No fatídico dia 16 de maio de 2010, Ronnie James Dio, uma das figuras mais respeitadas, carismáticas, atenciosas e doces do show business, além de uma das vozes mais abençoadas do heavy metal, faleceu aos 67 anos de câncer no estômago. Até aquele momento, Ronnie vinha se empenhando em sua autobiografia. Seu desejo era contar fatos que remetiam desde sua infância como um pacato, porém inquieto cidadão nova-iorquino, desenvolvendo sua paixão pela música e tendo um início cheio de altos e baixos na carreira musical, até o reconhecimento mundial e a fama como vocalista não de uma, mas de três bandas de sucesso. Sim, apesar de até os dias atuais isso ser algo pouco comum na história do rock, Ronnie James Dio morreu se dando ao luxo de ter alcançado a glória como cantor de Rainbow, Black Sabbath e de sua própria banda, o Dio – isso sem contar o cultuado ELF.
Ao longo da última década, a viúva e empresária de Ronnie, Wendy Dio, e o renomado jornalista, escritor musical e apresentador de rádio e TV Mick Wall, que foi assessor de comunicação do Sabbath e mais tarde Relações Públicas do próprio Ronnie, concluíram o livro Rainbow in the Dark: A Autobiografia. Lançada mundialmente em 2021 e tendo chegado ao Brasil em agosto, com distribuição da editora Estética Torta, a obra certamente entrará no coração não apenas dos aficionados por Ronnie James Dio, como também de qualquer fã de música pesada que sabe a importância do “baixinho” para a história do heavy metal.
Conforme nos conta Wendy, empresária de talento e pulso firme para gerenciar os negócios do DIO e paralelamente da banda Rough Cutt, Ronald James Padavona – nome de batismo de seu saudoso marido – era um verdadeiro contador de histórias, e essa ele fez questão de escrevê-la à mão. Wendy, que se faz presente em diversos momentos do livro, complementando e contando fatos importantes, e Wall, que assume a função de ‘ghost writer’, concluíram Rainbow in the Dark: A Autobiografia a partir dos relatos descritos por Ronnie, que mais tarde foram transcritos por Diana DeVille.
Importante observar que, nesta biografia, um fator positivo é que Ronnie não foi econômico ao falar de sua juventude. Assim sendo, até saber detalhes de sua consagrada carreira, o leitor terá muito que conhecer do jovem Ronnie. A começar pela infância cercada por costumes italianos da família Padavona, como, por exemplo, o gesto peculiar feito com a mão por sua avó paterna com a finalidade de espantar o mau-olhado de pessoas que se aproximavam. O depoimento de Dio sobre como o gesto exibido por sua avó, conhecido como Maloik, ou O Demo, Sinal do Diabo ou Mano Cornuta, se tornou importante quando ele o adotou a partir de certo ponto de sua carreira, é uma das curiosidades mais legais e esclarecedoras para a comunidade heavy metal do mundo todo.
O início de Ronnie como trompetista e depois contrabaixista até perceber seu talento natural para cantar, a inclinação para o rock and roll descoberta em uma noite de domingo de 1964 assistindo a lendária apresentação dos Beatles no The Ed Sullivan Show, os perrengues, aventuras e acidentes enfrentados com suas primeiras bandas, além do sonho de ver seu nome em destaque na entrada do Madison Square Garden, são alguns dos momentos que você acompanhará sobre a trajetória do baixinho, que abandonou a faculdade de farmacologia para tentar a vida na música.
Depois de saber fatos também como, por exemplo, a importância do baixista Roger Glover para Ronnie e para sua banda ELF que abriu inúmeros shows para o “remodelado” Deep Purple, e aprender com o cantor os três atributos do rock and roll, o leitor entrará no aguardado momento da consagração da carreira do baixinho, e desfrutará de muitas histórias de bastidores do Rainbow, do Sabbath e do DIO. Também se surpreenderá ao saber que, ao contrário do que muitos dizem e pensam, e de algumas desavenças relatadas entre Ronnie e seus ex-“patrões” Tony Iommi (Black Sabbath) e Richie Blackmore (Rainbow), o saudoso cantor ressalta que nutria um sentimento de profundo respeito por ambos e que, na verdade, a decepção dele e de Wendy era com outro guitarrista: Vivian Campbell. As feridas com o músico irlandês, que há anos integra a banda inglesa Def Leppard, ainda estão abertas e são contadas sem parcimônia na autobiografia.
Sem entrar em mais detalhes sobre o que está eternizado nessas quase 330 páginas, recheadas de momentos de emoção, diversão, drama, tristeza e triunfo, afirmo que a leitura de Rainbow in the Dark: A Autobiografia se faz essencial e de cabeceira para você que é fã de música pesada. E, mesmo eu não querendo dar spoiler, digo com toda a certeza que você finalizará a leitura desejando que Wendy Dio e Mick Wall novamente se juntem para uma segunda parte do livro, já que, independente se o motivo foi Ronnie Dio não ter tido tempo ou outro (não sabemos), ainda há muito que precisa ser contado.
Antes de finalizar, faço necessário destacar as essenciais e detalhistas notas de rodapé do livro, bem como o capricho da editora Estética Torta que propiciou à edição nacional de Rainbow in the Dark: A Autobiografia um belo tratamento, com acabamento de luxo em capa dura, verniz localizado e pintura trilateral vermelha (assista ao vídeo abaixo).
Saiba mais do livro, inclusive trecho, aqui.
Links relacionados:
Site Oficial: https://esteticatorta.lojavirtualnuvem.com.br/
Instagram: http://instagram.com/esteticatorta
Facebook: https://www.facebook.com/esteticatorta
Edições avulsas, assinatura física e digital.
Conheça a nossa Roadie Crew Shop – acesse www.roadiecrew.com/roadie-shop
Apoie nosso jornalismo com uma contribuição de qualquer tamanho.
Seu apoio ajuda a continuarmos melhorando o conteúdo do site com entrevistas exclusivas, resenhas de shows, notícias e artigos. Toda contribuição, por maior ou menor que seja, é muito valiosa para nós. Clique em Doações
