O festival “Profana Aliança” chega a sua terceira edição com a heroica proposta de unir bandas de diferentes estilos e regiões do Brasil. Desta feita, tivemos então bandas do Nordeste, Sul e Sudeste do país, além de o Distrito Federal. Pouco antes dos shows, uma galera se cumprimentava na porta da Fofinho, casa localizada na Zona Leste de São Paulo, mostrando um grande encontro de músicos de bandas diversas e público. Já na parte interna, no subsolo, estandes de vários selos do underground nacional vendendo CDs, camisetas e vinis.
A primeira banda da noite foi a Eminent Shadow do Distrito Federal, que começou a tocar pouco depois das 23h. Death Metal mesclando tanto riffs bate cabeça mais tradicionais, quanto passagens mais extremas, com influências de nomes clássicos como Deicide e Morbid Angel. Infelizmente, foi a banda que contou com menor presença de público e ainda a mais prejudicada pelo som que ainda vinha sendo ajustado. Mas não deixou de cumprir sua missão e agradeceu pela oportunidade.
A baiana Eternal Sacrifice foi uma grata surpresa para muitos. Ícone na cena nordestina desde os anos 90, a banda de Black Metal, com influências da cena norueguesa dos anos 90, do tempos áureos de bandas como Satyricon, Emperor e Dimmu Borgir, teve suas músicas cantadas por muitos presentes, com destaque para a performance do vocalista Naberius. No set, destaque para as músicas do full lenght Iluminados por Thabatherous Aleph… como The twilight in the temple of God Baphomet e The ancestral dance of Thelema abbey…
Um dos maiores nomes do Doom Metal nacional, o Mythological Cold Towers foi o representante paulista do evento e era uma das bandas mais esperadas da noite, já que a banda fez poucos shows em seus 18 anos de carreira. Contando com os músicos de apoio Thominiak (baixo) e Hécate (teclado), o show do MCT foi uma verdadeira viagem. O vocal soturno de Samej é o contraste paras as melodias de Nechron, que com suas frases de guitarra, foi o maior responsável pela hipnose sonora da apresentação da banda, que teve como foco as músicas do novo álbum Immemorial, como Lost Path to Ma-Noa, Akakor, The Shrine of Ibez e a faixa-título.
Graças à chegada do horário de verão, já se passava das 3h da manhã quando Headhunter DC subiu em palco. E parece que a banda trouxe o calor do Bahia consigo, pois a temperatura na casa estava estafante, mas isso não abalou nem banda, nem público. A experiência de uma banda como Headhunter DC é sem dúvida um diferencial em um evento como este, afinal, o quinteto de Death Metal está na ativa desde o fim dos anos 80. Após abrir o show com Dawn of Heresy e Deny the Light, ambas do novo álbum …In Unholy Mourning, o vocalista Sérgio Baloff fez questão de perguntar ao público como estava o som e o que deveria ser ajustado. E daí em diante, quem estava na mesa de som fez um trabalho heróico, pois após as três primeiras bandas, o som já estava bem saturado, mas ainda assim o show dos baianos foi de um peso enorme, com destaque para a clássica …and the Sky Turns to Black, e a nova Hail the Metal of Death, a última curta da apresentação, que segundo a banda, foi cortada em cinco músicas por conta do horário que avançava já para a manhã. Foi sem dúvida o melhor show da noite, que conseguiu acordar até os mais sonolentos com um Death Metal clássico e grande performance de Sérgio.
Vinda do Rio Grande do Sul, a banda Patria era a grande curiosidade do público paulista presente no evento. Nova banda do guitarrista Mantus (conhecido por seu trabalho com a banda carioca Mysteriis) e do vocalista Triumphsword, o duo trouxe uma banda completa para São Paulo e fez uma apresentação impecável de Black Metal, com direito inclusive à pirofagia. Sem dúvida a banda que os acompanha é muito competente, mas o destaque fica mesmo por conta das linhas de guitarra de Mantus que é uma máquina de riffs. Carpathian Forest, Mayhem e Marduk (antigo) são alguns dos nomes que vêm à mente durante o show da banda. Infelizmente, já pelo horário avançado (já beirava as 6h da manhã), muitas pessoas já haviam deixado o evento, mas as que ficaram viram um dos melhores nomes do Black Metal nacional em ação.
Talvez com menor tempo de palco para as bandas, menores intervalos entre elas e começando mais cedo, o festival teria sido mais interessante, mas ainda assim foi um ótimo evento, com grande presença do público, que mostrou que o underground brasileiro ainda tem muita força, ao contrário do que dizem uns manés por aí. Que venham novas edições do Profana Aliança Nacional, sempre prestigiando o que o Brasil faz de melhor: Metal Extremo de primeira.