A quinta-feira gelada, que marcava o começo de setembro de 2016, não tinha nada a ver com o que seria o clima dentro do Espaço das Américas. A casa de espetáculos estava com sua lotação praticamente máxima e presenciou uma noite quente, com fãs alucinados e um dos principais eventos de Punk Rock do ano. A primeira edição do festival “Rock Station” contou com grandes nomes do gênero: The Offspring, Dead Kennedys, Anti-Flag, e abertura dos brasileiros da Dona Cislene.
O primeiro show começou de forma bem pontual. Exatamente às 19h50, os brasilienses da Dona Cislene, um dos destaques da nova safra Punk Rock nacional, começaram a esquentar o festival com suas ótimas músicas do primeiro disco, “Um Brinde Aos Loucos”, lançado em 2014.
Depois da troca de palco, às 20h40, a banda americana Anti-Flag, de Pittsburg/Pensilvânia, formada por Justin Sane (vocal e guitarra), Chris No2 (baixo e vocal), Chris Head (guitarra) e Steve LaRussa (bateria), que substituiu o batera original Pat Thetic nessa tour pela América do Sul, marcou presença com uma performance brutal e avassaladora. Acabou sendo considerado por muitos presentes, como um dos melhores shows da noite. O set foi marcado por protestos (aos políticos e a polícia) e grandes clássicos tocados um após o outro, deixando os fãs sem tempo até mesmo para respirar. Entre eles, “Fuck Police Brutality”, na qual Justin Sane pediu para todos os fãs levarem o dedo médio acima; “Die For The Government”, “Broken Bones”, “This Is The End”, além de uma ótima versão para “Should I Stay Or Should I Go” do The Clash.
Durante o show, Sane comentou sobre os protestos que vêm acontecendo no Brasil (inclusive, no dia anterior ao show, ele foi até a Paulista participar de um protesto contra o impeachment) e elogiou o público paulistano, dizendo palavras como: “São Paulo é uma verdadeira cidade Punk Rock, vocês vivem isso de verdade, dia após dia.” Após incansáveis rodas punk (ou bate-cabeça), o show chegou ao fim com “Power To The Peaceful”. A batera foi levada até o meio da galera, que abriu espaço para Steve LaRussa finalizar o show tocando a última música ali no meio, sentindo todo o calor e toda a força do público brasileiro.
Depois de um tempo para o público respirar e a equipe de produção trocar o palco, os californianos do Dead Kennedys, um dos maiores nomes de todos os tempos do Punk Rock, soaram o primeiro acorde para o delírio do público. Mas, para a infelicidade da banda, o show teve que ser parado devido a problemas técnicos com a guitarra. Após um longo tempo de pausa, de muito silêncio e com alguns copos sendo arremessados em direção ao palco, o show retornou um pouco mais morno. Com trinta e oito anos de carreira e atualmente formada por Ron “Skip” Greer (vocal), East Bay Ray (guitarra), Klaus Flouride (baixo) e D. H. Peligro (bateria), a banda fez uma apresentação mais moderada e levemente mais parada.
O vocalista Skip, que ocupa o posto que já foi de Jello Biafra, tentou animar a galera. Na terceira música, tirou sua jaqueta e mostrou ao público brasileiro a camiseta do Ratos de Porão que estava usando. O show teve alguns bons momentos quando foram tocadas algumas músicas clássicas, como “Kill The Poor”, “California Über Alles”, “Nazi Punks Fuck Off” e “Holiday in Cambodia”. Após o público estar bem aquecido, o Dead Kennedys fez um ótimo cover de “Viva Las Vegas”, de Elvis Presley.
Após meia hora do final da apresentação do Dead Kennedys, e com o palco já arrumado, o baterista Pete Parada foi o primeiro a entrar, trazendo logo em seguida o guitarrista Noodles e o baixista Greg K. O vocalista Dexter Holland foi o último a entrar no palco. Para delírio da galera, o The Offspring começou o show mais esperado da noite tocando uma ótima sequência: “You’re Gonna Go Far, Kid”, “The Noose” e a clássica que levantou todos e abriu uma das maiores rodas da noite, “Come Out And Play”.
O show seguiu energético do início ao fim, com um hit atrás de outro hit. O público cantava todas as músicas a pleno pulmões. Em seguida, mais uma sequência de famosas músicas da banda, além do novo single, “Coming For You”, e “Original Prankster”, com mais um bate-cabeça enorme. Sem deixar o público esfriar, mandaram “All I Want”. O set, que durou cerca de 1h20, ainda contou com diversos outros hits, como “Why Don’t You Get A Job?”, “Want You Bad” e “Pretty Fly (For A White Guy)”, até chegar em “The Kid’s Aren’t Alright”, onde a banda deu uma pausa no show. Após a pausa, voltaram agradecendo o público de São Paulo e elogiaram a postura do público brasileiro, que sempre agita no show do início ao fim. No bis rolaram mais dois clássicos, “Americana” e “Self Esteem”, finalizando um dos melhores shows do ano.