Por Daniel Agapito
Formado em meados de 2004 na região de Chicago, Illinois (EUA), o Russian Circles tem sido venerado por sua criatividade e eficaz exploração de diversos sentimentos em suas músicas instrumentais. A experiência ao vivo também foi elogiada incessantemente, sendo descrita pela revista Pitchfork como “destemida e eletrizante”. Por via da agência Powerline, chegam a terras brasileiras pela primeira vez no começo de abril para um show único no Cine Joia, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Conseguimos conversar brevemente com Brian Cook, atual baixista do power trio, completado por Mike Sullivan (guitarra) e Dave Turncrantz (bateria).
A turnê divulga “Gnosis”, seu oitavo álbum. Como você diria que ele cabe na trajetória evolutiva musical do grupo? Como descreveria a sonoridade?
Brian Cook: Ainda estávamos em turnê com nosso álbum anterior, “Blood Year”, quando COVID apareceu. Como a maioria das pessoas, pensamos que talvez demorasse um ou dois meses para acabar. Mas assim que chegou o inverno de 2020, percebemos que não faríamos uma turnê tão cedo, então deveríamos voltar ao modo de composição e trabalhar em novo material. Inicialmente, houve alguma conversa sobre trabalhar em músicas mais cinematográficas e atmosféricas, já que esse tipo de coisa tende a ser mais fácil de trabalhar de forma independente em casa, em vez de trabalhar em coisas juntos em algum espaço comum. Mas em algum momento mudamos de assunto e nos concentramos em escrever um material mais sombrio e pesado para a banda completa. Esse material acabou parecendo mais apropriado e ressonante naqueles tempos de incerteza. Por alguma razão, escrever material suave como uma unidade não parecia tão satisfatório quanto escrever músicas mais agressivas. Então Gnosis acabou sendo um álbum bastante agressivo, embora eu ache que ainda soa distintamente como um disco do Russian Circles.
Por extensão, como descreveriam um show de vocês, para alguém que nunca viu?
Cook: Tentamos ser barulhentos e poderosos, ao mesmo tempo que mantemos uma sensação de espaço, atmosfera, dinâmica e tensão. Também tentamos tornar o show ao vivo envolvente e fluido… Queremos que os shows sejam perfeitos e tenham um arco dramático. Queremos que seja uma experiência visceral.
O que podemos esperar da performance em São Paulo?
Cook: Eu ia lhe perguntar a mesma coisa! Espero que seja uma multidão animada! Somos todos fãs de metal, então esperamos receber um pouco daquela famosa energia brasileira do público. Faremos o nosso melhor para cumprir nossa parte no acordo e fornecer um show ao vivo barulhento, pesado e dramático.
Em uma entrevista para a revista Treble, ocorrida logo antes do lançamento de “Gnosis”, disseram que queriam gravar um álbum que conseguissem tocar perfeitamente ao vivo e estavam muito animados para a turnê de lançamento. Como foi esta turnê? Fale mais sobre a experiência de tocá-lo ao vivo.
Cook: As turnês que fizemos promovendo este álbum até agora foram ótimas. Temos uma tendência a ser excessivamente ambiciosos com nossos álbuns e ocasionalmente acabamos com um disco que é difícil de tocar ao vivo. Sabíamos que corríamos esse risco com “Gnosis” porque a escrevemos em casa, em nossos computadores, e não juntos, presencialmente. Tocamos o material juntos apenas alguns dias antes de entrar no estúdio. Mas fomos rápidos em mudar tudo o que não funcionou bem quando tocamos juntos no espaço de ensaio, e ainda estamos constantemente fazendo pequenas alterações para tornar o material ainda mais forte. É engraçado… esta manhã eu estava ouvindo um teste de prensagem de um de nossos álbuns antigos que está sendo reeditado, e foi interessante ouvir essas músicas que ainda tocamos ao vivo o tempo todo, pois foram documentadas há mais de uma década. Até as músicas antigas continuam a se desenvolver e evoluir. Estamos em um constante estado de refinamento. Mas dito isso, escrevemos um disco que foi planejado para ser ouvido ao vivo, e tem sido muito gratificante tocar o material em nossos shows.
O show de vocês foi elogiado pela revista Pitchfork como “destemido e eletrizante” – o que faz com que suas performances sejam elogiadas desta maneira?
Cook: Não tenho certeza se tenho uma resposta para isso. Não fazemos música que seja tradicionalmente edificante ou que afirme a vida. Tendemos extrair nossas ideias no lado mais sombrio da experiência humana. Mas não nos vejo como uma banda que se diverte na escuridão. Acho que somos apenas uma banda que prefere encarar as dificuldades e os aspectos sombrios da nossa existência e abordá-los de frente na nossa música. A vida está cheia de dificuldades e pode ser muito difícil lidar com esses problemas na vida real. Mas se você conseguir reconhecer essas emoções na arte e encontrar uma maneira de canalizá-las, acho que isso pode ser muito curativo. É muito mais saudável do que fingir que esses sentimentos não existem.
Para fechar, quais suas expectativas para o show, vendo que é sua primeira vez excursionando pelo Brasil?
Cook: Espero que seja divertido, e muito barulhento! Estamos muito entusiasmados por finalmente tocar para um público brasileiro. Vocês são famosos em todo o mundo pela sua energia e entusiasmo e mal posso esperar para experimentar isso.
Ingressos à venda: https://pixelticket.com.br/eventos/17017/russian-circles