O álbum mais recente do RAGE, Afterlifelines (2024), é um sinal de alerta. A temática gira em torno de um cenário distópico, onde todos os sistemas que conhecemos entrarão em colapso se não mudarmos fundamentalmente.
Isso é proposital e tem relação com o mundo em que vivemos. Em entrevista a Daniel Dutra para a edição 281 da revista ROADIE CREW (clique aqui para comprar) o vocalista e baixista PETER “PEAVY” WAGNER entrou mais a fundo nos temas do álbum e refletiu sobre como tal tragédia é acelerada pelo ser humano.
Segundo o músico, essa exploração conceitual começou já no trabalho anterior do RAGE. Ele disse:
“Esse ponto de vista distópico vem do Resurrection Day (2021), no qual descrevi a história desde a Idade da Pedra até os dias atuais, e, claro, isso gerou uma visão de futuro: se não mudarmos nada, onde estaremos daqui a 150 anos? Particularmente, acredito que ainda há esperança, já que a humanidade sempre encontrou uma forma de sair dos problemas.”
Apesar de demonstrar esperança pelo futuro, PEAVY reconheceu que a humanidade está num impasse. Em grande parte por causa das mudanças climáticas.
“No momento atual, porém, parece que chegamos a um clímax, porque temos as mudanças climáticas potencializando desastres naturais, então não há um ponto único que vá mudar tudo. São vários pontos que devem ser mudados ao mesmo tempo, são centenas de pequenas soluções em centenas de segmentos diferentes.”
As soluções de PEAVY
PEAVY WAGNER reconheceu que não existem soluções fáceis para esse problema. Entretanto, o frontman do RAGE destacou duas coisas essenciais em sua opinião para lidar com essa situação a longo prazo.
Ele disse:
“Se eu tivesse uma solução para tudo isso, eu seria Deus ou algo assim (risos), mas sou apenas um músico. Nem mesmo os políticos sabem mais o que fazer, mas creio que duas coisas seriam realmente importantes: compartilhar todas as fontes de energia e, também, o dinheiro de maneira igualitária entre as pessoas.”
WAGNER se mostrou particularmente comprometido com o tópico de redistribuição de renda. O vocalista e baixista acredita que é vital combater a desigualdade social.
“Em todas as sociedades atuais existem pouquíssimas pessoas com uma quantidade imensa de dinheiro, os super-ricos, que entram nas mentes da população por meio das redes sociais. No entanto, se todas as pessoas do mundo tivessem a sua parte, se todo esse dinheiro fosse dividido de maneira justa entre os povos, boa parte dos conflitos atuais não existiria.”
Ganância
Em seguida, o alvo da insatisfação de WAGNER mudou para a ganância do ser humano. A exploração contínua do planeta em nome de lucro não lhe agrada, seja pela desigualdade que ela cria ou pelo impacto ambiental.
“O ser humano deveria ser menos ganancioso, parar de explorar tudo por dinheiro e deixar algo para o resto do mundo, afinal, existem outras formas de vida que dividem o planeta conosco. Se deixássemos recursos para todos os seres vivos, boa parte dos nossos problemas seria bem menor do que são atualmente, e alguns até mesmo desapareceriam.”
Entretanto, ele redobrou seu argumento sobre como no final isso é uma questão de desigualdade. Afinal, a maior parte da destruição do ambiente serve a um grupo pequeno de pessoas, segundo PEAVY.
“Eu realmente acredito que o nosso maior problema é a ganância. Ainda que todos nós sejamos um pouco gananciosos, há uma meia dúzia de pessoas no Planeta que quer absolutamente tudo para elas.
Menção direta feita pelo líder do RAGE
O músico ainda citou uma figura em particular pelo nome. WAGNER não poupou críticas a JEFF BEZOS, fundador e acionista majoritário da Amazon, pelo tamanho de sua riqueza. Segundo o músico, nenhum ser humano deveria ter tanto dinheiro.
Ele comentou:
“A quantidade de dinheiro que algumas dessas pessoas tem é vergonhosa! Isso deveria ser inaceitável! Quem deu a JEFF BEZOS o direito de ter tanto dinheiro e tanto poder? Ok, ele teve uma boa ideia de negócio, e tudo bem ele ficar rico. Mas trilionário? Enquanto isso, metade do planeta está passando fome, e isso é uma loucura!”
Por fim, WAGNER chamou atenção para como figuras como BEZOS poderiam resolver vários problemas da humanidade simplesmente redistribuindo sua riqueza. Entretanto, não o fazem.
“Se quisessem, com todo esse dinheiro e todo o poder que têm, eles poderiam resolver todos os problemas do mundo! Mas não, as usam para um monte de babaquice ou então para financiar guerras. Quem dá a eles esse direito? Se o resto das pessoas no mundo se levantasse e dissesse ‘não permitimos mais isso’, e não sei se isso sequer é uma possibilidade, creio que seria uma forma de barrá-los. Esses bilionários são narcisistas e egomaníacos, pensam somente neles mesmos e em como juntar mais dinheiro. Não estão nem aí para outras pessoas!”
A entrevista completa de PEAVY WAGNER (RAGE) pode ser lida na nova edição da ROADIE CREW, #281. Para adquirir a revista e recebê-la em casa, acesse nossa loja oficial ou entre em contato pelo fone (11) 96380-2917 (WhatsApp).
Roadie Crew: Dream Theater em destaque na edição #281
A edição #281 da ROADIE CREW traz como destaque de capa entrevista com James LaBrie, vocalista do Dream Theater, que fala sobre o retorno do baterista Mike Portnoy, além da forte ligação da banda com o Brasil. A capa também destaca Powerwolf, uma das maiores bandas de power metal do mundo na atualidade e que acaba de lançar seu novo álbum, Wake up the Wicked.
Entrevistas:
Dream Theater
CavaleraPowerwolfDragonforceMy Dying BrideEvergreyRageTherionSix Feet UnderDaathZakk SabbathTuatha de DanannSeções:
Cenário: Gloria Perpetua, Lethal Charge, Royal Rage, Vartroy, Infirmun, Betty Says Damn, Kaledonia e Innocence Lost
Blind Ear: Ben Hur (Electric Mob)
Eternal Idols: James Kottak (Scorpions, Kingdom Come)
Front Cover (Marcelo Vasco): Cavalera – Schizophrenia
Collection: Killswitch Engage
Playlist: João Gordo (Ratos de Porão)
Background: Patrulha do Espaço (Parte 1)
Hidden Tracks: L’Esprit du Clan
ClassiCrew: Deep Purple (1974), W.A.S.P. (1984), Savatage (1994), Edguy (2004)
Profile: Luiz Cardim (Hammerhead Blues)
Pôsteres: Arch Enemy e Mastodon
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