Fotos e texto por Écio Souza Diniz
A história da banda alemã Scorpions dispensa muitas explicações, visto que se trata de um dos grandes nomes da história do rock. Desde sua formação em 1965 na cidade de Hanover pelo guitarrista Rudolf Schenker, a banda traçou uma trajetória que atingiu níveis meteóricos. Primeiro, começou se destacar por sua fase hard rock mais tradicional com excelentes álbuns dos anos 70, como Virgin Killer (1976), Taken by Force (1977) e Lovedrive (1979). Já nos 80, o hard rock com adição de pitadas de heavy metal estourou para o mundo com os clássicos Animal Magnetism (1980), Blackout (1982) e Love at the First Sting (1984). Nesse período, a produção de baladas marcantes começou também a ser parte dos grandes hits concebidos da banda. Nos anos 90, desde Crazy World (1990), o foco em baladas radiofônicas se tornou predominante. Por fim, desde Unbreakable (2004) tem voltado às origens e também investido em produzir álbuns mais pesados. Ainda na estrada levando o seu legado para grandes arenas, a banda atualmente composta por Klaus Meine (vocal), Rudolf Schenker (guitarra), Matthias Jabs (guitarra), Pawel Maciwoda (baixo, TSA) e Mikkey Dee (bateria, ex-Motörhead, ex-King Diamond, ex-Thin Lizzy) está turnê celebrando os 40 anos do clássico Love at the First Sting, que revelou pérolas como Rock You Like a Hurricane, Bad Boys Running Wild, Big City Nights e Still Loving You. Para a abertura desses shows, o Scorpions tem tido como convidada a banda Phil Campbell and the Bastard Sons.
Minha chegada no Auditorio Marina Sur, um grande espaço aberto no porto da bela cidade espanhola de Valência, foi por volta das 19h, quando o sol ainda estava forte mas começando a reduzir gradualmente. Às 20h15 entrou em cena Phil Campbell and the Bastard Sons, banda do ex-Motörhead junto com seus filhos Todd (guitarra), Tyla (baixo) e Dane (bateria), acompanhados por Joel Peters (vocal). Já com três álbuns de estúdio na bagagem (The Age of Absurdity de 2018, We’re the Bastards de 2020 e Kings of the Asylum de 2023), a banda entrega um som direto e sem firulas, mesclando hard rock e heavy metal. Músicas como Maniac e a faixa-título de We’re the Bastards arrancaram boa participação do público. Além disso, é bom ver que Phil ainda está em muito boa forma e afiado. Fechando o show, como não poderia faltar, foi a vez de um clássico do Motörhead: Ace of Spades.
Depois de um intervalo de cerca de uma hora, por volta das 21h30 e já com um brisa agradável de vento de chuva, o Scorpions entra em cena com a potente Coming Home e o público entra em euforia. Na sequência, tocaram Gas in the Tank do mais recente álbum, Rock Believer (2022), para em seguida os riffs inesquecíveis de Make it Real invadirem a arena, levando todos ao êxtase.
Sem pausa para respirar, Klaus Meine, após sua comunicação habitual com o público, anuncia a sensual e marcante The Zoo. Já num momento para o público viajar junto, tocaram a instrumental Coast to Coast. De volta à rifferama, entram com tudo com I’m Leaving You, com ampla participação da plateia. Após outro momento mais relaxante com Crossfire, as caixas de som começam a tremer com Bad Boys Running Wild, levando pela primeira vez Meine, Schenker, Jabs e Maciwoda à plataforma em forma de corredor que saía do palco e adentrava a audiência.
Depois de Jabs dar sua aula de solos, o público ergueu as luzes de seus celulares para cantar junto a belíssima Send Me an Angel, que arrancou lágrimas de alguns dos presentes. Mas foi com Wind of Change, destacando o carisma de Meine, que o público se deu por entregue e o refrão cantado por todos ecoava tanto que seguramente podia ser ouvido de longe. Retornando com a chuva de riffs, Tease Me Please Me ressalta a coesão e sincronia de longa data da dupla Schenker/Jabs, abrindo espaço para a rápida The Same Thrill.
Passada a performance de bateria de Dee, estoura nos falantes a eterna faixa-título de Blackout, cujo refrão foi literalmente urrado pelo público. Ainda com o coração palpitando, emendaram na sequência esta que é minha música favorita da banda, o petardo Big City Nights. Agora era hora de fazer os românticos se renderem de vez com Still Loving You, com o público cantando em uníssono enquanto a banda se unia na plataforma. Para coroar este show inesquecível, a mundialmente aclamada Rock You Like a Hurricane fez as honras e sem dúvida trouxe de novo à vida até o fã mais cansado. Num balanço geral, a performance da banda estava impecável, a qualidade de som sob medida, a energia e empolgação em alta e a boa interação com o público como se esperava. Gratificante ver que uma banda veterana como o Scorpions ainda entrega um espetáculo decente aos fãs. Por quanto tempo? Isso não sabemos, mas por ora cabe apreciar.
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