Por Marcelo Gomes
Fotos: Roberto Sant’Anna
Depois de mais de uma década, os japoneses do Sabbat retornaram ao Brasil para celebrar seus 40 anos de estrada. Com shows marcados no México, Colômbia, Peru, Bolívia e Brasil, as lendas da terra do sol nascente encerraram a turnê latino-americana em São Paulo, na Jai Club. Formada em 1984, a banda consolidou-se como uma das pioneiras do gênero no Japão, trazendo influências do metal britânico e do black metal dos anos 1980. Com um som cru e agressivo, eles inspiraram fãs pelo mundo e continuam levando a chama do metal extremo.
O evento contou com diversas bandas de abertura, dentre elas Matador (Curitiba/PR), CaosCultoMorte (São Paulo/SP), Blasphemaniac (Atibaia/SP) e Iron Bastard (Itu/SP), última banda brasileira da noite, que apresentou seu black/speed metal para um público sedento pelo profano. A vocalista Tyrannizer, além de seu visual sinistro, estava diante de uma Bíblia com pentagrama, cruz invertida e o baphomet, elementos indispensáveis para o culto à blasfêmia. No setlist, músicas como Massive Steel, Commanders of Hell, Fucking Whore e Necroculto ao Bode de Aço invocaram o lado sombrio da força. Com uma performance consistente, agradaram o público e mostraram a força da cena underground.
Enfim, era chegada a hora do Sabbat entrar em ação. Atualmente, formada por Gezol (baixo e vocal), Ginoir (guitarra) e Zorugelion (bateria), a banda iniciou com Envenom into the Witch’s Hole, mostrando que os demônios nipônicos estão em plena forma. Os riffs intensos e os vocais carregados de Gezol incendiaram o público, que respondia batendo cabeça. Em Satan Bless You, um dos hinos mais conhecidos da banda, os fãs cantaram em uníssono, deixando clara a devoção que o Sabbat possui no Brasil. Em Evil Nations, a recepção não foi diferente, e a banda foi ovacionada.
Gezol, conhecido por suas performances utilizando trajes no mínimo peculiares, como cueca de couro e braceletes enormes, estava muito comportado, o que gerou certo descontentamento por parte do público, que começou a pedir para ele tirar a roupa. Felizmente, os pedidos foram ignorados. Seguiram com Black Metal Scythe, apresentando uma performance poderosa em que cada nota parecia transportar o público para uma dimensão sombria. Quando tocaram Desecration, do mais recente trabalho, Sabbaticult (2024), o ambiente já estava tomado por uma energia densa e visceral.
Grindinghoul e Satanic Witches Fire foram pontos altos, em que os membros da banda mostraram habilidade e presença de palco. As rodas e o stage diving começaram a ganhar espaço, para desespero da equipe que estava no palco tentando evitar que os equipamentos fossem danificados. Bowray Zamurai – Samurai Zombies trouxe uma pegada única e mostrou a influência cultural japonesa em seu som, envolvendo a plateia com sua originalidade.
A reta final não trouxe alívio: Hellfire, Charisma e Mion’s Hill mantiveram o público pegando fogo. Darkness and Evil imergiu todos na escuridão e seu refrão foi gritado por todos em um momento de verdadeira celebração ao black metal. Para encerrar, Black Fire, clássico da banda que incendiou a Jai Club e fechou com chave de ouro essa noite incrível, reafirmando o impacto da lenda do metal extremo japonês em São Paulo.
Com performance impecável e presença de palco que honra as raízes do black metal, o Sabbat mostrou que, mesmo após quatro décadas de estrada, continua mestre em proporcionar uma experiência intensa e inesquecível. O público brasileiro, com sua devoção aos samurais do black metal, retribuiu com entusiasmo, transformando o show em uma verdadeira celebração do metal extremo.
Sabbat – setlist:
Envenom into the Witch’s Hole
Satan Bless You
Evil Nations
Black Metal Scythe
Desecration
Grindinghoul
Satanic Witches Fire
Bowray Zamurai – Samurai Zombies
Hellfire
Charisma
Mion’s Hill
Darkness and Evil
Black Fire
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