Por Nelson Souza Lima
Fotos: Denis Svet
Foram anos de espera, mas valeu a pena. A aguardada primeira passagem dos americanos do Riot por nosso país agitou os fãs que compareceram ao Manifesto Rock Bar. Em tour pela América do Sul, o quinteto fez duas apresentações no Brasil, uma em Limeira, interior de São Paulo, e outra na capital. Na sequência os caras foram a Paraguai, Argentina, Chile, Peru e Colômbia.
Desde 2013, o grupo é conhecido como Riot (V), nomenclatura adotada após um acordo com a família do guitarrista Mark Reale, último integrante original e falecido no ano anterior, vítima da doença de Crohn, que provoca infecção intestinal e falência dos órgãos. Alguns incautos podem dizer que a banda atual não tem nada a ver com o Riot, já que não há mais nenhum integrante original, mas seria mais apropriado dizer que se trata de um momento diferente na trajetória deste lendário grupo do metal americano fundado há quase 50 anos.
Em São Paulo, os shows tiveram produção da ASE Music e no repertório estavam clássicos de todas as fases do grupo, desde hits do disco de estreia Rock City (1977) até do novo Mean Streets, lançado em fevereiro deste ano. A atual formação traz Todd Michael Hall (vocal), Mike Flyntz (guitarra), Nick Lee (guitarra), Don Van Stavern (baixo) e Frank Gilchriest (bateria).
Fundado em 1975 em Nova York, o Riot sempre se caracterizou por riffs, solos poderosos, refrãos grudentos e uma sonoridade sempre à frente de seu tempo. Embora não tenha alcançado o sucesso global de conterrâneos como Kiss, Van Halen, Quiet Riot ou Twisted Sister, o grupo é o único na ativa, mostrando resiliência e mesclando referências modernas unidas às raízes pesadas, indo do heavy ao power, com doses de speed metal.
Mark Reale, chefão do grupo, foi o integrante constante, não se constrangendo em demitir quem fosse contrário às suas opiniões. Responsável pela maioria das composições, o guitarrista comandava a banda com mão de ferro, mas essa determinação pulsante deu origem a discos emblemáticos como Narita (1979), Fire Down Under (1981), Thundersteel (1988) e The Priviege of Power (1990). No Manifesto, o setlist trouxe porradas dos álbuns citados, além de temas de outros trabalhos. A atemporalidade sonora do Riot é tamanha que o petardo Thundersteel parece ter sido lançado no mês passado.
Mean Streets é o 17º. disco de estúdio do quinteto e contribuiu com as poderosas Hail to the Warriors, que abriu o show, além de Feel the Fire e Love Beyond the Grave. Curiosamente, High Noon, single lançado em abril, ficou de fora. De qualquer forma, é surpreendente como um repertório que passeou por todas as fases da banda se mostre tão coeso, agitando a galera que não teve tempo de respirar. Por exemplo, músicas como Warrior, do primeiro disco, dialoga perfeitamente com as novas canções. E no palco a performance dos caras é elogiável. Talentosos e extremamente simpáticos, têm o público na mão. Don Van Stavern, além de comandar os grooves matadores, não desgrudou da tequila, passando a garrafa entre os parceiros, além de brindar com o público, enaltecer a parceria que teve com Mark Reale e dizer o quanto estava amando estar ali. Carisma total.
Outro detalhe foram os backdrops, um em cada canto do palco. Um deles mostrava o mascote da banda, Tior, a foca polar mutante, agora estilizada com uma expressão ameaçadora, não mais aquela coisa tosca do começo da banda. Outro backdrop trazia a capa do novo Mean Streets. Como se sabe, a tosqueira das capas dos primeiros discos do Riot fez com que elas sejam citadas frequentemente dentre as piores do rock e do metal. Entre fofinho e tosco, Tior se tornou uma marca do Riot, chamando a atenção para o bem e para o mal.
Enfim, Tior à parte, o quinteto deu uma aula de metal. Rolou tudo que se espera de um grande show, e com sobras: riffs, solos matadores, bateria bate-estaca, baixão avassalador. E a performance de Todd Michael Hall empunhando o microfone é impactante. O cara se apoderou das músicas gravadas originalmente por Guy Esperanza, Reth Forrester e Tony More, deixando uma unicidade impecável. Hall tirou foto de cima do palco, chamou a galera para cantar os refrãos mais grudentos do metal e comandou muitos “hey, hey, hey!!” Um verdadeiro pastor regendo seu rebanho metálico.
Após uma hora e meia de porradas insanas e atendendo ao tradicional “one more song!”, o encore teve Magic Maker, de Night Breaker (1993), encerrando com Outlaw, de Fire Down Under. Sem medo de errar, digo que o Riot fez um dos melhores shows que rolaram no Manifesto.
Setlist
Hail to the Warriors
Fight or Fall
Fire Down Under
Victory
On Your Knees
Feel the Fire
Road Racin’
Hear of a Lion
Warrior
Bring the Hammer
Johnny’s Back
Restess Breed
Bloodstreets
Take Me Back
Love Beyond the Grave
Flight of the Warrior
Swords and Tequila
Thundersteel
Bis
Magic Maker
Oltlaw
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