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SEVEN7’H SEAL / HEAVIEST / KING OF BONES

Existem casas de shows que insistem em não dar espaço ou não abrir agenda em seus dias de maior movimento às bandas autorais – ao contrário do que fazem com as que prestam tributo, que são sempre beneficiadas nesse sentido. Porém, existem algumas poucas, como o Gillan’s Inn English Rock Bar, por exemplo, que merecem os cumprimentos por darem a cara a tapa e seguirem na contramão dessa tendência. Tudo bem que essa discrepância de oportunidades se deve ao fato de que a maioria das casas opta pelas bandas ‘cover’, devido ao o retorno financeiro ser maior, na maior parte das vezes. Mas sabe aquele ditado que diz: ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’? Pois bem, o Gillan’s o segue à risca e comprova a veracidade dessa expressão popular tendo suas mesas sempre cheias, mesmo com sua agenda de final de semana sendo preenchida por bandas autorais.

No primeiro sábado do mês de dezembro não foi diferente e um bom público compareceu ao Gillan’s, não só para saborear suas bebidas, seus lanches e suas porções, mas, principalmente, para prestigiar três emergentes bandas da capital: King Of Bones, Heaviest e Seven7’h Seal – ainda que o clima continuasse sendo de comoção em relação ao trágico acidente aéreo que aconteceu na Colômbia dias antes, vitimando fatalmente 71 das 77 pessoas à bordo do Avro RJ85, entre elas, tripulantes, jornalistas e a equipe de futebol catarinense, Associação Chapecoense de Futebol, incluindo jogadores, diretoria e comissão técnica. Ao menos durante as horas em que todos passaram dentro do Gillan’s, o clima foi de descontração.

Apesar de o cronograma informar que a primeira banda entraria no palco às 23h, o King Of Bones começou seu set somente quando faltavam quinze minutos para a meia-noite. Após breve introdução mecânica, o grupo deu início com “No Way Out”, música que faz parte de seu segundo álbum, “Don’t Mess With The King”, que havia acabado de ser lançado. Para emoção de todos, o telão superior ao fundo do palco, que mostrava a capa do novo álbum da banda, continha o distintivo da Chapecoense e o nome de um amigo próximo do grupo, que também havia falecido na semana.

O King Of Bones estava retornando de uma excursão feita na Argentina, por onde mostrou seu Hard’n’Heavy de alto nível, e nesse show em específico, parecia estar com sangue nos olhos, já que tocou com uma pegada ainda mais nervosa do que nos shows que realizou meses antes, nos festivais “Rock Na Porta” e “Rock Na Casa 3”.

Contando com boa qualidade de som, a banda mandou na sequência o carro-chefe de “Don’t Mess…”, “Hold Me Closer”, que recentemente ganhou videoclipe. Na primeira pausa, o vocalista Júlio Federici e o baterista Renato Nassif foram bastante aplaudidos quando disseram que o show inteiro estava sendo dedicado aos falecidos mencionados. A terceira música do set que o King Of Bones tocou foi a conhecida “Find Your Salvation”, que faz parte do ‘debut’ “We Are The Law” (2012). O ‘punch’ dos riffs pesados de Renê Matela e da cozinha formada por Nassif e pelo baixista Rafael Vítor socavam o peito do público durante as novas “Walking On The Edge”, “Wherever You Are” e a ‘hardona’ “Dry Your Eyes On Me” (com bons vocais de apoio), por exemplo. Embora, particularmente, eu tenha achado que a mais legal tenha sido “Black Angel”, música do novo álbum, que tem um quê de Blue Murder (banda do guitarrista John Sykes – Whitesnake/Thin Lizzy), um cowbell que lhe garante charme e que contou com a participação do guitarrista do King Bird Sílvio Lopes, a que levantou mesmo os fãs da banda foi “We Are The Law”, segunda e última do ‘debut’ a ser executada. Nessa apresentação de cinquenta minutos, o King Of Bones deixou claro que retornou da Argentina ainda mais afiado e entrosado.

Outro que retornava de mini-turnê pelas terras de “nuestros hermanos”, o Heaviest, surgiu no palco quarenta minutos após a despedida da primeira atração, para divulgar seu álbum de estreia, o bem recebido por público e crítica, “Nowhere” (2015). Guto Mantesso e Márcio Eidt (guitarras), Renato Dias (baixo) e Vito Montanaro (bateria) entraram detonando com a pesada “Buried Alive”. O respeitado vocalista Mário Pastore entrou por último e arrancou aplausos. Sem dar tempo para a plateia tomar fôlego, o grupo emendou com “Crawling Back”. Outra porrada! Antes da próxima, o carismático Pastore salientou que era a primeira vez que o Heaviest pisava no palco do novo Gillan’s (a casa havia mudado de endereço há alguns meses), elogiou o público que era formado, inclusive, por músicos de outras bandas como, Attractha, King Bird, Miss Pepper e Fúria Inc., e vibrou: “É maravilho ter isso. O Metal nacional precisa exatamente disso, de todos indo pra cima!” Aí então o ‘frontman’ anunciou “Resurrection”, música que tem um ‘groove’ diferente, onde Dias manda ver nos ‘slaps’.

O Heaviest é uma banda que conta não somente com o talento vocal de Pastore, que continua mandando bem, com timbres fortes e agudos, capazes de fazer frente a nomes como Geoff Tate e Bruce Dickinson, mas também com uma dupla de guitarristas eficiente e entrosada, que sabe aliar a melodia dos solos com o peso dos riffs, e uma cozinha encorpada, a qual Renato Dias se destaca não só por seus arranjos de baixo – como em “Time”, música a qual ele faz uso de pedal ‘wah-wah’ -, como também por sua performance de palco. Pena que ele sofreu pra tentar resolver o problema de intermitência que começou a rolar com o som de seu baixo a partir da emocional “Finding A Way”. Mas a banda seguiu empolgando o público com mais músicas de “Nowhere”, como “Land Of Sin” e, principalmente, a ótima “Decisions” e a faixa homônima de seu disco, ambas conhecidas por seus respectivos videoclipes, bem como o cover do Iron Maiden para o hino “2 Minutes To Midnight”. “Betrayed”, com alguns riffs que remetiam ao Pantera, deu números finais a mais essa grande apresentação que, infelizmente, não contou com a participação do vocalista das bandas Age Of Artemis, HeavyPop e Khallice e ator dos musicais “Jesus Cristo Superstar” e “We Will Rock You”, Alírio Netto, que não pôde estar presente.

Não demorou muito para que a última atração da noite, o Seven7’h Seal, desse as caras às 2h20 da manhã, tocando uma trinca formada por “Beyond The Sun”, “Back To The Game” e “Souless Reality”, a mesma que marca o início de seu terceiro e mais recente álbum, “Mechanical Souls” (2014). Para essa apresentação, o quinteto formado pelos experientes Leandro Caçoilo (vocal), Tiago Oliveira (Warrel Dane/Addicted To Pain) e Tiago Claro (guitarras), Fábio Carito (baixo – Warrel Dane/Addicted To Pain/Instincted/Suprema/Shadowside) e Marcos Dotta (bateria – Warrel Dane/Addicted To Pain/Hatematter/Thram) preparou um repertório que era praticamente baseado em “Mechanical Souls”, já que de seu segundo álbum, “Days Of Insanity” (2007), tocou apenas a música “Pleasure Of Sin” – que veio a seguir -, enquanto que de seu ‘debut’ “Premonition” (2001), nada foi tocado. Infelizmente, boa parte do público já havia se retirado do local quando a banda começou a tocar e isso é algo que geralmente acontece nos eventos realizados no Gillan’s, por conta deles começam tarde – fica a dica para que a questão dos horários seja repensada, principalmente porque de madrugada não há transporte público na região.

Um dos pontos altos da apresentação do Seven7’h Seal fez com que o público vibrasse. Foi quando o grupo tocou o seu tradicional cover para a clássica “Balls To The Wall” – sem descaracterizá-la -, da lendária banda alemã Accept. Ao vivo os músicos do Seven7’h Seal executam seu Heavy Metal técnico demonstrando a mesma destreza com os instrumentos do que em estúdio, mas vale destacar o trabalho individual de Dotta, concentrado atrás do seu kit, o baterista chama atenção principalmente pelo trabalho desenvolvido com os bumbos. Apesar de ter sido o show mais curto da noite (40 minutos) e de alguns problemas no som das guitarras ficarem evidentes ao público, o Seven7’h Seal fez uma apresentação correta.

Apesar de a semana ter sido de comiseração no mundo todo devido a lamentável notícia do mencionado desastre aéreo e de no dia seguinte ao evento no Gillan’s Inn English Rock Bar a cidade de São Paulo ter recebido o Black Sabbath, que veio se despedir em definitivo do público paulistano, fato que arrastou muita gente para o Estádio Cícero Pompeu de Toledo – o popular Morumbi -, mesmo com ingressos vendidos à preços exorbitantes, o bar não sofreu com a escassez de público. Quem compareceu ao Gillan’s e ficou até o final, pôde assistir a três boas apresentações de três grandes representantes do Metal nacional atual e sair de lá com o astral um pouco mais elevado.

SEVENTH SEAL – Setlist:
1-     Beyond The Sun
2-     Back To The Game
3-     Souless Reality
4-     Pleasure Of Sin
5-     Balls To The Wall (Cover do Accept)
6-     Dreams Of Green
7-     Mechanical Souls
8-     Virtual Ego
9-     Dark Chant

HEAVIEST – Setlist:
1-     Buried Alive
2-     Crawling Back
3-     Resurrection
4-     Land Of Sin
5-     Time
6-     Decisions
7-     Finding A Way
8-     2 Minutes To Midnight (Cover do Iron Maiden)
9-     Nowhere
10-  Betrayed

KING OF BONES – Setlist:
1-     Intro / No Way Out
2-     Hold Me Closer
3-     Find Your Salvation
4-     Walking On The Edge
5-     No More Lies
6-     Black Angel
7-     Dry Your Eyes On Me
8-     Wherever You Are
9-     Point Of No Return
10-  We Are The Law

 

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