Por Marcelo Gomes
Fotos: Roberto Sant’Anna
De volta ao Brasil com shows marcados em Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, é claro que os lunáticos do Raven não poderiam deixar de passar por São Paulo com a turnê All Hell’s Breaking Loose, mais recente trabalho da banda, lançado em 2023. O show aconteceu na Jai Club e contou com as participações especiais de Blixten, Clenched Fist, Conquistadores e Comando Nuclear.
O Blixten teve a tarefa de abrir os trabalhos do dia. Apresentando um hard rock/metal, conseguiram mostrar a que vieram. A vocalista Kelly Hipólito chama atenção pela sua performance, e do set se destacam as faixas Black Diamond, Stay Heavy e Powerflow, que teve a participação do vocalista Pedro, da banda Living Metal. Com uma performance competente, agradaram o público que ainda chegava à casa no meio da tarde.
O Clenched Fist veio a seguir, animando a velha guarda com sons como Spirit of Death e Speed Metal Attack. Apresentaram ainda faixas do vindouro trabalho da banda, Underground e Flagellum Dei, que obtiveram uma boa resposta do público, que já estava em maior número.
Mais uma atração que estava retornando nessa noite eram os Conquistadores, vindos diretamente de Osasco. Abriram com Morte aos Falsos e seguiram com Lutar e Conquistar e À Beira da Loucura, com o vocalista Allan. Depois convidaram o mais recente vocalista, Alemão, para cantar Poder e Glória e Inimigo da Noite. Ao final, os dois vocalistas juntaram forças para interpretar Guerreiros do Metal. Muito bem recebidos, fizeram um show marcante de retorno.
A participação brasileira no evento se encerrou com o Comando Nuclear. Após um hiato, incendiaram o público com clássicos como Unidos pelo Metal e Caçada Mortal aos Falsos. Mais que merecida essa posição da banda no evento, o público estava ansioso pela apresentação deles, que entregou o melhor do underground. Encerraram com Resistir e Ritual Satânico, deixando os presentes com aquela vontade de mais. Agora, resta torcer por mais uma apresentação deles em São Paulo.
A troca de palco foi longa, porém a espera de uma hora foi compensada por uma performance eletrizante do Raven. Formado por John Gallagher (baixo e vocal), Mark Gallagher (guitarra) e Mike Heller (bateria), o trio inglês, que celebra 50 anos de estrada, demonstrou que envelheceu como o vinho. Abriram com Destroy All Monsters, demonstrando sua paixão pelo som pesado com uma performance sólida e enérgica que rapidamente envolveu o público. A reação dos fãs foi imediata, com muitos agitando e cantando o refrão.
Quando Hell Patrol ecoou pelos PAs, o público se mostrou ainda mais apaixonado, especialmente os fãs mais antigos, que pareciam nostálgicos ao relembrar essa fase da banda. Em seguida, John disse que São Paulo tem o público mais louco do mundo antes de anunciar The Power, que manteve a intensidade alta, com um riff poderoso e bateria pulsante, transformando o ambiente em uma verdadeira tempestade sonora. Empolgado, John afirmou que o show de Fortaleza foi melhor que o do Rio de Janeiro, mas que a única cidade que importava era São Paulo. Nem precisa dizer que a casa veio abaixo.
A sequência trouxe Surf the Tsunami e Turn of the Screw, faixas do álbum All Hell’s Breaking Loose. E o que podemos dizer? As faixas mantêm a essência que consagrou a banda, ganhando o público com suas mudanças de ritmo, ótimos riffs e mostrando a habilidade técnica do Raven. All for One manteve o ritmo acelerado, com os fãs cantando cada verso com fervor. Esses clássicos, que fizeram parte da formação do heavy metal nos anos 80, mostraram que ainda são tão potentes e relevantes quanto antes. Quando chegou a hora do clássico Rock Until You Drop, os caras soltaram seus demônios em uma versão sensacional, cheia de solos de guitarra e baixo, além de colocar o público para cantar o refrão. E não parou por aí: Mark fez um ótimo solo, com uma performance cheia de caras e bocas, antes de emendar com a rápida Faster than the Speed of Light. Foram momentos de pura euforia. As diferentes gerações de fãs retribuíam a invejável energia dos caras, que se divertiam no palco.
Eles não estavam a fim de aliviar e resgataram mais um clássico, dessa vez Inquisitor. O calor estava infernal, e as portas da casa foram abertas para tentar amenizar o que mais parecia o inferno. Era impressionante o fôlego da banda. Não houve descanso. Ao terminar a música, John engatou um solo com vários efeitos malucos, tentando se conectar com os lunáticos. Uma verdadeira viagem. Do clássico ao material mais recente, agora com a faixa-título All Hell’s Breaking Loose, na qual os fãs foram levados por seus ritmos pesados e intrincados. O último bloco do show teve mais clássicos como On and On e Break the Chain, essa última com um trecho de Iron Man, do Black Sabbath, e mais algumas surpresas.
E que surpresa maravilhosa: um medley que incluiu Rock Bottom (UFO), Symptom of the Universe (Black Sabbath), Supernaut (Black Sabbath) e Victim of Changes (Judas Priest), num grande tributo aos deuses do metal. Parecia o fim, mas o Raven ainda teve gás para mais duas: Seek and Destroy e Chain Saw para fechar a noite com chave de ouro. O Raven provou, mais uma vez, ser uma força imbatível no cenário do metal. A performance eletrizante que entregaram celebrando 50 anos de carreira é, no mínimo, invejável – e isso sem falar que não usam nada pré-gravado; é tudo ao vivo, o que nos dias de hoje é uma raridade. Nos resta desejar vida longa ao Raven, que esbanja carisma e vitalidade em cima do palco entregando um show memorável aos fãs.
Setlist Raven
Destroy All Monsters
Hell Patrol
The Power
Surf the Tsunami
Turn of the Screw
All for One
Rock Until You Drop
Faster than the Speed of Light
Inquisitor
All Hell’s Breaking Loose
On and On
Breaking the Chain
Medley: Rock Bottom / Symptom of the Universe / Supernaut / Victim of Changes
Seek and Destroy
Chain Saw
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