Por Heverton Souza – Fotos: Carlos Delagusta
Depois de ter a sueca Soen trazendo o som progressivo para a capital paulista, em março, agora foi a vez da polonesa Riverside fazer as vezes dos shows pós-pandemia em nosso país, mais uma vez numa noite de domingo no já conhecido Carioca Club. Seguindo com a tour que celebra os 20 anos de carreira da banda, completados na verdade em 2021, Mariusz Duda e Cia. subiram em palco exatamente dentro do horário previsto para início do show, às 19h.
De cara, o que era notável era a animação da banda. Em tour já desde o dia 16 de abril, o baterista Piotr Kozieradzki, o tecladista Michał Łapaj, o guitarrista Maciej Meller, e claro, o baixista e vocalista Mariusz Duda, pareciam mesmo felizes em estarem ali e esbanjavam simpatia por todo o show.
Por ser uma turnê comemorativa, toda a carreira da banda seria abordada nessa noite, começando com os doze minutos de The Same River, seguida de #Addicted, com sua levada de som de estrada. Com suas passagens de peso, Rainbow Box deu uma levantada no público, que ocupava cerca de 70% da pista do local.
Em seguida, Mariusz vem falar com o público, diz ser o primeiro show solo da banda em São Paulo, já que o anterior foi em um festival (Overload Fest, em setembro de 2015), faz piada com o número de pessoas que viram a banda nessa ocasião anterior, cita a passagem por anos difíceis, agradece a presença de todos ali em um domingo e oferece Towards The Blue Horizon ao falecido guitarrista Piotr Grudziński, que nos deixou em 2016, vítima de uma embolia pulmonar. Seu substituto, Maciej Meller, mostrou-se um guitarrista exímio, como o restante da banda, combinando feeling e técnica, mas claro que o fã que assistiu ao Riverside com Grudziński, sente falta da presença e do carisma do músico.
Assim que iniciaram as primeiras notas de Story of My Dreams, Duda soltou muito espontaneamente que aquela é a música do aniversário da banda. Ele então fala sobre esses 20 anos completados em 2021 e diz se recordar que quando surgiram, eram classificados como uma banda de prog metal, mas que prefere ver o Riverside como uma banda mais diversa que isso e brincou que, além de tudo, eles são uma banda sem hits, talvez exceto por Conceving You aqui em São Paulo, mas não seriam mesmo uma banda de hits. Para provar isso, Escalator Shrine foi chamada. Trata-se de uma música que combina guitarra floydiana em levada jazz que passa mesmo longe de qualquer formato convencional de um som radiofônico, e que foi abrilhantada por um momento jam com referências diretas à Black Night, do Deep Purple. Mariusz chega a sentar no palco observando a maestria do tecladista, que era o músico mais agitado em palco desde a primeira música.
Com violão em mãos, Duda pergunta se estão todos bem, se precisam de algo, talvez um café e mais uma vez cita o 20° aniversário da banda, mas que por já ser na verdade o 21°, pediu segredo a todos e esclarece que Time Travelling seria executada com uma breve alteração na letra relacionada a isso
Left Out trouxe alguns dos momentos mais animados do show e após a maravilhosa viagem obscura de Second Life Syndrome, a banda saiu de palco, mas voltou em menos de cinco minutos, mais uma vez com toda humildade de Mariusz em citar como eles são iguais a todos ali, dizendo inclusive que conhece alguns do público das redes sociais. Falou das dificuldades de realizar essa tour por conta da pandemia e presentearam a todos com a emotiva We Got Used to Us.
Em pausa no meio de 02 Panic Room a banda toda ficou alguns segundos imóvel, como se brincasse de estátua e foi com ela que a banda encerrou suas mais de duas horas de show. Chamado pelo público, Duda ainda pega o microfone, agradece, solta que a banda terá um novo álbum em janeiro e promete não demorar mais sete anos para voltar.
O Riverside mostrou nesse show que não é apenas uma das melhores bandas do Prog contemporâneo, seguindo a linha de muito mais feeling que de exibicionismos gratuitos, mas também deixou claro como uma banda pode muito bem seguir, mesmo que de cima de palco, tratando todos com igualdade e humildade. Um exemplo de carisma como poucos.
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