Se há trinta anos o Stress deu o pontapé inicial com o primeiro registro do Metal brasileiro, em 1987 outra grande banda do cenário lançava seu primeiro álbum, “Beijo Fatal”. Vinte e cinco anos se passaram e, apesar das idas e vindas, o Salário Mínimo resolveu celebrar tal marco com uma grande festa e várias homenagens a ícones históricos do Metal brasileiro que, de uma forma ou outra, foram parte fundamental em sua longa estrada no Rock’n’Roll. A celebração ocorreu na noite do último sábado, 8 de dezembro, no Blackmore Rock Bar, em São Paulo (SP).
Contando com Ricardo Batalha (Roadie Crew) como mestre de cerimônia, o primeiro anúncio da noite foi a presença no palco de outra banda da década de 80, Minotauro. Batalha contou histórias do passado, relacionando a ligação entre as bandas e depois entraram no palco Luiz Carneiro Lima (vocal), Alex Lana (guitarra), Luciano Domingues (baixo) e Weber Lombra (bateria). O grupo agitou muito a galera presente, que já tomava praticamente por inteira a casa. Além das autorais “Fugitivo”, “Machado Mortal”, “Hino de Guerra” e “Caminhos do Amanhã”, o set contou com os covers de “22 Acacia Avenue” (Iron Maiden) e “Shell Shock” (Manowar).
Aos poucos algumas figurinhas incríveis se adentravam ao Blackmore, como os ex-integrantes do Salário Mínimo – Nardis Lemme Antanaitis, Marco Antonio “Magoo” Placha, Alan Flávio e Marcelo Ladwig –, personalidades ligadas ao mundo do Rock e, inclusive, músicos de bandas pioneiras. Ex-integrantes do Santuário (Ricardo Michaelis) e Abutre (Ricardo Giudice e Tomas Catafay), que também participaram da histórica coletânea “SP Metal”, prestigiaram o evento. A primeira leva de homenageados veio logo após o show do Minotauro, quando Ricardo Batalha (foto) chamou ao palco Paulão Faustino, Carlão Chiaroni da Animal Records e o proprietário do Blackmore Rock Bar, Wanderley Immezi.
Logo após as homenagens, a segunda banda a subir ao palco foi o Comando Nuclear que, apesar de ter sido formada em 2004, carrega com muito virtuosismo a ‘old school’ do Speed Metal dos anos 80 com suas músicas cantadas em português. Enquanto Ron Cygnus (vocal), Eric Würlz e Rex (guitarras), Rodrigo Bersogli (baixo) e Hugo Golon (bateria, substituto de Guilherme Inciatus) mostravam uma energia alucinante, os presentes agitavam e ‘batiam cabeça’ feito loucos. As músicas de “Batalhão Infernal” (2006) e “Guerreiros da Noite” (2011) foram um excelente aquecimento para o que viria a seguir.
Já passávamos da 1h30 da manhã de domingo quando foi ao palco a tão aguardada atração da noite. Contanto com dois membros da formação de 87 da gravação original de “Beijo Fatal”, o vocalista China Lee e o guitarrista Junior Muzilli, além do baixista Diego Lessa, o guitarrista Daniel Beretta e o baterista Marcelo Campos, o Salário Mínimo veio pronto para uma grande festa e muitas homenagens.
Com a prerrogativa de tocar o álbum “Beijo Fatal” na íntegra, inusitadamente as primeiras músicas vieram do mais recente trabalho de estúdio, “Simplesmente Rock (2009)”, com “Eu não Quero Querer Mais” e “Sofrer”, seguidas por “Sob Seus Pés”, que contou com as primeiras participações especiais de ex-integrantes – Alan Flávio na guitarra e Marcelo Ladwig na bateria. A música “Ela” foi outra que contou com a participação especial, desta vez do produtor do documentário Heavy Metal Brasil, Ricardo “Micka” Michaelis (ex-Santuário e Extravaganza) na guitarra.
China Lee então anunciou que era hora da galera enlouquecer com o “Beijo Fatal” na íntegra, começando com a famosa faixa de abertura, “Dama da Noite”. E as participações especiais se seguiram com Tavinho Godoy (Metalmorphose) dividindo os vocais com China Lee em “Jogos de Guerra”. Arrebentando nas baquetas veio Nardis Lemme para detonar em “Noite de Rock” e então subiu ao palco vocalista Ron Cygnus (Comando Nuclear) para cantar “Anjos da Escuridão”.
Um dos momentos marcantes ocorreu quando China Lee lembrou o ex-companheiro de banda Kenzo Simabukulo, falecido no início de 2011. A execução da balada “Rosa de Hiroshima” realmente emocionou.
Logo após a última música do álbum, “Sob o Signo de Venus”, a banda convidou ao palco Ricardo Batalha (Roadie Crew) e Julio Viseu (Rádio e TV Corsário) para uma justa homenagem à imprensa, que há tanto luta pelo underground brasileiro. Para encerrar em alta, o Salário Mínimo executou dois clássicos da coletânea “SP Metal”, começando com “Delírio Estelar”, que contou com a presença de Marco Antonio “Magoo”, o primeiro baixista da banda.
Por fim, um prêmio para um grande fã da banda, Mauro Grilo, representando dessa forma todo público que acompanha a banda desde sua fundação no início da década de 80. O encerramento do show ocorreu com a clássica “Cabeça Metal”, que foi uma grande festa no palco, tendo todos convidados juntos, finalizando essa celebração mais do que merecida.
Enquanto todos se confraternizavam no Blackmore Bar, o Hand Of Doom (Black Sabbath Tribute) relembrou os quarenta anos do lançamento do álbum “Vol. 4”. Parecia que a festa não teria fim, mas os sorrisos estampados na cara de todos sintetizaram o sucesso do evento.