No ano de 2007, a empresária e esposa de Ozzy Osbourne, Sharon Osbourne, lançou um livro de memórias intitulado Sharon Osbourne Extreme: My Autobiography, o qual vendeu mais de 2 milhões de cópias. Em um dos capítulos do livro, Sharon revela que ela e Ozzy teriam feito um trato de que caso algum deles sofressem no futuro de demência, eles procurariam a organização Dignitas, localizada próxima à Zurique, na Suíça, em busca das tratativas para morte assistida, procedimento esse que é legalizado no país desde a década de 1940. Esse assunto foi rediscutido entre Sharon e seus filhos, Jack e Kelly Osbourne, no recém-lançado novo episódio de seu podcast. Sharon foi perguntada por Jack se essa ideia “ainda é um plano”. A resposta veio com outra pergunta: “Você acha que vamos sofrer?” . Jack replicou a pergunta: “Já não estamos todos sofrendo?”. E a resposta de sua mãe foi: “Sim, todos estamos, mas não quero que doa também. Sofrimento mental é dor suficiente sem o físico. Então, se você tem (dor) mental e física, até mais!”. Por sua vez, Kelly quis saber: “Mas e se você pudesse sobreviver?”. Sharon foi dura, porém objetiva em sua resposta: “Sim, e se você sobreviveu e não consegue limpar a própria bunda, está mijando em todo lugar, cagando, não consegue comer…”.
No mesmo ano do lançamento do livro de Sharon, foi relatado que o motivo de Ozzy ter concordado com o pacto foi porque Don Arden, seu sogro, sofre muito quando passou a conviver com Alzheimer. Sharon afirmou na época que ela e o marido tomaram a decisão no início daquele ano, depois que seu pai, ex-empresário de bandas de heavy metal, perdeu a luta para a doença, morrendo aos 81 anos em julho de 2007. Sharon alegou naquele período que, “Acreditamos 100% na eutanásia, por isso elaboramos planos para ir ao apartamento de suicídio assistido na Suíça se tivermos alguma doença que afete nossos cérebros. Se Ozzy ou eu tivéssemos Alzheimer, é isso – estaríamos fora. Reunimos as crianças em torno da mesa da cozinha, dissemos nossos desejos e todos concordaram. Não tem como eu passar pelo que (meu pai) passou, ou envolver meus filhos nisso. Meu pai se deteriorou à uma velocidade tão rápida que se tornou uma concha de si mesmo. Alguns dizem que a doença é hereditária, então, ao primeiro sinal, quero ser eliminada de sofrimento”.
Em 2014, o Madman voltou a falar sobre o assunto e explicou ao The Mirror que o pacto suicida dele e de sua esposa havia sido estendido para cobrir qualquer condição com risco de vida, não apenas a demência, mas também a doença de Alzheimer, por exemplo. Disse ele na ocasião: “Se eu não posso viver minha vida do jeito que estou vivendo agora – e não quero dizer financeiramente -, então é isso… (ir para a Suíça). Se eu não consigo me levantar e ir ao banheiro e tenho tubos na bunda e um edema na garganta, então eu disse à Sharon: ‘Desligue a máquina’, se eu tive um derrame e fiquei paralisado, não quero estar aqui. Eu fiz um testamento e tudo vai para Sharon se eu morrer antes dela, então, em última análise, tudo vai para as crianças”.
Como a Suíça lida com o suicídio assistido
A legislação suíça permite o suicídio assistido desde que não seja por “motivos egoístas”. O assunto é controverso e gera discussões em muitos países. O serviço de saúde britânico, NHS, por exemplo, define friamente o suicídio assistido como um ato de deliberadamente ajudar outra pessoa a se matar. “Se um familiar de uma pessoa com doença terminal obteve sedativos fortes, sabendo que a pessoa pretendia usá-los para se matar, o parente pode ser considerado um auxiliar do suicídio”. Tanto no Reino Unido quanto aqui mesmo no Brasil, suicídio assistido e eutanásia são práticas consideradas ilegais. O código penal brasileiro os define como crimes, e determina pena de 6 meses a 2 anos de prisão.
O trabalho da Dignitas
A Dignitas é uma organização suíça sem fins lucrativos. Ela fornece suicídio assistido por médico a pessoas com doença terminal ou doença física e mental consideradas graves, apoiada por médicos suíços independentes. Eles oferecem trabalho consultivo sobre cuidados paliativos, prevenção de tentativas de suicídio, diretivas de avanço de cuidados de saúde, além de legislação para leis de direito de morrer em todo o mundo.
Em que circunstâncias o suicídio assistido é permitido na Suíça
Como dito, as pessoas que decidem pelo suicídio assistido devem ter bom senso, de acordo com determinação da organização; ser elas mesmas capazes de provocar a morte, apresentar um pedido formal, incluindo uma carta explicando seu desejo de morrer e relatórios médicos mostrando diagnóstico e tentativa de tratamento. Para pessoas com doença psiquiátrica grave, um relatório médico detalhado preparado por um psiquiatra também é exigido por uma decisão da Suprema Corte suíça.