Demorou, mas, finalmente, o tão aguardado “Sepultura Endurance” estará em cartaz nos cinemas brasileiros no próximo dia 15 de junho. Mas na manhã desta segunda-feira, 21 de maio, alguns poucos fãs sortudos do Sepultura e a imprensa tiveram a oportunidade de conferir, em primeira mão, o que será exibido no circuito comercial de salas do Brasil a partir da pré-estreia, que vai acontecer na véspera do lançamento do filme/documentário, que teve sua première mundial, realizada no último dia 21 de maio, em Los Angeles, Califórnia.
Essa exclusiva aconteceu em São Paulo, através de uma parceria entre o site AdoroCinema e a distribuidora O2 Play. A imprensa assistiu ao filme na confortável cabine do Cinépolis JK. Já os fãs, na Arena Webedia (ou Arena AdoroCinema), que se localiza nas mesmas redondezas do bairro da Vila Olímpia.
Sob a direção do cineasta Otávio Juliano – o mesmo de “A Árvore da Música” (2009) -, que passou sete anos acompanhando e registrando todos os passos do Sepultura, seguindo turnês que passaram por diversos continentes e coletando mais de 800 horas de material, “Sepultura Endurance” conta, em pouco menos de duas horas, muito da história do grupo e da importância e influência que essa instituição da música brasileira exerce na cena mundial, através de depoimentos da própria banda, de músicos brasileiros como o ex-guitarrista Jairo Guedz, João Gordo (Ratos de Porão) e Vladimir Korg (Chakal), e internacionais como David Ellefson (Megadeth), Scott Ian (Anthrax), Phil Campbell (Motörhead), Lars Ulrich (Metallica), Phil Anselmo (ex-Pantera) e Corey Taylor (Slipknot / Stone Sour), do ex-empresário Todd Singerman, do jornalista Serginho Groisman, do ex-produtor Ross Robinson e de outras pessoas ilustres. Além disso, o guitarrista Andreas Kisser e o baixista Paulo Jr. mostram locais importantes na história da banda, como, por exemplo, a histórica loja e gravadora mineira Cogumelo, que foi quem lançou os clássicos primeiros discos do Sepultura e também de outros nomes icônicos do metal nacional.
Entre outras coisas, o documentário também exibe muitas gravações raras de arquivo pessoal, como, por exemplo, os dias em que Andreas, Paulo e os irmãos Max e Iggor Cavalera passaram gravando no Mato Grosso com a tribo Xavantes, na aldeia Pimentel Barbosa. É impossível não se emocionar com as cenas em que o lado humano dos músicos é exposto. A amizade, os problemas da vida longe dos familiares e dos amigos, a pressão externa, como a que o vocalista Derrick Green teve que enfrentar quando entrou na banda, tendo que passar por cima da resistência que havia até mesmo de pessoas ligadas a antiga gravadora… Enfim, tudo isso e muito mais é revelado.
Apesar de “Sepultura Endurance” não seguir uma ordem cronológica dos fatos, tudo foi muito bem amarrado. Quanto á celebração dos mais de 30 de carreira do Sepultura, ela foi abrilhantada com partes do show histórico que o grupo realizou em São Paulo em 2015, na Audio Club.
Após a exibição do filme, a imprensa foi levada até a Arena Webedia para uma entrevista coletiva com Andreas Kisser, Derrick Green, Paulo Jr. e Eloy Casagrande, que aconteceu após coquetel. Devido a problemas de atraso com o vôo, Otávio Juliano e a produtora executiva do filme, Luciana Ferraz, da Interface Filmes, ficaram impossibilitados de participarem da coletiva. Porém, dias antes, através de comunicado, o diretor afirmou que sua intenção foi “acompanhar a composição das canções, a vida da banda na estrada e a incrível marca de fazer mais de 100 shows por ano em países do mundo todo e, acima de tudo, entender como sobreviver como banda por mais de 30 anos”.
Antes de a banda começar a responder as perguntas, o representante da O2 Play, Igor Kupstas, ressaltou a importância e a dificuldade que é colocar no mercado cinematográfico brasileiro um filme sobre heavy metal, mas elogiou o fato de o do Sepultura estar sendo bem aceito.
Entre várias coisas que foram perguntadas, Andreas contou à ROADIE CREW que a banda não teve interferência no roteiro do filme: “o roteiro não é nosso, não fomos nós que o pensamos”, afirmou. “O Otávio começou a participar do dia a dia da banda e aos poucos o roteiro foi se formando. A nossa história é algo que já estava escrito, e toda a responsabilidade de mostrá-la através do filme tem a ver com o Otávio Juliano, que tinha a missão de captar com seu talento essa história incrível de uma banda do Brasil, que conquistou muito fora do país e que continua nesse ritmo intenso de turnê/disco novo/gravadora… Essa era a nossa intenção: mostrar o momento presente da banda e o porquê de a gente estar aqui ainda. Mudou vocalista, baterista, gravadora; era vinil, depois virou CD e depois download; era metal, depois glam, depois grunge… E a gente está aqui ainda, tocando. E esse era o desafio, sintetizar tudo isso nesse filme”, explicou.
Analisando de maneira geral, o guitarrista resumiu o conceito de “Sepultura Endurance”: “(…) não está faltando nada, vamos dizer assim… É uma mensagem simples, é o que a gente é. Em tudo quanto é lugar que a gente vai, tocamos com paixão, é um privilégio ser músico de uma banda como o Sepultura, de tocar pelo mundo e representar o Brasil de alguma forma, e acho que o filme vai mostrar isso pro público. E não é só para o Brasil, muita gente de fora está interessada em ver essa história. De maneira muito positiva, o filme realmente vai mostrar que a gente está aqui de verdade, que não estamos dependendo de passado – apesar de respeitá-lo -, que estamos vivendo o presente de uma forma muito intensa e curtindo muito esse momento”, finalizou.
A pré-estreia de “Sepultura Endurence” está sendo divulgada como “Sepultura Day” e está marcada para acontecer em 34 cidades, tendo como atrativo a apresentação de duas músicas do show de 30 anos na Audio Club, que serão exibidas após os créditos finais do filme. Os ingressos estão a venda através do site: www.cinetks.com.br/sepultura. Paralelo ao filme, o Sepultura segue divulgando seu aclamado novo álbum, “Machine Messiah”.
Confira abaixo o trailer de “Sepultura Endurance”
