Por Denyze Moreira | Fotos: Daniel Croce
De volta ao Brasil pela décima vez, o Red Hot Chili Peppers começou a romaria no país pelo Rio de Janeiro, tocando para um Estádio Nilton Santos lotado na primeira noite da turnê Unlimited Love/Global Stadium Tour em solo tupiniquim. John Frusciante (guitarra), Flea (baixo) e Chad Smith (bateria) subiram ao palco pontualmente às 20h30, depois da rápida e enérgica apresentação da banda de abertura, Irontom, para uma das já conhecidas jams entre os três, e foi assim a abertura da apresentação.
Minutos depois desse aquecimento, Anthony Kiedis (vocal) se juntou a eles e puxou “Can’t Stop”, primeira amostra de que o público carioca não decepcionaria nem por um segundo, cantando todas as músicas do setlist, algo que o próprio Kiedis não fez. Em vários momentos, o vocalista se absteve do microfone, deixando os vocais com Frusciante e com a plateia, passando, na verdade, a impressão de estar pouco animado com o show, diferentemente de Flea e Chad, que deram um show à parte com uma animação de fazer inveja em muito garoto.
Com dois discos lançados em 2022 nas costas, “Unlimited Love” e “Return of the Dream Canteen”, o repertório foi um apanhado dos trabalhos dos últimos 20 anos da banda, e quem foi aguardando faixas dos primeiros discos está esperando até agora. Para não dizer que o quarteto esqueceu por completo do passado, hits dos anos 1990 como “Suck My Kiss”, “Under the Bridge”, “Give it Away” e “Californication” marcaram presença. No mais, as músicas mais conhecidas do público brasileiro, e sempre presentes nas rádios, completaram o pacote de 17 músicas. A versão da banda para “Havana Affair”, do Ramones, foi uma delas.
De volta à banda (de novo), Frusciante também fez uma apresentação protocolar, mantendo-se imerso na sua guitarra, caprichando nas jams com Flea e cantando fossem vocais de apoio ou fosse o vocal principal, durante as ausências de Kiedis – não é mesmo do seu perfil interagir muito, e ele segue sendo a porção art rock/experimental do grupo.
A função de falar com os fãs que abarrotaram pista, cadeiras e arquibancadas do estádio ficou com Flea, que segue honrando o apelido, saltando quase o dobro da própria altura e correndo toda a extensão do palco, de uma ponta a outra, sem parar. O baixista também segue fiel ao seu estilo de tocar, sendo o toque soul/funk que consagrou o Red Hot.
Smith, por sua vez, já pode emitir CPF e alugar um apartamento em Copacabana. Sempre empolgado, desceu o braço em todas as músicas, sem pausa, e dava para ver em seu rosto – graças aos dois maravilhosos telões – o prazer de tocar. Com um set de bateria invejável, nada ali foi desperdiçado: ele não economizou nenhum recurso para mostrar que a cozinha da banda – junto com Flea – segue fervendo E Chad foi, também, o único integrante a ficar um pouco mais no palco após o fim do show, conversando com quem estava na grade, jogando baquetas e o que mais tivesse nas mãos.
Kiedis falou pouco e cantou menos do que poderia. Talvez devido ao fato de estar usando bota ortopédica, o que indica que seu problema com o pé ainda persiste e que, sendo este o caso, poderia estar com dores. Isso não quer dizer, no entanto, que fizeram um show ruim. Quer dizer apenas que perto de uma carreira de 40 anos e 13 discos lançados, esse passeio poderia ter sido muito mais florido.
Setlist
Intro Jam
Can’t Stop
The Zephyr Song
Snow ((Hey Oh))
Here Ever After
Otherside
Suck My Kiss
Eddie
Soul to Squeeze
Right on Time
Tippa My Tongue
Havana Affair
Californication
The Heavy Wing
Black Summer
By the Way
Bis
Under the Bridge
Give it Away