Em uma live para o The Jasta Show, do vocalista do Hatebreed, Jamey Jasta, o guitarrista fundador do Anthrax, Scott Ian, comentou que não se opõe à ideia de uma turnê comemorativa da banda contando com os principais vocalistas que passaram por ela ao longo de 39 anos de carreira: Neil Turbin, Joey Belladonna e John Bush.
“Poderíamos?”, indagou Ian. “Se todo mundo estiver vivo, sim, a resposta seria que nós poderíamos. Mas – e é um enorme “mas” -, queremos? É mais uma pergunta a se fazer. Admito, esse pensamento passou pela cabeça ao longo da minha vida, essa ideia de imaginar fazer uma coisa retrospectiva na carreira. E, claro, é possível, mas eu não sei se é algo que – eu, pessoalmente, falando especificamente por mim, e por mais ninguém na banda ou por outros vocalistas que não estão mais nela – eu gostaria de fazer”, explicou.
Ian complementou: “Dependendo do cenário e como o fizermos, onde, talvez, digamos, você pode imaginar começarmos com Fistful (of Metal, álbum de 1984), fazendo um pequeno set dele, e, então, talvez não haja um intervalo, mas uma pausa com algum tipo de mudança de cenário. Talvez, na mudança de cenário, haja algum tipo de montagem em vídeo mostrando o que aconteceu entre Fistful… e (o segundo álbum) Spreading the Disease, caso essa filmagem existir. E, claro, poderia ser uma coisa inacreditável se fosse produzido corretamente e tudo funcionasse, e, do ponto de vista criativo, poderia ser algo incrível e tenho certeza que os fãs que pudessem assistir ficariam encantados. Não necessariamente vejo isso como algo que poderia ser feito como uma turnê. Isso soa como algo que você monta em um local e, talvez, faça vários shows em um teatro em algum lugar de Nova Iorque e depois mude para outra cidade e faça outros mais. Mas não é algo que você pode realizar (viajando) em um tourbus”.
O guitarrista disse mais: “Adoro a ideia, mas você sabe como é isso em bandas – nem sempre é o lance mais fácil, fazer as coisas acontecerem. É muita logística, muita gente. E há também a parte de mim que pensa, ‘tudo bem, por que vamos fazer isso?’. Certamente não é algo que aconteceria nos próximos anos, porque estamos compondo um novo álbum do Anthrax agora, que originalmente pensávamos que seria lançado no final deste ano, mas nem tanto por causa da pandemia, apenas sabíamos que não aconteceria até o próximo ano, por causa do ritmo em que estamos trabalhando”, explicou.
Sobre as novidades do Anthrax, Scott Ian ressaltou: “O ano que vem será o 40° aniversário da banda. Teremos um novo álbum lançado, e esse ciclo de turnê com certeza será de dois anos, com base em um disco e tudo mais. O que acontecerá depois disso? Quem sabe? Talvez no final desse ciclo de turnê tentaremos descobrir algo realmente especial e muito legal de se fazer, seja algo que estivéssemos conversando, seja algo diferente, não sei”.
Para concluir, Ian contou: “As pessoas perguntam o tempo todo: ‘Por que vocês não tocam músicas deste (álbum)? Por que não tocam músicas daquele (outro)?’. Tipo, as pessoas pensam que eu não quero tocar essas músicas. Eu amo todas as músicas. Não estou dizendo que todas as músicas que fizemos são ótimas ou algo assim, mas há muito material de Fistful… e certamente da época do John Bush que eu amo – amo muitas dessas músicas e, com certeza, adoraria tocá-las novamente, se isso responde a pergunta”.
Falando de cada vocalista, Neil Turbin cantou no álbum de estreia do Anthrax, Fistful of Metal. Em seguida, foi substituído por Joey Belladonna, que gravou os álbuns Spreading the Disease (1985), o clássico Among the Living (1987), State of Euphoria (1988) e Persistence of Time (1990), além de vários EPs. Ao deixar a banda, Belladonna cedeu o posto para o, até então, ex-Armored Saint John Bush, que esteve presente nos álbuns Sound of White Noise (1993), Stomp 442 (1995), Volume 8: The Threat is Real (1998), We’ve Come For You All (2003) e o de regravações The Greater of Two Evils (2004). Depois desse último álbum, Bush deixou a banda e Belladonna reassumiu seu posto. Em sua nova passagem pela banda, Belladonna gravou os álbuns Worship Music (2011) e For All Kings (2016).
Entre 2007 e 2009, o Anthrax chegou a contar com o desconhecido Dan Nelson como vocalista. Porém, Nelson não chegou a gravar nenhum álbum com a banda, embora tenha participado como co-autor de oito músicas de Worship Music. Nelson saiu de forma polêmica do Anthrax, trocando farpas com a banda através da imprensa. No fim das contas, Dan Nelson processou o Anthrax por calúnia, difamação e apropriação indevida de direitos autorais. Segundo o cantor, seus antigos colegas causaram danos irreparáveis à sua imagem e reputação. Além disso, a banda teria utilizado material composto por ele em Worship Music sem lhe dar os devidos créditos.
Recentemente, o baterista Charlie Benante revelou que o Anthrax já tem de seis a sete músicas para o novo álbum, que será o terceiro do grupo desde o retorno de Joey Belladonna.