No dia 5 de setembro de 2023, Dave Mustaine usou as redes sociais do Megadeth para anunciar que Kiko Loureiro estava se afastando temporariamente do Megadeth por urgência familiar. Na postagem, o líder do Megadeth abriu espaço para que o guitarrista também falasse aos fãs. O brasileiro alegou estar se afastando provisoriamente da turnê “Crush the World Tour” porque precisava estar próximo dos (três) filhos. No entanto, o que antes era noticiado como temporário, se tornou a saída definitiva de Loureiro. Foram oito anos de banda e dois discos lançados, Dystopia (2016) e The Sick, The Dying… And the Dead! (2022). Passados todos esses meses, em recente entrevista ao podcast Sem Filtro, apresentado pelo crítico musical Regis Tadeu, pelo produtor e empresário Paulo Baron e pelo músico Lobão, Kiko Loureiro admitiu que além da necessidade de estar próximo da família, outros motivos também influenciaram sua decisão de deixar a banda.
O guitarrista começou dizendo sobre o momento em que percebeu que seu ciclo já havia se encerrado na banda, e se queixou de não haver uma movimentação para um próximo álbum de estúdio:
“A liberdade de você poder fazer o que quer fazer é o mais importante. Você faz parte de uma engrenagem. Todos ali (fazem parte de uma engrenagem). (…) É uma engrenagem das corporações maiores, que têm as bandas maiores, os artistas maiores, e o Megadeth está ali no meio e você é parte dali. Eu fiquei um tempão, foi legal demais, aprendi um monte de coisa, viajei o mundo, fiz tudo, e teve uma hora que eu achei que (eu) não precisava mais, porque não tinha uma expectativa de ter um álbum novo. Assim, como artista, compositor e (por) gostar de criar, eu não via nada acontecendo. Não tinha ninguém me impedindo de fazer um álbum solo também – que eu fiz durante o Megadeth (N.R.: Kiko se refere ao álbum Open Source, de 2020), mas tem o lance da minha família, filhos, eu estava sentindo que eu estava muito longe de casa, já tinha feito muitos anos dessa vida e achei que já tinha sido o suficiente”.
Loureiro prosseguiu dizendo: “Eu vi como funciona, vivi aquilo, legal demais, mas você começa a ver que vai ser (tudo igual) de novo: você vai tocar pela terceira vez em Nashville; quinta turnê… Eu estava conversando com o Zakk Wylde sobre isso.”.
Além do cansaço do ciclo de turnê e a distância da família, Kiko se mostrou decepcionado com o fato de que, apesar de ter colaborado na composição de mais de dez músicas em seu período de Megadeth, pouco de seu material vinha sendo aproveitado nos shows.
“Eu tenho três composições no Dystopia, (álbum) que ganhou um Grammy, e tenho oito das treze do The Sick, The Dying… And the Dead!. Foi muito legal participar disso, (mas) se (Dave Mustaine) tivesse dito assim, ‘Daqui a um ano a gente vai fazer um outro (álbum)…’, talvez eu tivesse me animado um pouco mais, mas a questão é turnê, turnê, turnê, e aí você toca (apenas) uma música ou duas que você participou. Na realidade, você está sempre tocando (músicas) da história da banda, o que faz parte, porque é o que é. Eu estou com 52 anos, e você fala: ‘Cara, e nos próximos dez anos, o que que eu quero fazer?’. Eu tenho essa possibilidade, essa liberdade de poder pensar: ‘Eu quero tocar essas mesmas 15 músicas, 20 músicas, que eu já toquei nos últimos oito anos, que alguém tocou, que alguém fez, nos meus próximos 10 anos, ou eu quero me desafiar em outras coisas?”, concluiu o guitarrista.
Assista a entrevista completa de Kiko Loureiro:
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