

De fato, em qualquer biografia ou história de músicos, sejam aspirantes ou verdadeiros astros de Rock, o Madison Square Garden é citado como ponto alto de alguma turnê ou mesmo da carreira, dependendo do artista. Assim foi com o Kiss, que sonhava se apresentar no local desde o início de sua carreira. A partir daí, a adrenalina tomou conta de todos e duas questões viraram assunto: ‘Será que no Guns o som vai melhorar?’ e ‘Quanto tempo Axl vai atrasar o show?’….

SLEAZE GLAM

Por Leandro Nogueira Coppi

Anda que muitos grupos de Hard Rock tivessem se dado bem na indús­tria musical, vendendo seu “milhãozinho” de cópias em discos que eram repletos de clichês e apelos musicais (e visuais) que agradavam não só ao público, mas a gravadoras e mídia, uma vertente suja, exagerada, agressiva, largada e podre do gênero seguia na contramão. Era o debochado e espalhafatoso Sleaze Glam que, apesar de ser visto por muitos como uma “aberração”, conseguiu atrair uma boa parcela de seguidores.

Algumas bandas do gênero trajavam­se como “travestis vampirescos”, com roupas nada discretas. O primordial eram as botas e os tecidos de vinil brilhante – preferencialmente preto ou, em segundo plano, vermelho. Outras, chamadas sar­casticamente de Bubblegum Glam Bands, chutavam o balde e esculhambavam vestindo-se como se fossem um bando de ‘drag queens’. Além daqueles que tiveram seu nome impulsionado, como Pretty Boy Floyd, Faster Pussycat (no iní­cio), Alleycat Scratch e Big Bang Babies, o cenário Sleaze não era tão enxuto como se imagina…

CONEXÃO ALEMANHA-EUA COM A RÚSSIA

Por Ricardo Batalha

Se Klaus Meine, do Scorpions, passou a vida toda sem escon­der o forte sotaque alemão e ainda assim manteve o suces­so, o guitarrista Hans Ziller, do Bonfire, outro orgulho do Hard Rock da Alemanha, apontou algumas diferenças do estilo praticado por lá em relação ao cenário nos Estados Unidos: “Na Europa temos uma preocu­pação maior com as composições. Além disso, não somos apegados a todo aquele glamour de Hollywood. Boa parte do Hard Rock americano preza excessivamente o visual, com aqueles cabelos gigantescos de coisas como Poison e Cinderella.”

O vocalista do Scorpions, por sua vez, explicou que nunca se sentiu confor­tável cantando em sua língua natal. O primeiro teste ocorreu em 1975, ano em que o grupo soltou seu terceiro álbum, In Trance. A pedido do produtor Dieter Dierks, a banda gravou versões de Fox On The Run e Action, ambas do The Sweet. O single Fuchs Geh’ Voran, no entanto, saiu com o nome The Hunters estampado na capa em vez de Scorpions …

VIRANDO CASACA / OS QUASE VAN HALEN

Por Ricardo Batalha

Virando Casaca

Se não pode vencê-los, junte-se a eles. A estratégia, que já não tinha funcionado para bandas que optaram por alterar drasticamente a sua sonoridade nos anos 1980, foi repetida quando algumas deixaram de lado o Hard Rock e rumaram, sem nenhum receio, para o Grunge. Tanto os grupos de renome quanto os que chegaram tarde e tentaram se readaptar acabaram que­brando a cara.

Um caso curioso ocorreu com o Wildside. Assim como Hardline, Saints & Sinners, Sven Gali, Outlaw Blood e tantos outros, o grupo até chegou na fase dos últimos suspiros do Glam Metal, mas lançou o ótimo Under The Influence (1992) pela Capitol. O disco foi gravado no estúdio 5150, de Eddie Van Halen, contou com produção do lendário Andy Johns e uma das faixas foi coescrita por Paul Stanley (Kiss). Entretanto, nada foi capaz de salvar o grupo, dispensado pela gravadora após mudanças na formação. Pior do que isso, o vocalista Drew Han­nah seguiu em frente e lançou um álbum de Grunge intitulado Wildside (1995). “O Grunge chegou como um trem desgo­vernado. E nós estávamos condenados”, afirmou o guitarrista Benny Rhynedance, que preferiu sair antes do disco com o novo direcionamento…

Poderiam ter sido do Van Halen…

MITCH MALLOY – Efetivamente sentiu o gostinho e até passou alguns dias como vocalista do Van Halen, em 1996 – algumas gravações são facilmente encontradas no YouTube. Indicado pelo produtor e hitmaker Des­mond Child, Mally ensaiou com a banda e ouviu de Eddie Van Halen que estava dentro e seria o escolhido para substituir Sammy Hagar. O destino, no entanto, não quis assim.

Naquele ano, o grupo reapareceu em 4 de setembro com David Lee Roth na festa de premiação MTV Video Music Awards. Porém, no final, quem ficou com a vaga foi Gary Cherone (ex-Extreme), que iniciou os trabalhos com a banda no 5150 Studios em 4 de janeiro de 1997…

HARD E O FUNK O’ METAL

Por Leandro Nogueira Coppi

No cenário musical da década de 80, a coisa estava mais ou menos assim: tudo anda­va às mil maravilhas para qualquer fã de Rock, Hard e Metal que dispunha de músicas para todas as ocasiões. Se desejasse bater cabeça, bastava ouvir Heavy, Thrash, Death e Black Metal. Caso quisesse curtir uma noite regada à bebedeira, uma tarde de sol com os amigos na praia ou num churrasco, sair de casa para ficar com alguém ou tudo isso de uma vez – não necessariamente nessa ordem –, o Hard Rock era uma boa pedida. E era, inclusi­ve, opção aos que tinham seus instantes de romantismo ou de fossa, pois basta­va escolher suas baladas favoritas do gênero e deixar o sentimento falar mais alto. Porém, chegou o momento em que muitos sentiram falta de um tipo de som que fizesse qualquer um pirar e ficar com vontade de sair dançando ou pulando onde quer que estivesse.

Muitas bandas também sentiram que precisavam causar esse efeito nas pessoas, então criaram algo que acabou se tornando uma verdadeira febre: o Funk O’ Metal. Tra­tava-se de uma vertente que extraía muito do Funk, do Jazz e também do Hip Hop, baseada em guitarras pesadas e suingadas, baixos pulsantes e muitas vezes ‘slapeados’ e bateria cheia de groove.

GAMES

Por Ricardo Batalha

Se os Beatles serviram de inspiração para a máquina de pinball “Beat Time” (1967), que estampava a fictícia banda “The Bootles”, o sonho de todo adoles­cente nos anos 1970 era jogar nos fliperamas em máquinas como “Ted Nugent” (1978), “Kiss” (1979) e “Gorgar” (1979, inspiração para a música homônima do Helloween). Outra que fez sucesso e marcou época foi “Wizard” (1975), baseada na Ópera Rock Tommy (The Who) que, em 1994, também serviu de tema para o pinball “The Who’s Tommy Pinball Wizard”.

Os fliperamas ainda viviam a sua era de ouro, mas o Atari 2600 vinha fazendo enorme sucesso e se tornou um fenôme­no mundial entre os jovens na década de 80. Assim, a Data Age lançou o cartucho “Journey Escape” (1982), baseado no álbum Escape (1981), do Journey. O grupo ainda foi tema do jogo “Journey: The Vi­deo Game” (1983), da Bally Midway (hoje Midway Games), empresa que também colocou no mercado o pinball “Heavy Metal Meltdown”, em 1987.

CINEMA - O HARD EM HOLLYWOOD

Por Ricardo Batalha

Filmes com temática Ro­ck’n’Roll são comuns desde os tempos de Bill Haley & His Comets (“Sementes da Vio­lência”, de 1955, e “Ao Balanço das Horas”, de 1956), Elvis Presley (de “Love Me Tender”, de 1956, para frente) e dos Beatles (a partir de “A Hard Day’s Night”, de 1964). Assim, se a cena em Los Angeles estava fervilhando, nada mais natural que Hollywood, a “terra do cinema”, incluir bandas de Hard Rock em trilhas. Afora isso, vários músicos, entre eles Alice Cooper, David Bowie, Gene Simmons, Meat Loaf, Jon Bon Jovi, Dee Snider e Bret Michaels, atuaram como atores, e os grupos ainda hoje são mencionados em longas e séries.

Se na década de 70 “Kiss Meets The Phantom Of The Park” (1978) não foi uma boa estratégia comercial para o Kiss, filmes como “The Rocky Horror Picture Show” (1975), “Stunt Rock” (1978) e “Rock ‘n’ Roll High School” (1979) mostravam que o Rock seria bem explorado nas décadas seguintes. Logo em 1980, o longa “Roadie” trouxe Alice Cooper e Meat Loaf. No ano seguinte, o mundo parou para ver a animação canadense “Heavy Metal – Universo em Fantasia”. Adaptação com diversas histórias da revista Heavy Metal, contou com Sammy Hagar, Blue Öyster Cult, Cheap Trick, Nazareth, Journey…

AS EXCENTRICIDADES

Por Leandro Nogueira Coppi

No mercado de trabalho, em algum momento de sua vida certamente alguém lhe deu a dica: para se destacar e ser reconhecido, você precisa ser criativo. Essa máxi­ma também se aplica na indústria musical. No Hard Rock, diversos músicos levaram isso em consideração e desenvolveram as ideias mais malucas, engraçadas e, em alguns casos, perigosas, que acabaram tornando suas performances ainda mais eletrizan­tes para o público.

Alguns guitarristas surpreendiam não apenas pelo talento que tinham, mas também pelas invencionices e excentri­cidades. Rick Nielsen, do Cheap Trick, por exemplo, ficou bastante famoso por usar guitarras estranhas, customizadas pela Hamer Guitars, dentre as quais a mais conhecida delas possuía cinco braços! O ambidestro Michael Angelo Batio, do exagerado grupo Nitro, não ficava atrás e despertava a curiosidade das pessoas tocando suas guitarras de dois braços opostos, chamadas Double V-Neck, e usando também o seu modelo Quad Guitar X-400, que dispunha de quatro braços em forma de “x”. “Aconteceu por acidente. Eu sou canhoto, mas aprendi a tocar com a mão direita porque não havia guitarras ca­nhotas disponíveis quando eu era criança”, revelou ao site Target Audience Magazine…

SUÉCIA

Por Ricardo Batalha

Em 2006, quando o Spotify foi criado em Estocolmo, a música sueca seguia firme em sua tradição de exportar novas bandas de diversos estilos musicais, do Pop ao eletrônico, mas principal­mente de Rock, Heavy Metal e música extrema em geral. Desde a explosão mun­dial do ABBA, o país é o maior exportador de artistas que entram nas paradas de sucesso do mundo em relação ao seu PIB (Produto Interno Bruto), à frente de Ca­nadá, Finlândia e Reino Unido. Os dados são do sweden.se, organização financiada publicamente com apoio do Instituto Sueco (SI), do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Cultura. Significa basicamente que por lá tem muito artista que faz sucesso fora do país. Incluindo de música pesada.

Um dos maiores eventos de Rock do mundo, aliás, é o “Sweden Rock Festival”, que começou timidamente em 1992 como “Sommarfestivalen” (‘The Summer Fes­tival’), depois se mudando de Olofström para a cidade de Karlshamn, onde passou a se chamar “Karlshamn Rock Festival”. Em 1998, finalmente se realocou para Söl­vesborg, onde é realizado até hoje. O nome “Sweden Rock”, no entanto, só foi adotado no ano seguinte. Em novembro de 2016 a empresa Live Nation Sweden, subsidiá­ria da produtora americana Live Nation Entertainment, adquiriu a participação majoritária no “Sweden Rock” sem, no entanto, mudar seu conceito.

O REVIVAL

Por Daniel Dutra

(colaborou Edu Lawless)

Tudo acontece em ciclos. Acre­dito que faz muito tempo que os garotos não escutam os origi­nais, e as bandas são novidades para eles. (…) Eles estão cansados do tipo de música pasteurizada e extremamente comercial que ouvem diariamente no rádio. Honestamente, me dá nos nervos. Não consigo ouvir mais do que cinco minutos e creio que as pessoas sentem o mesmo. Elas querem ouvir músicos de verdade tocando novamente, não enge­nheiros de som e produtores fazendo o trabalho deles.”

A declaração é de ninguém menos que Michael Wagener, que trabalhou com um sem número de artistas de Hard Rock nos anos 80, como produtor ou engenheiro de som: Alice Cooper, Bonfire, Dokken, Extreme, Great White, Keel, Mötley Crüe, Skid Row, Stryper, White Lion… Todos em seu auge, é bom ressaltar. Aos 67 anos e com aproximadamente cem milhões de discos vendidos com sua assinatura sonora, Wagener deu seu parecer sobre o revival do estilo num passado nada distante, dezembro de 2016, em entrevista ao site Reverb…

Claro, nem de longe o cenário é como aquele dos anos 80. A Sunset Strip não ferve mais à noite, os shows invariavel­mente são em casas menores, não em arenas, e as vendas de discos estão muito distantes da casa dos milhões – mas isso vale basicamente para todo mundo, é bom ressaltar…

GIRLS, GIRLS, GIRLS

Por Daniel Dutra

Garotas, garotas, garotas. Longas pernas e lábios avermelhados, dançando pela Sunset Strip…”. O trecho do primeiro refrão de Girls, Girls, Girls, faixa-título do quarto álbum de estúdio do Mötley Crüe, lançado em 1987, é apenas uma pequena amostra da cena Hard Rock – ou Hair Metal ou Glam Metal – em Los Angeles naquela década. A atuação das mulheres ia muito além do papel de musa, que hoje, eventualmente, carrega uma conotação pejorativa. Elas subiam ao palco para fa­zer a mesma coisa que os homens: tocar e se divertir. Curiosamente, a mais famosa das bandas formadas apenas por mulhe­res começou muito antes da explosão californiana: Vixen.

Formado ainda na década de 1970 pela guitarrista Jan Kuehnemund, o grupo só atingiu o sucesso comercial em 1988, quando lançou seu primeiro álbum, homônimo, e contava com Janet Gardner (vocal e guitarra), Share Pedersen (baixo) e Roxy Petrucci (bateria). Um hiato e uma tentativa de volta depois, o quarteto está na ativa desde 2001, lançou seu último trabalho de estúdio em 2006, Live & Learn, e hoje conta com três integrantes da formação clássica – Gina Stile subs­tituiu Kuehnemund, que perdeu a luta contra o câncer em 2013…

GLAM NO BRASIL

Por Antonio Carlos Monteiro

Pode até parecer estranho, prin­cipalmente se levarmos em conta que na época o Brasil estava sob a chibata dos mili­tares, mas a década de 70 viu o Rock nacional dar os primeiros passos em direção ao exagero cênico, à maquia­gem carregada e à sensualidade. Claro, houve gente que não dava tanta atenção aos aspectos visuais, como a Patrulha do Espaço. Formada por ex-integrantes do Mutantes (o tecladista e vocalista Arnaldo Baptista) e do Made In Brazil/Aeroblus (o baterista Rolando Castello Júnior), o grupo começou se chamando Arnaldo e a Patrulha do Espaço em 1977. Arnaldo saiu um ano depois e Rolando assumiu o comando da nave, que conti­nua na ativa até hoje, depois de quarenta anos e dez discos lançados, entre traba­lhos de estúdio e ao vivo.

E outros nomes de respeito repre­sentaram com orgulho o “Hard Rock de cara limpa” no Brasil dos anos 70 e 80, como A Bolha, Bixo da Seda, Terreno Baldio, Veludo, O Peso, Rock da Morta­lha, A Chave (não a ‘Do Sol’), Stress, Bar­ca do Sol, Ave de Veludo e tantos outros. Porém, a verdade é uma só: o Brasil teve Glam nos anos 70!

EDITORIAL

Por Airton Diniz

Especial Glam Rock, finalmente…

Iniciamos 2017 cumprindo a promessa feita a muitos dos nossos leitores e realizando o sonho de alguns componentes da nossa equipe. Finalmente o projeto da edição especial sobre o que se convencionou identificar no Brasil como “Hard Rock” saiu da prateleira e aqui está essa edição temática baseada num dos segmentos mais importan­tes do cenário da música pesada.

Me lembro que desde que surgiu a sagrada trindade Zeppelin/Sabbath/Purple até meados da década de 1970 o que existia era “Heavy Metal” e pronto. Passaram-se os anos e continuo sustentando que o termo “hard rock” é muito mais abrangente do que o estilo que nasceu nos clubes da região da Sunset Strip, pois desde os anos 1960 tudo o que tinha peso e distorção era chamado de Hard Rock – os fãs de Steppenwolf, Grand Funk e The Guess Who, por exemplo, sabem muito bem disso.

Antes de entrarmos nos anos 1980 apareceu na Inglaterra o primeiro rótulo que identificava um movimento específico, a New Wave Of British Heavy Metal. A resposta da América veio logo em seguida com a explosão da cena que teve Los Angeles como berço. Nada indica que tenha sido algo planejado por executivos da indústria fonográfica, mas foi sim uma coisa in­voluntária, era o resultado da inspiração e ousadia de músicos talentosos que descobriram uma fórmula bem-sucedida de unir música de qualidade com visual provocante, e um comporta­mento extremamente atrevido que despertou a ira da parcela conservadora da sociedade americana.

O uso de maquiagem já fazia parte do espetáculo de bandas consagradas, como Alice Cooper e Kiss, e foi um recurso adaptado para uma versão, digamos, “mais festiva”, em alguns casos debochada. O modo de conduta das novas estrelas que surgiam também não tinha nada de inédito – o pessoal do Led Zeppelin já tinha arrepiado, dentro e fora dos palcos, fazendo estragos por onde passavam desde o final dos anos 1960. Mas a música em si é que se mostrou relevante, pois trazia os componentes indispensáveis para conquistar fãs em todas as partes do mundo. Um Heavy Metal com melodia envolvente, muito peso, solos bem elaborados e vocais perfeitos, tudo cria­do e executado por instrumentistas e vocalistas de alto nível. Em pouco tempo os novos nomes do estilo se incorporaram ao seleto grupo de bandas de arena, aquelas que sozinhas lotam estádios, e algumas delas permanecem até hoje com prestigio suficiente para mobilizar plateias gigantescas, como provou recentemente a passagem do Guns N’ Roses pelo Brasil.

Foi a partir daquela época que os rótulos começaram a se proliferar, e as subdivisões no Metal se expandiram apare­cendo as designações dos demais subgêneros, como Thrash, Death, Black, Doom, Progressive, Melodic, Power, Symphonic e vários outros, trazendo junto uma certa dose de incompati­bilidade entre fãs de diferentes estilos. Os mais radicais ainda discriminam o Glam, mas é impossível ignorar o fato de que poucos artistas – de qualquer gênero musical – conseguiram atingir o impacto e o sucesso obtido por bandas do segmento que tiveram a glória de vender discos contados aos milhões. O Glam Rock é Heavy Metal, e merece muito respeito.

Airton Diniz

CURIOSIDADES

Por Redação

Você já deve ter lido algumas ma­térias sobre as mais incomuns, bizarras e exóticas exigências das bandas para compor seus camarins. Mas e quando se trata de zoação? O Van Halen ultrapas­sou todos os limites ao pedir chocolates M&M’s e especificar que eles deveriam ser separados porque… Bom, é melhor deixar David Lee Roth explicar. “Nosso rider parecia uma versão das páginas amarelas chinesas, porque havia tanto equipamento e tantas pessoas para que tudo funcionasse (…) Mas no texto do contrato havia o artigo 126, no meio do nada, que dizia: ‘Não pode haver nenhum M&M marrom na área do backstage, sob pena de a realização do show ficar comprometida, com compensação total’.”, escreveu o vocalista em sua autobiogra­fia, “Crazy From The Heat” (1997).

E você acha que ficava apenas nisso? Diamond Dave e o restante da banda sabiam que a pequena cláusula escon­dida no meio de tantas outras passaria despercebida. “(Os promotores) não liam o contrato”, diz Roth, ilustrando o que aconteceu num show em Pueblo, Colo­rado. “Fui para o backstage e encontrei alguns M&M’s marrons na jarra. Com uma postura ‘shakespeariana’, perguntei. ‘O que é isso diante de mim?’, sabe, como se estivesse segurando um crânio numa das mãos, então destruí todo o camarim. Der­rubei todo o bufê, fiz um buraco na porta… Mil e duzentos dólares de pura diversão.”

COLUNAS ESPECIAIS

Por Redação

Textos de:

– Walcir Chalas

– Carlos Chiarone

– Dario Seixas

– Klaus Peter Loos

– Simon Daniels

HARD NAS TELENOVELAS BRASILEIRAS

Por Redação

Muitas músicas de bandas de Hard Rock se tornaram populares no Brasil através das telenovelas…

45 DISCOS PARA ENTENDER O GLAM METAL

Por Redação

45 discos para entender o Glam Metal

Van Halen

Def Leppard

Mötley Crüe

Quiet Riot

Great White

Hanoi Rocks

Icon

Ratt

Twisted Sister

W.A.S.P.

Dokken

Bon Jovi

Cinderella

Europe

Keel

Stryper

Tesla

Aerosmith

Faster Pussycat

Guns N’Roses

Kiss

White Lion

Whitesnake

Y & T

Kingdom Come

L. A. Guns

Litta Ford

Poison

Winger

Alice Cooper

Badlands

Enuff Z’Nuff

Pretty Boy Floyd

Skid Row

Extreme

Firehouse

Slaughter

Vixen

Warrant

Danger Danger

Mr. Big

TNT

Tuff

Hardline

Vince Neil

AMERICAN HAIRBAND

Por Tuff

American Hairband by Tuff

POSTER – W.A.S.P.

Por Redação

W.A.S.P.

Peso 0,250 kg
Dimensões 28 × 21 × 1 cm
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