Por Marcelo Gomes
Fotos: Roberto Sant’Anna
Prestes a fazer uma turnê no Brasil no final de outubro, o líder do Machine Head, Robb Flynn, desembarcou em São Paulo para cumprir diversos compromissos com a imprensa e para uma apresentação diferenciada. Desta vez, com um pocket show e um meet and greet no evento “An Evening With Robb Flynn”, realizado no último dia 5 de outubro na Concept Store da VCI Residence Club no Hard Rock Cafe Hotel. O evento limitado e exclusivo proporcionou uma experiência única, na qual os fãs tiveram a oportunidade de presenciar o show de perto e conhecer o artista, tudo isso regado a um belo open bar e lanches.
Robb Flynn subiu ao palco munido de sua guitarra. Logo tratou de explicar como seria a apresentação. A primeira metade seria com sons mais pesados nas versões dos discos, e a segunda parte seria acústica; além disso, falou que tocaria coisas raras e diferentes do show que fará com o Machine Head no dia 29 de outubro. Utilizando bases pré-gravadas, mandou três porradas na sequência: “Unhallowed”, “Bulldozer” e “Desire To Fire”. A minha dúvida era como seria a reação do público nesse formato, e posso dizer que superou as expectativas de todos. Dentro das proporções, parecia um show, tamanha a energia entre Robb e os fãs, isso sem contar que o som estava sensacional.
O clima mudou ligeiramente em “Burning Red”, faixa mais melancólica e introspectiva. A entrega emocional do vocalista comoveu os presentes que apreciavam atentamente sua interpretação dramática. Inesperadamente, Flynn surpreendeu a todos com um cover de “In The Air Tonight” de Phil Collins. Durante o início, pediu um pouco de silêncio aos tagarelas que pareciam estar na sala de casa. A voz rouca deu um toque especial à música que ainda teve o peso característico do Machine Head numa versão incrível. Para fechar essa parte mais metal, nada melhor que uma bem conhecida, não é? E foi com o clássico “Davidian” que os fãs enlouqueceram de vez.
Sem delongas, Flynn falou que faria a parte acústica e pediu para que os fãs não filmassem e que fizessem silêncio. A primeira foi “Circle Of Drain”, clássico do Machine Head repaginado em formato acústico. A versão simplificada permitiu que a letra fosse o centro das atenções, destacando a voz crua do vocalista. Em “Descend The Shades Of Night”, falou de sua inspiração no Coldplay e que os haters poderiam odiá-lo que ele não ligaria. De qualquer forma, a faixa envolveu os presentes com suas melodias assustadoras e letras melancólicas. A interpretação acústica trouxe à tona a essência da canção e transmitiu uma sensação profunda de introspecção.
A pedido de um fã, tocou de forma improvisada o clássico “Fade To Black” do Metallica. Fazendo as bases do violão, os fãs se desdobraram para cantar os solos enquanto Robb cantava os versos numa bela homenagem para James Hetfield. Foi um momento de nostalgia e de destaque da noite. Como eu estava na primeira fila e depois de ver esses covers, pedi “Die Young” do Black Sabbath, mas ele preferiu seguir com “Bastards”, que foi uma inclusão oportuna ao set. A letra, baseada numa conversa com os filhos, ganhou um arranjo despojado e como era de se imaginar, a parte que ganhou a participação mais efusiva foi em “No, No, No, No, Fuck No”. O clima era total de celebração!
Quando resolveu tocar um som do Morgan Wallen, ficou um pouco desapontado, pois ninguém conhecia. Mesmo assim, resolveu tocar “Sand In My Boots” do cantor americano de country. A faixa desconhecida teve a empatia dos presentes, que demonstraram interesse por consideração a Robb. Passado esse momento mais morno, Flynn se lembrou do meu pedido e contou que o álbum “Heaven And Hell” foi seu primeiro contato com o metal. Para quem não conhece essa versão acústica que Robb Flynn fez, recomendo que corra para alguma plataforma digital e ouça, porque é simplesmente fantástica. Aliás, falou que fez essa versão em homenagem à empresária de sua primeira banda que havia falecido.
Mais dois pedidos de fãs, desta vez “Now We Die” e “Arrows In Words From The Sky”, que tiveram versões arrebatadoras com os fãs cantando junto, transcendendo a barreira fã e ídolo numa comunhão perfeita. Para fechar o set, a escolhida foi “Darkness Within”. O legal dessas apresentações mais intimistas é a possibilidade de saber sobre a concepção da música. Nesse caso, Robb diz que vivia um período de muita escuridão, crises, medo, e que decidiu mudar tudo isso para evitar algo pior. Mesmo em versão acústica, conseguiu manter a intensidade e permitiu que Robb colocasse seu coração em nota e letra. Certamente, um final marcante para essa noite memorável.
No final, o que era para ser um pocket show virou uma apresentação de quase 2 horas na qual Robb Flynn mostrou sua enorme capacidade de envolver as pessoas através de sua música. Foi uma noite inesquecível marcada por uma performance poderosa e uma ligação genuína entre fã e artista. O talento e carisma de Flynn brilharam durante todo o set, deixando um belo aperitivo do que está por vir no dia 27/10 em Curitiba, 28/10 no Rio de Janeiro e 29/10 em São Paulo.
Robb Flynn – setlist:
01) Unhallowed
02) Bulldozer
03) Desire To Fire
04) Burning Red
05) In The Air Tonight (Phil Collins)
06) Davidian
Set acústico
07) Circle The Drain
08) Descend The Shades Of Night
09) Fade To Black (Metallica)
10) Bastards
11) Sand In My Boots (Morgan Wallen)
12) Die Young (Black Sabbath)
13) Now We Die
14) Arrows In Words From The Sky
15) Darkness Within