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Os álbuns imperdíveis do QUEENSRÿCHE — e aquele que merece o rótulo “cuidado”

De JOKER a THE MOB, passando por CROSS+FIRE, MICHAEL WILTON e CHRIS DEGARMO (guitarras), EDDIE JACKSON (baixo) e SCOTT ROCKENFIELD (bateria) atravessaram diferentes fases de 1978 até 1982, quando uma demo com quatro músicas autorais virou o EP que carregava o nome definitivo da banda de Seattle: QUEENSRÿCHE. Foi aí que GEOFF TATE (vocal) decidiu ficar de vez, e a formação original durou até o início de 1998, quando DEGARMO decidiu sair, sendo substituído por KELLY GRAY, que ficou até 2002. DEGARMO voltou em 2003, mas novas diferenças com TATE o fizeram ir embora mais uma vez.

MIKE STONE chegou e permaneceu até 2009, quando foi substituído por PARKER LUNDGREN. Depois de anos de comportamento errático, TATE foi mandado embora, e em seu lugar veio TODD LA TORRE (ex-CRIMSON GLORY), que ajudou a recolocar o QUEENSRÿCHE em seu devido lugar de destaque. Em 2017, Rockenfield se afastou por licença-paternidade e, novo imbróglio judicial à parte, deu lugar a CASEY GRILLO (ex-KAMELOT).

Com a saída de LUNDGREN em 2021, para se dedicar exclusivamente à sua loja de guitarras, STONE retornou à banda, que no ano seguinte lançou um de seus melhores trabalhos. E é essa história que você acompanha, de maneira resumida, neste Collection revisitado da banda que é o epítome do prog metal. Confira a seguir.

*Publicado originalmente na edição 279 da Roadie Crew (clique aqui para comprar a revista).

Foto: Silly Robot Studio

Collection: QUEENSRÿCHE

Imperdíveis

Operation: Mindcrime (1988)

Não é nenhum exagero dizer que Operation: Mindcrime é o melhor disco conceitual do heavy metal – senão do rock como um todo –, afinal, houve um raro alinhamento estelar na hora de dar vida ao enredo subversivo de:

  • Dr. X, a mente criminosa;
  • Nikki, um viciado que se junta a uma organização para instalar o caos e derrubar o sistema;
  • Padre William, cuja igreja é fachada para operações ilegais;
  • e Irmã Mary, uma ex-prostituta tirada das ruas.

Os personagens se entrelaçam em músicas e letras que casam perfeitamente – e a pergunta “quem matou Mary?” foi um grande mistério por 18 anos. Sem absolutamente nada fora do lugar, o instrumental é impecável sem ser autoindulgente, e a história passeia por temas que continuam atuais.

“Os ricos controlam o governo, a mídia, a lei. Para fazer algum tipo de diferença, todos devem saber: erradique os fascistas, e a revolução crescerá” (Speak). Ou “combatendo o fogo com palavras vazias, enquanto os bancos engordam, e os pobres continuam pobres, e os ricos ficam ricos, e os policiais são pagos para desviar o olhar enquanto 1% governa os Estados Unidos” (Spreading the Disease).

Não à toa, BRUCE DICKINSON declarou à época que a sua certeza de que o IRON MAIDEN havia feito o trabalho conceitual definitivo do metal, com Seventh Son of a Seventh Son, acabou quando ouviu Operation: Mindcrime

Empire (1990)

Dois anos depois de Operation: Mindcrime, que ganhou Disco de Platina nos EUA, jogar os holofotes sobre o QUEENSRÿCHE, GEOFF TATE, CHRIS DEGARMO, MICHAEL WILTON, EDDIE JACKSON e SCOTT ROCKENFIELD fizeram o que haviam feito desde o início: um disco completamente diferente do anterior. E tiraram a sorte grande com Empire, um trabalho extremamente sofisticado. E brilhante, absolutamente brilhante.

Talvez não fosse a intenção da banda emplacar seis singles, sendo a balada Silent Lucidity um sucesso retumbante, responsável por alçar o novo trabalho, um álbum duplo, a Platina tripla – para coroar seu trabalho comercial mais bem-sucedido, o videoclipe de Silent Lucidity ainda ganhou o Viewer’s Choice Award, da MTV. Porém, o extremo bom gosto do quinteto nos arranjos e o som cristalino extraído por PETER COLLINS, que produziu também o disco anterior, fizeram com que, da primeira à última música, a banda lançasse uma nova obra-prima, mesmo trilhando outro caminho.

Empire é para ser ouvido do início ao fim prestando atenção nos detalhes, como a finesse de Rockenfield na divina Della Brown; nas letras sociais e políticas (Empire e Resistance); em solos e refrãos de rara inspiração (Jet City Woman) e na beleza de composições intrincadas sem serem difíceis de compreender (The Thin Line, Another Rainy Night (Without You) e Anybody Listening?).

Excelentes

Rage for Order (1986)

É plausível dizer que o RUSH plantou a semente do prog metal, mesmo que inconscientemente. Porém, como o trio canadense nunca foi uma banda de metal, é mais do que plausível apontar Rage for Order como marco zero do gênero.

E olha que, por causa da marca deixada por The Warning, o segundo álbum do QUEENSRÿCHE não foi facilmente assimilado por muitos ouvintes quando lançado. O quinteto ousou ao levar a sonoridade do disco anterior a outros patamares, tornando-a mais pomposa, ainda mais técnica e com teclados mais proeminentes.

Ainda assim, CHRIS DEGARMO e MICHAEL WILTON são a maior prova da mudança, com excelentes riffs (muitas vezes dois diferentes numa mesma música, tocados paralelamente) e solos de tirar o fôlego, alternados e dobrados. Ouça Surgical Strike, a belíssima London e Walk in the Shadows. E tem mais: SCOTT ROCKENFIELD ratifica sua técnica e criatividade ímpares em The Whisper, canção de andamento 4/4 que ele transforma em 12/8 com uma quiáltera no contratempo.

Rage for Order é um divisor de águas, e não é exagero dizer que, não fosse ele, grupos como FATES WARNING e DREAM THEATER não seriam o que são hoje.

The Verdict (2018)

SCOTT ROCKENFIELD estava fora havia mais de um ano e, incomunicável ou não, deixou a banda sem alternativa a não ser seguir em frente com o terceiro disco da era TODD LA TORRE. Como um quarteto, e o próprio vocalista gravou a bateria, o QUEENSRÿCHE pós-GEOFF TATE subiu mais alguns degraus.

O maior exemplo disso está em Light-years, música e letra de EDDIE JACKSON, que ao longo dos anos foi se aprimorando até se tornar um grande compositor que também é um excepcional baixista. A canção talvez seja a melhor do QUEENSRÿCHE desde Anybody Listening?, e “talvez” porque entramos no campo subjetivo. Porém, trata-se de uma faixa prog metal do mais alto nível, com um trabalho impecável de MICHAEL WILTON e PARKER LUNDGREN num instrumental com nuances complexas de cair o queixo.

Lundgren, aliás, assina sozinho outra joia de The Verdict, a belíssima Dark Reverie, e o álbum como um todo é o resultado de trabalho e esforço coletivos, sem compositores externos. Também por isso, Blood of the Levant, Inside Out, Bent, Inner Unrest, Launder the Conscience e Portrait são canções para encher de orgulho o fã do bom e velho QUEENSRÿCHE.

Digital Noise Alliance (2022)

Álbum mais recente, Digital Noise Alliance nos faz traçar um paralelo com os primeiros anos do QUEENSRÿCHE, que seguiu os passos de grupos como BLACK SABBATH e IRON MAIDEN ao lançar uma sequência impecável e obrigatória de discos – se considerarmos o EP, foram seis. E por quê? Desde a entrada de TODD LA TORRE, o QUEENSRÿCHE vem lançando um CD melhor do que o outro, e o seu 16º trabalho é nada menos que o de maior excelência desde Empire.

A produção de CHRIS “ZEUSS” HARRIS, com quem o grupo vem trabalhando desde 2015, deixa tudo perfeitamente em seu devido lugar, mas há dois fatores que chamam mais a atenção: primeiro, a incrível performance de CASEY GRILLO, uma prova de como o estilo do KAMELOT é limitador; segundo, outra confirmação de como MICHAEL WILTON é subestimado por muitos, enquanto deveria ser enaltecido como um dos dois principais compositores do grupo, ao lado de CHRIS DEGARMO, até Empire.

Enfim, temos aqui uma nova obra-prima do QUEENSRÿCHE, e canções como Lost in Sorrow, Sicdeth, Behind the Walls, Realms, Hold on (maravilhosa!) e Tormentum (espetacular) entram facilmente no rol das melhores da história da banda.

Bons

The Warning (1984)

Você deve estar pensando que é um crime classificar somente como “bom” o primeiro álbum do QUEENSRÿCHE, e eu concordo. Mas a vida é feita de escolhas, e essas escolhas têm muito a ver com o momento.

Mesmo que à época a banda já tivesse demonstrado sua insatisfação com a mixagem de VAL GARAY – além do descontentamento com a gravadora, que mexeu no ordem das músicas (NM156 deveria ter sido a faixa de abertura, e Warning era a antepenúltima) –, The Warning se tornou um clássico do heavy metal então mais sóbrio, técnico e bem trabalhado, o que levou o quinteto de Seattle a ser visto como um grupo britânico. Claro, ajudou o fato de o QUEENSRÿCHE ter gravado no Abbey Road, em Londres; usado o produtor JAMES GUTHRIE, mais conhecido por sua participação em álbuns do PINK FLOYD; e trabalhado com o maestro MICHAEL KAMEN (1948-2003).

Acontece, porém, que nos EUA não se fazia nada parecido com En Force, No Sanctuary e, especialmente, a épica Roads to Madness. E Take Hold of the Flame, prova inconteste de que GEOFF TATE, em forma e no auge, deixava qualquer vocalista comendo poeira. Qualquer um.

Condition Hüman (2015)

Primeiro álbum do que se tornou uma parceria com o produtor CHRIS “ZEUSS” HARRIS, o segundo trabalho com TODD LA TORRE nos vocais é um enorme passo em relação a Queensrÿche (2013). Enquanto seu antecessor padeceu de melhor mixagem e masterização, que tiraram um pouco do brilho de ótimas músicas, Condition Hüman tem uma sonoridade encorpada, pesada e grave, que enriqueceu mesmo as canções mais progressivas e, digamos, calmas, como Toxic Remedy, Selfish Lives, Bulletproof e Just Us. Todas ótimas, assim como Hourglass e a faixa-título, que se soma ao prólogo The Aftermath para se transformar num épico de 8’51” com ideias instrumentais recicladas de Operation: Mindcrime, o que confere a ela um saudável ar de saudosismo.

E há os destaques, como a espetacular Eye9, mais uma pérola solo de EDDIE JACKSON; Guardian, na qual PARKER LUNDGREN debulha lindamente e SCOTT ROCKENFIELD dá aula de técnica e criatividade, mostrando por que é um baterista fora da curva; e Hellfire, uma amostra do enorme talento de MICHAEL WILTON como compositor. E LA TORRE? Bem, essa cara foi e é uma bênção para o QUEENSRÿCHE.

Cuidado

Dedicated to Chaos (2011)

O QUEENSRÿCHE já havia se afastado da sonoridade que o tornara um dos grandes do heavy metal, mas quem poderia imaginar que a banda desceria ainda mais baixo do que o lamentável e desnecessário Operation: Mindcrime II? Desceu, e Dedicated to Chaos ainda deveria ter sido uma volta às origens. “Tínhamos algumas ideias diferentes, e então o vocalista meio que mudou a direção”, disse MICHAEL WILTON, chutando o balde em entrevista à revista Guitar World.

Sintomático que não haja sequer uma composição do guitarrita, mesmo como coautor, e o disco, apesar de contribuições de EDDIE JACKSON e SCOTT ROCKENFIELD, acabou sendo o último puxadinho de GEOFF TATE, que transformara a banda num empreendimento familiar, incluindo o trabalho de nomes no mínimo questionáveis como KELLY GRAY, JASON SLATER e RANDY GANE na produção, composição e/ou performance em estúdio.

A rigor, salvam-se duas das 16 músicas, At the Edge e Big Noize, mas uma canção faz o gato cheirar o CD e jogar terra em cima: a horrenda Wot We Do, que ainda apaga todas as letras inteligentes que TATE um dia escreveu.

Outros

Há muito mais QUEENSRÿCHE além do que você acabou de ler, mas nem tudo do agrado dos fãs. A começar por Hear in the Now Frontier (1997) e Q2k (1999), que mostram uma banda até mesmo influenciada pela sonoridade vigente à época. American Soldier (2009) poderia ter sido um álbum melhor não fosse a autocracia de GEOFF TATE à época, e Tribe (2003), o disco que teria marcado o retorno de CHRIS DEGARMO, acabou tendo um sabor agridoce.

Mas há um trabalho que pode ser classificado como obrigatório na discografia: Promised Land (1994), ao lado dos dois Queensrÿche, o EP de 1983 e o álbum de 2013.

O engodo Operation: Mindcrime II é facilmente dispensável, e fica a seu critério fazer ou não o mesmo com Take Cover (2007). E como a banda ainda deve um ao vivo com TODD LA TORRE, fique com Operation: LIVEcrime (1991).

A edição 279 da Roadie Crew pode ser adquirida clicando aqui.

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