Por Guilherme Góes
Fotos: Stephen Solon
O duo britânico Royal Blood é um velho conhecido do público brasileiro. Com apenas uma década de carreira, os músicos Mike Kerr (baixo) e Ben Thatcher (bateria) já se apresentaram duas vezes em eventos de grande porte no país: Rock In Rio (2015) e Lollapalooza (2018).
Após quase seis anos, os fãs finalmente tiveram a oportunidade de testemunhar uma apresentação solo de uma das maiores revelações do rock da década de 2010. A etapa brasileira da turnê de divulgação do álbum Back to the Water Below teve início em São Paulo, no último sábado (13), na Audio.
Curiosamente, apesar da enorme procura que o evento obteve (com ingressos praticamente esgotados), os seguidores da banda não compareceram ao show logo cedo, refletindo a ansiedade típica que antecede uma apresentação internacional. Por volta das 19h30, poucos fãs eram vistos nos bares locais, e a fila de entrada permanecia relativamente pequena. No entanto, aproximadamente às 20h30 a casa de espetáculos começou a se encher rapidamente. O clima frio e a garoa provavelmente contribuíram para esse “desinteresse” inicial.
Com dois minutos de antecedência, a melodia de Cello Suite No. 1 in G Major Prelude do compositor Sebastian Bach começou a ecoar pelos alto-falantes. Em seguida, Mike e Ben entraram no palco com total animação, iniciando o show do Royal Blood com uma sessão sem pausas compostas por Boilermaker, Out of the Black e Mountains at Midnight. A plateia logo se uniu, cantando em alto e bom som, simulando os sons dos riffs de contrabaixo (que mais pareciam de guitarra) e as viradas de bateria. Igualmente, nesse momento inicial, foi notável a excelente dinâmica do palco, proporcionando visibilidade para ambos os integrantes da banda.
Sem efeitos especiais, diálogos prolongados com a plateia ou iluminação extravagante, os rapazes seguiram comandando uma verdadeira aula de música de forma modesta, mas que impressionava por sua variedade. Navegando por diversas influências, Mike e Ben levaram a audiência por uma jornada que abarcou desde o hard rock com Come on Over, passando pelo stoner rock em Lights Out, até alcançar uma fusão de pop com elementos do rock clássico e heavy metal em faixas como Shiner in the Dark e Supermodel Avalanches. Eles até mesmo mergulharam no grandioso mundo da ópera rock com Blood Hands e Pull Me Through, onde os trechos de teclado acalmaram os ânimos da plateia. Cada música apresentava riffs extremamente cativantes e batidas pesadas e enérgicas. A fórmula única apresentada pelos britânicos justifica plenamente sua explosão no cenário musical mundial desde o lançamento de seu primeiro álbum.
A dupla também surpreendeu ao tocar One Trick Pony, uma faixa b-side rara que não se encontra em nenhum lançamento oficial de sua discografia. Após esse momento inesperado, a festa continuou com o sucesso Little Monster, destacando-se por um solo arrebatador de Ben, que incitou a multidão a iniciar o primeiro moshpit da noite. Outras músicas como How Did We Get So Dark? e Loose Change mantiveram o ritmo contagiante da noite.
Logo depois de uma breve pausa para o bis, os fãs cantaram a plenos pulmões Ten Tonne Skeleton, um clássico do primeiro álbum da banda. No entanto, o ápice da catarse coletiva chegou com o megahit Figure It Out, desencadeando um enorme ‘wall of death’ na plateia e encerrando a noite em um clima de total insanidade e euforia.
Nas suas apresentações anteriores, em festivais de grande porte, o Royal Blood já havia impressionado pela qualidade de suas músicas inovadoras. No entanto, vê-los em um ambiente mais íntimo, cara a cara com o público, incentivando os fãs a cantarem o mais alto possível e a iniciarem moshpits, proporcionou uma experiência completamente diferente. A apresentação solo evidenciou de forma clara o talento e a energia incomparável deste nome marcante do rock and roll moderno.
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