O dia 18 de abril deste ano foi mais um dia daqueles repletos de apresentações musicais pelos quatro cantos da cidade, incluindo a Virada Cultural, reforçado de uma chuva torrencial, poderia ser um fator de não comparecimento de público nessa nova visita dos gregos do Rotting Christ, que fazia seu último show da tour, que passou por Rio, Minas e interior paulista. Felizmente não foi isso que aconteceu nessa noite, que em virtude de diversos eventos, contou com um excelente público, inclusive com fãs vindo do interior e outros estados.
Além dos gregos como headliners, a noite contou com três grupos: Ocultan, Justabeli e Morte Negra, que deu início ao evento, às 18h30. O trio formado por Iser (guitarra e voz), Kingu (baixo) e Azabua (bateria) pratica um híbrido entre o Black Metal old school e o Doom arrastado, que possui canções longas e trabalhadas. Promovendo o álbum Que a Desgraça Caia Sobre a Humanidade, o set teve como destaque a oitentista Apophis, as linhas de baixo de Iluminati e a variada Seth, que alterna passagens ríspidas com momentos lentos. Uma banda que tem tudo para cair no gosto dos fãs da arte obscura.
Já eram quase 19h30 quando o Justabeli entrou no palco. Atualmente como trio, War Feris (voz e baixo), Victor Próspero (guitarra e voz) e Marcelo Furlanetto (bateria), vivem um ótimo momento na parte musical, pois as músicas soam mais fortes e coesas neste formato, principalmente a divisão de vozes, sendo que uma mais ríspida e outra brutal geram contrastes interessantes, como Grito de Guerra e Satan’s Whores. Hell War encerrou o ótimo set, que mesmo com alguns problemas no microfone de War Feris, não diminuiu a intensidade das canções, tampouco a energia do público.
Com um set maior do que o das primeiras bandas, o Ocultan mais uma vez justificou o porquê de ser considerado um dos maiores nomes do Black Metal nacional. Um cenário climático, com tridentes, músicos com corpsepaint e o vocal com uma vestimenta diferente do que se vê por aí, o quarteto formado por C. Imperium (voz), Lady of Blood (guitarra), Magnus Hellcaller (baixo) e Malus (bateria) mandou um set intenso e forte, com destaque para as canções de seu último registro, Shadows From Beyond, representado pelas músicas Morto e Enterrado, Shadows From Beyond e Fuck Your Religion. A cada canção apresentada, era possível ouvir os bangers clamando o nome do grupo, que tem tudo para elevar seu nome com a atual formação.
Mas ainda tínhamos a apresentação dos anfitriões gregos do Rotting Christ – e que apresentação! O show que Sakis Tolis (guitarra e voz), George Emmanuel (guitarra), Vaggelis Karzis (baixo) e Themis Tolis (bateria) fizeram tem tudo para figurar entre os melhores do ano, tamanha técnica, sincronismo e intensidade das canções apresentadas. A abertura com X E C (666), inicia de forma climática e vai ganhando peso que, aliado aos andamentos lentos, ganhou os presentes de forma imediata. Interessante com o destilar das canções é a movimentação de Goerge e Vaggelis, que é muito parecida com a de músicos de Hard Rock, impressão reforçada por fazerem backing vocals, que deixam as músicas mais completas.
King of the Stellar War, de Triarchy of the Last Lovers, foi outra que emocionou muitos, Mas havia tempo para mais, muito mais. Sakis pediu para que fosse formada uma roda e após ser atendido, mandaram a visceral Societas Satanas, projeto que possui em sua formação membros do Rotting Christ. Nom Serviam foi outro ponto alto dessa apresentação. É interessante perceber que o som dos gregos, embora liricamente fincado no Black Metal, musicalmente está há anos luz dele, tamanho cuidado com as melodias e andamentos e mesmo assim, sem deixar de possui a alma macabra.
Nem mesmo um princípio de tumulto, cujo causador foi convidado a se retirar tirou o brilho dessa apresentação que tem tudo para figurar entre as mais fortes desse ano, com o ingrediente mais importante: um ótimo público.