Texto e fotos por Écio Souza Diniz
Colaboração nas fotos: Eirk de Boer
Uma corriqueira noite de quarta-feira como muitas na área metropolitana de Barcelona, mas mais um dos diversos excelentes capítulos de excelentes eventos na Sala Salamandra. Localizada na cidade satélite L’Hospitalet de Llobregat, facilmente conectada de metrô ao centro de Barcelona, a Sala Salamandra é um dos espaços culturais mais importantes da Espanha, já tendo recebido mais de 5 mil bandas de diversos estilos e origens. Dessa vez, a atração principal eram os gregos do Rotting Christ, tendo como bandas de abertura os noruegueses do Borknagar e os franceses do Seth. Atualmente, o Rotting Christ excursiona com a turnê “35 Years of Evil Existence” e também divulga seu novo álbum, Pro Xristou (2024).
Chegamos a Salamandra por volta das 18h e o público começava a juntar-se no local. Aproveitamos para pegar uma cerveja e explorar o merchandising das bandas. Meia hora depois, iniciava a noite a banda Seth. Formada em 1995 na cidade francesa de Bordeaux, a Seth é uma das bandas mais cultuadas no cenário black metal, sobretudo na França por sua preferência por cantar em seu idioma natal. A passagem da banda por Barcelona trouxe aos seus fãs a divulgação do seu novo álbum, La France des Maudits (2024). Inclusive, quase metade das músicas apresentadas eram desse álbum: Insurrection, La Destruction des Reliques e Et que Vive le Diable! Também se destacou a performance da banda na faixa-título do álbum La Morsure du Christ (2021).
A aura mais agressiva e ríspida do Seth então deu lugar à atmosfera mais progressiva do Borknagar. Formado em 1994 na cidade noruegueses de Bergen, o Borknagar dispensa muitas apresentações em função de seu lugar já reconhecido no progressive/viking/folk/black metal. Atualmente composta por Vortex (ex-Dimmu Borgir, baixo e vocal), Øystein Brun (guitarra), Jostein Thomassen (guitarra), Lars Nedland (teclado e vocal) e Bjørn Dugstad Rønnow (bateria), a banda excursiona no momento promovendo o álbum Fall (2024). Desse disco já abriram o show com a profunda, bela e introspectiva Nordic Anthem. Ainda do mesmo álbum tocaram a emotiva Moon e a agressiva Summits. Outros ótimos momento ficaram a cargo de Up North (de True North, 2019) e da volta no tempo com Colossus (de Quintessence, 2000) e Dauden (de Borknagar, 1996).
Depois de pouco mais de 40 minutos de intervalo, era vez dos guerreiros gregos do black metal entrarem em cena. A história do Rotting Christ, formado em 1987 em Atenas, dispensa maiores apresentações. Afinal trata-se de uma das bandas mais originais do metal extremo, mantendo até hoje seu estilo único de tocar. Nessa atmosfera de expectativa, os irmãos e fundadores Sakis Tholis (guitarra e vocal) e Themis Tolis (bateria), acompanhados por Kostas Foukarakis (guitarra) e Kostas Cheliotis (baixo), se fazem entrar de forma imperativa com a apoteótica faixa-título de Aealo (2010). Desse álbum também tocaram a excelente Demonon Vrosis e impecável … Pir Threontai.
Mantendo essa pegada épica, mostraram a potência de Pro Xristou com Pretty World, Pretty Dies e Like Father, Like Son. Voltando a atenção para o clássico Rituals (2016), eles aumentaram a temperatura com Ἐλθὲ Κύριε- (Elthe Kyrie). Sem dar tempo para respirar, emendaram com o primeiro clássico de sua carreira, The Sign of Evil Existence (de Thy Mighty Contract, 1993) e deram sequência com a também marcante faixa-título de Non Serviam (1994).
Outros ótimos momentos do show ficaram a cargo das auras soturnas da faixa-título e de In Yumen-Xibalba, de Kata Ton Daimona Eaytoy (Κατά τον δαίμονα εαυτού; 2013), que arrancaram alguns dos principais grandes mosh pits no lugar. Para fechar, mandaram ver na trinca Grandis Spiritus Diavolos (de Kata Ton Daimona Eaytoy), The Raven (de The Heretics, 2019) e Noctis Era (de Aealo). Todas as músicas foram executadas com uma performance de uma banda coesa, com músicos bem alinhados e estruturados tanto individualmente como em conjunto. Essas características fizeram dessa apresentação um momento especial para os presentes, tanto fãs veteranos, como este que vos escreve, como para os mais novos.
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